MINHA FÉ 02- A ORAÇÃO

2- A ORAÇÃO

Acredito firmemente no poder da oração em nossa vida. Sem ela é impossível amar a Deus, a si mesmo e ao próximo. Sem a oração somos nada, como diz a Dei Verbum 36: “Sem Deus, a criatura se reduz a nada”.

Creio também que devemos dar pelo mínimo o dízimo de oração a Deus, do dia todo, ou seja, duas horas e vinte e quatro minutos, ou “arredondar” para três horas. Sem esse tempo mínimo diário, vamos ter problemas em nosso caminho.

Entendo a oração não apenas como palavras ditas a Deus. Essas três horas podem ser espalhadas em nosso dia, também por meio da contemplação sem palavras e de comunhão com ele em nossos atos diários.

Santo Agostinho diz que Deus sabe do que precisamos, mas quer que lhe peçamos insistentemente a fim de que assumamos em nossa vida aquilo que lhe estamos pedindo.

Eu gosto de entremear a oração vocal com a mental e a contemplação, se bem que a contemplação é algo muito difícil. Sempre tenho que me esforçar para praticar a contemplação.

Se você tiver dificuldade de rezar por um tempo maior, divida a oração em tempos menores, mais curtos, um pouco por vez, de modo que o dia seja “regado” pelas nossas orações. É, aliás, o que os monges orientais até hoje fazem.

Não aprecio e não pratico as orações gritadas, ou com voz alterada, teatralizada, em outras línguas.

Sou mais pela oração silenciosa, tranquila, “pacífica”, a oração do deserto, como diz Lucas 9,18: “Estando Jesus rezando a sós, seus discípulos estavam com ele”. Ora, então Jesus tinha se isolado daqueles que o rodeavam, mostrando-nos que é possível nos isolarmos em qualquer ambiente em que estejamos, quer seja ele silencioso, quer barulhento. Isso é muito importante para os dias de hoje, em que se faz cada vez mais difícil os locais silenciosos.

Em Oseias 2,16-17, Deus diz: “Vou levá-la ao deserto e aí falar-lhe ao coração”. Gosto também de Lamentação 3,26: “É bom buscar em silêncio a salvação do Senhor”. Ainda em Sofonias 1,1-7: “Silêncio diante do Senhor”! Em 1ª Reis 19,9.11-16, Deus vem a Elias não no furacão, nem na tempestade, nem no fogo, mas na brisa suave.

O Beato Irmão Carlos de Foucauld diz: “É necessário passar pelo deserto e aí se demorar, para receber a graça de Deus; é aí que se esvazia completamente esta pequena morada de nossa alma, para deixar o lugar inteiramente só para Deus”. (em “Um pensamento para cada dia”, dia 21 de março).

Gosto muito da espiritualidade do deserto ensinada e praticada pelo Irmão Carlos de Foucauld. É como diz o título de um livro de D. Helder Câmara: “O deserto é fértil”.

Outro trecho de que gosto muito é Sabedoria 18,14-15: ”Quando o silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua palavra onipotente lançou-se, guerreiro inexorável, do trono real dos céus para o meio de uma terra de extermínio”.

A Bíblia de Jerusalém lembra que esse trecho se refere à morte dos primogênitos do Egito, e que não deve ser aplicado à Encarnação de Jesus, como o faz a liturgia, mas à sua segunda vinda. Eu, pessoalmente, medito esse texto no foco do silêncio necessário para nossa comunhão com Deus, silêncio esse tão fecundo e imprescindível para que Jesus venha a nós.

Acredito também que a oração deve provir de alguém que luta contra as tentações. Não tem sentido que uma pessoa reze sem se preocupar com sua vida de cristão, a não ser que esteja em fase de conversão, por exemplo. Mas... na realidade, nós sempre estamos em fase de conversão. A conversão deve ser uma obra permanente em nossa vida. A oração move a ação de Deus para que a pessoa deixe o pecado. Se alguém reza, mas tem dificuldade de abandonar algum mau hábito, se persistir na oração Deus vai providenciar algum acontecimento na vida da pessoa para que ela deixe o tal mau hábito. O segredo de tudo é PERSEVERANÇA. NUNCA DESANIMAR!

O Beato Carlos de Foucauld, quando quis buscar a verdade, ainda não tendo deixado sua vida de orgias e ainda descrente, dizia esta oração: “Senhor, se existis, fazei com que eu acredite em vós”! Ele conseguiu essa graça, e desde que começou a acreditar na presença de Deus em sua vida, dedicou-se plenamente a ele.

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