C.R. - 23 - OS SACRAMENTOS


23- OS SACRAMENTOS

Apenas um resumo. Para um estudo melhor, veja neste blog mesmo a matéria mais extensa.

O QUE SÃO OS SACRAMENTOS?

O sacramento é um sinal visível que mostra a graça invisível de Deus. Foram instituídos por Jesus Cristo. A água do Batismo, por exemplo, indica perdão, purificação, vida. O óleo do Crisma simboliza a força do Espírito Santo. O anel, no casamento, simboliza o vínculo entre os nubentes. Na Unção dos Enfermos, o óleo simboliza a cura e o conforto. Na Eucaristia o pão e o vinho, que são alimentos, lembram que o Corpo e o Sangue de Jesus é o alimento por excelência de nossa vida.

Os sacramentos não dependem da santidade do ministro, mas sim, da sinceridade da boa disposição de quem os recebe. Mesmo que o ministro daquele sacramento esteja em pecado grave, se a pessoa que o recebe está sendo sincera, vai receber a graça ministrada por aquele sacramento.

Leonardo Boff conta que em sua casa havia uma caneca de alumínio ou de lata usada por toda a família. Essa caneca sempre foi preservada, pois era um sacramento, um símbolo de tudo de bom e de ruim que aconteceu naquela família.

Ele estava na Alemanha, estudando, quando recebeu, na carta de sua mãe, um toco de cigarro. Jogou-o fora, por pensar ser uma brincadeira, até que soube, ao ler a carta, que se tratava do último cigarro fumado por seu pai, que, enquanto o fumava após a refeição, caíra atacado por um ataque fulminante. Mais do que imediatamente ele pegou e conservou como relíquia aquele toco de cigarro, pois no caso, era um “sacramento” de tantas coisas boas e não tão boas passadas com seu pai.

Os sacramentos são isso: um sinal, um símbolo, de nosso encontro amoroso com Deus, na pessoa de Jesus. Jesus é o ministro do sacramento, pois o padre apenas lhe empresta a voz, o corpo e a pessoa. Por pior que seja o padre, naquele momento Jesus toma posse dele e se coloca em seu lugar. Quando o padre diz, na missa: “Este é o meu Corpo, Este é o meu Sangue”, na verdade, não é o padre, mas o próprio Jesus é quem está dizendo isso, como disse na Santa Ceia.

O BATISMO

É o “banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo”. Pelo Batismo somos libertados da mancha original e, se adultos, somos perdoados de todos os pecados. Nós o recebemos uma só vez na vida, e por ele nos tornamos filhos adotivos de Deus e membros da Igreja, Corpo Místico de Cristo, e nos permite a Salvação Eterna.

Quando um evangélico ou protestante se ”converte” ao catolicismo, não o batizamos novamente, pois acreditamos ser o batismo apenas um. O padre pode, por garantia, batizá-lo “sob condição”, ou seja, ao jogar a água em sua cabeça, dizer: “Fulano, se você ainda não estiver batizado, eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A Igreja Católica e algumas Igrejas reformadas, assim como a Presbiteriana, batizam crianças, porque a circuncisão, que foi substituída pelo batismo, era feita no oitavo dia de nascimento e inseria o menino, como o Batismo, no povo de Deus. Quem diz que o Batismo substituiu a circuncisão é o próprio Paulo Apóstolo, em Rom 2,29; Colossenses 2,11-12.

Na bíblia não fala explicitamente no batismo de crianças, mas dá a entender: em Atos 10,1.14.44-48 subentende que os filhos de Cornélio também foram batizados. O mesmo acontece em Atos 16,14-25 com os filhos de Lídia, de Filipos, em Atos 16,31-33 com os filhos do carcereiro de Filipos, em Atos 18, 8 com os filhos de Crispo, de Corinto, e em 1Cor 1,16, com os filhos de Estéfanas.

Textos:  Mt 28,19-20; Marcos 16,16; 1,9-11; Atos 2,38; Deut 10,16/Jer 4,4.

A CRISMA

Na verdade, faz parte do sacramento do Batismo: seria como que um só sacramento, ministrado em duas etapas: a primeira quando criança e a segunda quando adolescente, como o Bar-Mitzvá dos judeus (se quiser, veja o artigo sobre o B. M. de Jesus nas “historinhas”, nos nossos sites e no nosso  blog “meus pobres rascunhos”). A Crisma é, portanto, uma confirmação do Batismo.

A Crisma dá ao adolescente ou adulto que a está recebendo a força para ser atuante na comunidade e no mundo como profeta, como Isaías, Jeremias, Elias etc. No Batismo, o Espírito Santo é dado como “vida” e luz. Aqui, como “força”.

Os dons do Espírito Santo recebidos na Crisma são:
Temor de Deus – levar Deus a sério;

Piedade – gostar de rezar e de ajudar;

Ciência – conhecer-se a si mesmo e a Deus;

Fortaleza -  não ter medo de nada, a não ser de pecar;

Conselho – fazer a vontade de Deus e aconselhar isso aos demais;

Entendimento -  inteligência para entender os caminhos de Deus;

Sabedoria – para saber escolher o caminho do bem e evitar o pecado.

Textos: Atos 2,1-13; João 20,22-23; 16,13-14; 3,5-8; Atos 19,2-7.

A EUCARISTIA

É o sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, conhecido também como Missa e como Comunhão. É tornar presente, atual, aqui e agora, a Santa Ceia, o Sacrifício da Cruz e a Ressurreição do Senhor. É a Eterna e a Nova Aliança de Deus com seu povo, que somos nós. A palavra “Eucaristia” significa “Ação de Graças”.

Na Eucaristia, ou seja, na Santa Missa, pedimos perdão dos nossos pecados, ouvimos a Palavra de Deus, recebemos a orientação do padre ou dos nossos trabalhos e dons, simbolizados pelo pão e pelo vinho.

O celebrante, que no momento da Consagração, se torna o próprio Cristo, por mais pecados que tenha, repete as palavras que Ele pronunciou na Santa Ceia “Isto é o meu Corpo... Isto é o meu Sangue.,.” e o pão e o vinho se tornam Corpo, Sangue, Alma e divindade de N. Sr. Jesus Cristo. Com a comunhão unimo-nos a Cristo e formamos com Ele um só corpo. Jesus está inteiro tanto no vinho como no pão consagrados.

O cristão comungante deve ser um sinal vivo da presença de Jesus Cristo no mundo. Recebendo Jesus dentro de si, se torna o perfume de Cristo, tanto para os que se salvam como para os que se perdem, como diz de modo tão bonito e profundo 2Cor 2,15.

Para isso, deve lutar contra o pecado, que tira o perfume e deixa no lugar o mau cheiro do maligno. A carta aos Hebreus 12,4 diz que essa luta contra o pecado deve ser feita até ao derramamento de sangue! Não é fácil para mim, nem para você, nem para ninguém, É por isso que devemos sempre pedir perdão e rezar muito para termos forças. Há muitos católicos que comungam sacrilegamente, em pecado grave.

Diz S. Paulo em 1Cor 11,23-3-: "Aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor”.

Em João 6, 36 Jesus fala que só entrará no céu quem receber o seu Corpo e seu Sangue. A ceia dos não católicos, salvo algumas exceções, é apenas um ato simbólico, mas quem lê a bíblia de modo sincero também comunga Jesus.

Textos: João cap 6 todo, 1Cor 11,21-32; Muitos trechos que falam da “fração do pão” referem-se à Eucaristia, como em  Atos 2,42; 20,11; 1Cor 10,16.

PENITÊNCIA OU CONFISSÃO

É para perdão dos pecados graves cometidos após o Batismo. Consiste em confessar os pecados a um padre, sabendo que, naquele momento, não é o padre, mas o próprio Cristo que está ali. Quando o padre diz: “Eu te absolvo dos teus pecados...”, é Jesus quem está dizendo isso a você.

É terminantemente proibido, sob pena de suspensão de ordens e até de excomunhão, um padre contar a quem quer que seja os pecados que ouviu em confissão. Ele não pode falar deles nem a quem os confessou!

Todos os pecados são perdoáveis a quem pedir perdão, exceto os pecados contra o Espírito Santo. Na verdade, o pecado contra o Espírito Santo é não querer ser perdoado, ou achar que o pecado é tão grande que não tem perdão, ou ter vergonha ou orgulho e por isso não pedir perdão dele a Deus.

Devemos confessar ao padre só os pecados graves. Os pecados leves são perdoados com o nosso ato de contrição sincero, orações, penitências, atos de misericórdia, de piedade etc.

Foi Jesus quem pediu que os apóstolos os que eles iriam consagrar perdoassem os pecados do povo. Isso você encontra em Mt 16,18-19; Mt 18,18; João 20,22-23; Tiago 5,14-15 (diz que o doente fica perdoado de seus pecados com a unção com óleo feita pelo presbítero, que é o padre).

O arrependimento é um dom de Deus. Quando pedimos perdão dos pecados, devemos também pedir a Deus que nos dê a graça do arrependimento. Mesmo que não sintamos naturalmente um arrependimento profundo pelos pecados cometidos, eles poderão ser perdoados se nos comprometermos a não pecar mais. Se uma pessoa morre sem esse arrependimento profundo, vai para o Purgatório até se purificar, pois na “Cidade Celeste” “Coisa alguma imunda entra” (Apoc 21,27).

Quer um exemplo de como nem sempre nos arrependemos, apesar de prometermos não pecar mais? Pois bem. O Paulinho roubou frutas do pomar do vizinho. Sua mãe soube e lhe corrigiu; o Paulinho compreendeu que era uma coisa errada fazer aquilo e prometeu não mais roubar frutas do vizinho; mas não conseguiu se arrepender de ter feito aquilo: o prazer que sentiu ao comer a fruta fora muito grande!

A UNÇÃO DOS ENFERMOS

É o sacramento ministrado aos doentes, a fim de que se curem ou, se não têm cura, pelo menos que sintam conforto, esperança e paz. Não se chama mais como antigamente “Extrema-Unção”, porque pode ser dado mesmo a doentes que não estão assim tão graves. É, na verdade, um sacramento de cura, e não um tipo de oração para que o doente possa morrer, como muitas pessoas pensam.

Está baseada em Tiago 5,14-15: “Está alguém enfermo entre vós? Chame os presbíteros da Igreja para que rezem sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração feita com fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará. E se tiver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados”. Quem é ungido com esse sacramento sente muita paz e acaba toda sua angústia causada pela doença. Muitas e muitas vezes recebe a cura, quando isso for da vontade de Deus.

Além desse trecho acima de Tiago, há vários outros que falam  sobre os doentes:

Mc 6,13; Mt 4,23; 10,8; Lc 4,18; 9,1-2; 10,9; Atos 10,38; 14,9; 1Cor 12,28.30

ORDEM
É o sacramento pelo qual o cristão leigo solteiro ou viúvo, que pelo Batismo recebeu o sacerdócio comum dos fiéis, recebe o sacerdócio ministerial. A característica do sacramento da Ordem é a imposição das mãos.

Há três graus do sacramento da Ordem:

1-O DIACONATO para os que querem ser diáconos. Podem ser ordenados diáconos também os homens casados, mas não podem se tornar sacerdotes, a não ser que se tornem viúvos. Aliás, se viuvarem não podem casar-se novamente, a não se que renunciem ao diaconato. Todos os que se dirigem ao sacerdócio devem primeiramente ser ordenados diáconos.  

2-O PRESBITERATO para os diáconos que desejam ser padres. Só são aceitos os diáconos solteiros.

3-O EPISCOPADO para os padres que são escolhidos para serem bispos. Os bispos são como que “descendentes” dos Apóstolos e o Papa é como que o “descendente” de S. Pedro. Apesar de pecadores, eles representam Jesus aqui na Terra, assim como os sacerdotes quando celebram os sacramentos.

Os diáconos, padres e bispos devem ser servidores do povo, e não aqueles que devem ser servidos. Devem estar sempre disponíveis para qualquer ajuda, tanto material quanto espiritual. Devem ser homens de Deus, dedicados à oração. Para isso, como todos somos pecadores, devem sempre se confessar e procurar a conversão todos os dias da vida. O Papa, para dar o exemplo, se confessa uma vez a cada oito dias. Ele tem um confessor próprio.

Os padres católicos que são do rito Oriental podem ser casados. No Cairo há o rito oriental Copta, mas na maioria, os padres de lá eram solteiros. Havia poucos padres casados.

O MATRIMÔNIO

É a união do homem e da mulher na Igreja Católica. Eles se tornam, pelo sacramento, um só corpo, numa vida conjugal em que os dois se comprometem permanecer unidos até à morte de um dos dois, o que não é nada fácil, principalmente nos dias tresloucados de hoje.

Eles formam uma família e se esmeram na educação dos filhos. É a Igreja doméstica, para a santificação de todos.

O sacramento do matrimônio encerra em si um simbolismo mais alto, que é a união de Cristo (=o noivo) com sua Igreja (=a noiva). Os ministros do matrimônio são os próprios noivos e não o padre. Isso traz algumas consequências, como a de que qualquer pessoa autorizada pelo bispo local, pode presidir validamente o matrimônio, mesmo sem a presença do padre ou do diácono.

A outra consequência é a de que muitos casamentos são inválidos ou mesmo nulos, quando houve a má fé ou outro problema por parte de um dos nubentes. Esses casos são resolvidos pelo Tribunal Eclesiástico da Diocese ou da Província Eclesiástica. Por exemplo: se o noivo é obrigado a casar com a noiva porque “aprontou” com ela, o casamento é inválido e ele pode pedir a declaração de nulidade para o Tribunal. 

Outro caso: se o noivo usava drogas e nunca falou isso para a noiva, provavelmente o casamento é nulo e a noiva pode pedir no Tribunal uma declaração de nulidade para casar-se validamente com um outro, mesmo na Igreja. Essa matéria é extensa e não dá para explicar com mais detalhes neste espaço.

Quanto à limitação da natalidade, também é um assunto muito denso. Eu resumo alertando que a Igreja só aceita a limitação por métodos naturais, pois o casamento tem como objetivo principal a prole.



Textos sobre o matrimônio: Mt 19,4-6; Gn 1,27-28; 2,18-24; 19,3-9; Mc 10,2-12; Lc 16,18; Rom 7,2-3; 1Cor 7,10-11; 7, 2-7; Ef 5, 21-33; Colos 3,18-19; 1Pd 3,1-7 – Nesses trechos todos, leve em conta que os costumes da época eram muito diferentes dos nossos, principalmente entre os judeus, e nem tudo pode ser levado ao pé da letra. É preciso adaptar às circunstâncias atuais. 

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