A BÍBLIA

1 - Quem escreveu a Bíblia
2 - A bíblia não mentiu!
3 – A diferença entre as bíblias
Como ler as citações biblicas


Como ler as citações bíblicas deste livrinho:
Lc 18,1-8: Evangelho de S. Lucas, capítulo 18, versículos 1 a 8.
Lc 18,1.8;19,1: Ev. de S. Lucas, capítulo 18, versículos 1 e 8 e capítulo 19,versículo 1.
Lc 18,1.3-8: Ev. De S. Lucas, capítulo 18, versículo1 e versículos 3 a 8.

Os evangélicos fazem diferente, comoeste exemplo: Lc18:1,3-8.

1 - Quem escreveu a Bíblia

     A Bíblia foi escrita durante séculos por muitas pessoas inspiradas por Deus. Essa escrituração teve início no tempo do rei Salomão, pelos escribas da corte, e terminou no primeiro século de nossa era, com a morte do último apóstolo, São João.

     A inspiração dada por Deus supõe a inteligência e o conhecimento próprios de quem escreve, ou seja, Deus não ditou a bíblia, mas a inspirou a tantas e tantas pessoas que escreveram, do modo que entenderam, com todos os limites de seus conhecimentos, o que Deus lhes inspirava.

     Antes que a bíblia fosse escrita, havia a tradição oral, ou seja, os fatos e ensinamentos eram decorados e passados de pai para filho, de vizinho para vizinho, de povo para povo.    

     A bíblia nada mais é do que uma pequena parte disso tudo que foi dito e ensinado. É por isso que a Igreja Católica segue não só a bíblia, mas também a tradição oral.

     O próprio S. João diz, no capítulo 21, versículo 25, que se fossem escritas todas as coisas que Jesus fez, o mundo todo não poderia conter os livros que seriam escritos. Só podemos ter, portanto,os ensinamentos completos, se olharmos ambas, tanto a bíblia como a tradição oral, conservadas pela Igreja. Se só seguirmos a bíblia, nosso seguimento vai ser incompleto, pois o mundo mudou muito e é preciso ouvirmos a interpretação que a Igreja dá para os atuais acontecimentos.

     Um exemplo de ensinamentos que tiramos não só da bíblia, mas também da tradição oral, é o que a Igreja ensina sobre Nossa Senhora. Quase tudo o que sabemos dela nos vem da tradição oral e não da bíblia. Lembremo-nos que a bíblia é uma pequena parte da tradição oral que foi escrita.


2 – A BÍBLIA NÃO MENTIU!

     Muitos ficam tão aborrecidos com essas diferenças entre o que a bíblia e a ciência dizem, que acabam não acreditando em mais nada, e até abandonam a religião. Não é bem assim. A bíblia não mentiu, não mente. Só que, como disse no primeiro capítulo, Deus inspirou a bíblia a pessoas limitadas no tempo e no espaço, que só tinham capacidade de expressar suas idéias através daquilo que sabiam, da geografia e da limitadíssima ciência do tempo.

     Além disso, o povo judeu não tinha pensamento filosófico como o povo grego. Seus pensadores, ao contrário dos gregos, não formulavam princípios filosóficos e conceitos, mas contavam histórias sobre o que queriam ensinar. Veja que o próprio Jesus seguiu esse tendência, ao ensinar mais por meio das parábolas, do que por frases feitas.

     A bíblia foi escrita como uma costureira que faz uma colcha de retalhos. Os escritores iram colocando os fatos como eram conhecidos oralmente. Alguns eram conhecidos de duas ou três formas diferentes, e aí esses escribas colocavam todas as versões do fato.

     Comparo, por exemplo, como seria um acidente automobilístico visto por um médico, um mecânico e um funileiro. Em casa, cada um contaria o tal acidente de forma diferente. Para termos uma ideia mais aproximada do que realmente teria ocorrido, precisaríamos ouvir a versão dos três! O médico saberia falar mais sobre o estado de saúde dos acidentados; o mecânico, sobre o motor e a parte mecênica do carro; o funileiro, sobre a lataria dele.

     Assim aconteceu com a bíblia. Havia dois relatos principais do início do mundo: um do século 11 antes de Cristo, e outro do século 7. O relato do século 11 corresponde aos capítulos 2, desde o versículo 4-b, até o final do capítulo 4. O relato do século 7 corresponde ao capítulo 1, até o versículo 4/a do capítulo 2, e depois pula para o capítulo 5.

     Alguns elementos da tradição do século 11 a.C. (cap. 2,4/b ao final do cap.4): O homem é criado fora do paraíso e depois colocado dentro por Deus, a mulher é criada de sua costela, ele é criado antes de todas as outras coisas, fizeram o pecado original, os primeiros filhos deles são Caim e Abel.

     Na tradição do século 7, o homem e a mulher são criados juntos, de uma vez só, já dentro do paraíso, por último. Tudo o mais foi criado antes deles. Não há menção do pecado original. Na continuação da história, que pula do capítulo 2 versículo 4-a ao capítulo 5, vemos que o primeiro filho de Adão e Eva foi SET, (Gênesis 5,3) cidades e outras pessoas. Só assim se explica o que ali diz, ou seja, que Caim foi para outra cidade e conheceu sua esposa...(Cap 4, 16-17). Segundo essa tradição, não houve o fruto proibido, e o homem e a mulher podiam desde que foram criados escolher entre o bem e o mal.

     Querem outro exemplo preocupante? Pois bem! Nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus, o sermão que Jesus diz é feio na montanha; Em Lucas 6,17-49 o mesmo sermão é feito na planície. Qual dos dois tem razão? Mais: a primeira bem-aventurança de Mateus é: “Felizes os pobres em espírito...”     

     A de Lucas é “Felizes os pobres...” (Mateus 5,3 e Lucas 6, 20). Afinal, Jesus falou “pobres em espírito” ou falou “pobres” apenas? Há muita diferença entre esses dois conceitos!

    Um outro exemplo ainda: na cruz, São Lucas diz que o ladrão da direita louvava Jesus pela sua inocência, e pediu a ele que o levasse para o seu reino. Em São Mateus, vemos que ambos os ladrões esbravejavam contra Jesus (confira em Lucas cap. 23, vers. 39 a 43 e Mateus 27,39 a 44). Qual dos dois está certo, Lucas ou Mateus?

     Nunca saberemos, mas a tradição ficou com o exemplo de Lucas, e até sabe o nome do bom ladrão, São Dimas. A tradição, aqui, superou a bíblia. Quanto à questão do sermão da montanha de Mateus ou da planície de Lucas, podemos entender das duas formas: Jesus é Deus (falou estando na montanha, como Deus falara a Moisés), mas também é homem (falou no mesmo nível que nós, estando na planície).


São felizes os pobres, desde que sejam também pobres em espírito e não só materialmente, e os que, podendo ser ricos, renunciam a essa possibilidade para doar-se aos demais, para partilhar com os outros sua riqueza, e aí se tornam pobres em espírito. Um rico que continue rico com tantas pessoas morrendo de fome, não é pobre em espírito, “nem aqui, nem na China”.
     Quanto ao problema comentado acima de Adão e Eva, só temos hipóteses. Ninguém sabe realmente o que ocorreu, e no que consistiu verdadeiramente o pecado original. Os fatos: Tudo o que existe foi criado por Deus, e o homem foi criado por Deus por intervenção direta, seja por meio da criação como consta na bíblia, seja por meio da evolução, adaptando-se, assim a teoria de Darwin.


 3 – A DIFERENÇA ENTRE AS BÍBLIAS.


    Entre as católicas e a tradução do João Ferreira de Almeida, a diferença é apenas a falta de sete livros nessa última; 1º E 2º Macabeus, Eclesiástico (não confunda com o Eclesiastes), Sabedoria, Baruc, Tobias, Judite e os complementos gregos de Ester e Daniel. Ou seja: a bíblia católica tem 73 livros e a protestante, 66. Esses livros, na verdade, foram tirados da bíblia no ano 100 de nossa era, por alguns judeus reunidos para esse motivo. O critério usado por eles foi tirar do cânon da bíblia todos os livros escritos em grego e depois do ano 400 antes de Cristo, depois de Esdras. Essa tradução pode ser lida sem medo algum pelos católicos.

     Entre essas duas bíblias (as católicas e a tradução do João Ferreira de Almeida) e algumas outras traduções, como a usada pelos Testemunhas de Jeová, há muitas diferenças estruturais, muito graves, que devem ser consideradas se forem lidas. Por exemplo, esses trechos, modificados, dão a entender que Jesus Cristo não é Deus, o que muda completamente nossa fé na Santíssima Trindade.

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