O BAR-MITZVÁ DE JESUS

O Bar-Mitzvá é uma cerimônia judaica que, de certa forma, corresponde ao nosso Crisma:
o adolescente é recebido oficialmente no templo e passa a ser responsável pelo que faz, assumindo a sua participação no Povo de Deus, que fora feita com a circuncisão. No nosso caso, essa participação é concretizada pelo batismo e confirmada pela Crisma, aos 14 anos. O Bar-Mitzvá é feito atualmente aos 13 anos. Desse dia em diante, o adolescente podia ler os textos bíblicos no templo e ser ouvido pelos doutores. Antes disso era considerado criança e não tinha valor algum na sociedade judaica. Não era ouvido e não podia conversar com as autoridades religiosas: só tinha a oportunidade de aprender em casa e na sinagoga, mas sem dar opinião alguma. 



Após uma preparação, são recebidos solenemente no templo e leem um trecho da Torá. Jesus deve também ter cantado um salmo. Deve ter sido maravilhoso o canto que Jesus fez do salmo. Qual salmo terá ele lido? Se fosse o salmo 118(119), teria cantado, com sua voz maravilhosa, pura, cristalina: “Felizes os puros em seu caminho, que caminham na lei do Senhor”. Os anjos, decerto, o acompanharam, emocionados, com o coral celeste. 



Em http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro1/l1cap22.php nós vemos como era o Bar-Mitzvá: 



“Um menino que completa o seu décimo-terceiro aniversário é um Bar Mitzvá - literalmente, um homem do dever. Desse dia em diante, conforme a tradição judaica, é ele responsável por seus próprios atos e por todos os deveres religiosos de um homem. No sábado posterior ao décimo-terceiro aniversário de um menino judeu, ele é chamado ao altar da sinagoga para ler a Torá . O jovem repete a bênção, depois que um trecho da Torá é lido, e recita a lição dos Profetas, denominada Haftará”. 


“A palavra Torá tem dois sentidos na tradição judaica. No sentido lato, é a Torá o nosso modo de viver, ou, conforme disse Milton Steinberg, “Toda a vastidão e variedade da tradição judaica”. É sinônimo de ciência, sabedoria, amor a Deus. Sem ela, a vida não tem sentido nem valor.” 

“Em senso mais estrito, a Torá é o mais reverenciado e sagrado objeto do ritual judaico, o belo rolo manuscrito dos Cinco Livros de Moisés (a Bíblia, do Gênesis até o Deuteronômio) que se conserva na Arca da Sinagoga. Uma parte da Torá, iniciando-se com o livro do Gênesis, é lida em voz alta todo sábado durante o culto, logo a partir dos Grandes Dias Santos, prosseguindo até o fim do ano judaico, até que tenha sido lida. O fiel mantém-se de pé quando a Torá é retirada da Arca. Um judeu piedoso beija a Torá colocando seu xale de orações sobre o pergaminho (assim os dedos não tocam o rolo) e erguendo então aos lábios as franjas do xale.” 

Na ala das mulheres, Maria chorava de emoção. José, na ala dos homens, não chorava, para não escandalizar os demais, mas também estava emocionado. A emoção que se irradiou pelo templo não era deste mundo. Suplantava a tudo o que tinham visto até então. Aquele canto, aquele instante, nunca mais iriam se repetir naquele templo. Dificilmente alguém conseguiria superá-lo. 

A cerimônia havia sido realizada em Jerusalém. Quando terminou, houve uma festa, após a qual todos voltaram para casa. A caravana de Nazaré não era muito grande, mas os pais de Jesus estavam acostumados que ele ficasse com outras famílias, e não deram falta dele. Os homens caminhavam separadamente das mulheres. Maria pensava talvez que ele estivesse com José, e vice-versa. Em sua idade, Jesus ainda podia escolher ficar com o pai ou com a mãe. 

Jesus ficara em Jerusalém, conversando com os doutores do templo, já durante a festa, de modo que ninguém dera falta dele. Era a sua primeira oportunidade de fazer isso e não ia deixar passar em branco. Antes do Bar-Mitzvá isso não lhe era permitido, como já disse acima. As crianças são contadas como nada entre os judeus. Aliás, isso foi uma das coisas que escandalizaram os judeus na pessoa de Jesus, quando ele abraçava as crianças e lhes ouvia. Isso era impensável para um mestre, como Jesus era considerado. 

Todos os que estavam na Sinagoga se haviam impressionado com o canto que Jesus fizera dos primeiros versículos do salmo e ficaram felizes de tê-lo ali com eles. Ele e os demais que ficaram, os que frequentavam a escola do templo, dormiram num local reservado para os alunos e logo de manhã já estavam com os doutores da lei. Jesus ouvia tudo com atenção, mas suas perguntas mais pareciam respostas dando soluções a todo aquele emaranhado de 613 leis que eram obrigados a seguir. 

O tempo passou rápido e no terceiro dia a aula foi interrompida pelos pais de Jesus, que pediram para falar com ele. Sua mãe o abraçou, chorando, e disse: 

“Filho, por que procedeste assim conosco? Teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição!” 

A resposta dada por Jesus não foi entendida nem pelos pais nem por ninguém: 

“Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de meu Pai?” 

“Nas coisas de meu Pai”. Que pai? - perguntavam-se os que ali estavam. José estava ali mesmo! Era marceneiro e carpinteiro! Mas não perceberam que Jesus cuidava, sim, das coisas de seu Pai querido do Céu, Pai esse que com todo o poder que tem, não o livrou da morte de Cruz. Fazer isso seria truncar e negar a nossa salvação... Por isso, não interferia. E Jesus voltou com os pais para Nazaré e, nas orações que fez durante a caminhada, percebeu que deveria por enquanto submeter-se plenamente a José e Maria. Foi o que fez. Quanto a José e Maria, conservavam e meditavam tudo isso em seus corações. 

Deus não interfere em nossas vidas se não lhe dermos abertura. Diz o missal comentando isso, que deve haver pelo menos um pequeno “orifício” em nosso coração para que Deus possa agir. Ele respeita a nossa liberdade como ninguém mais. Quando lhe damos abertura, recebemos inúmeras graças para levar nossa vida de modo menos sufocante, até que possamos ser atendidos de modo mais pleno e gratificante. 

Jesus é 100% homem e 100% Deus, mas como homem precisou aprender tudo como nós. Ele não “ensinava” aos doutores, como muitos dizem, mas os ouvia e perguntava coisas a eles, querendo assim aprender tudo o que pudesse. 

JESUS ADOLESCENTE 

Agora um texto sobre o que poderia ter acontecido com Jesus adolescente: 

Quando já morava em Nazaré, um dos amigos de José foi visitá-lo e seu filho de 12 anos, quase mesma idade de Jesus, que tinha 10, foi também. Ele sabia de cor muitas leis, preceitos e orações judaicas. O rapaz que fora com o pai à casa de Jesus não era muito de praticar a religião, pois seu pai era pagão e apenas sua mãe frequentava o templo, num lugar reservado aos casados com pagãos. Ele ia às vezes e se encontrava com Jesus na saída, de seis a dez garotos que voltavam juntos, comentando o que tinham ouvido. 

Entretanto, todos se calavam ao ouvir a versão de Jesus do que tinha sido dito: era sempre algo diferente, maravilhoso, vindo não se sabe de onde. Brotavam do coração de um Deus feito homem. Eram ideias muito, muito além daquele tempo. 

Jesus gostava muito de repetir a parte da lei que dizia “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração...” etc. Jesus vivia ali, mas não estava só ali: o lugar onde estavam parecia embutido num local mais extenso e mais profundo. Jesus estava com os demais, mas parecia imergido num mundo muito mais bonito, muito mais feliz que aquele. 

Mais tarde muitos descobriram, porém, que aquele mundo diferente e maravilhoso estava em seu santo e puro coração. É dali, de seu coração, que brotavam luzes de um novo tempo e de uma nova vida, brotada do amor santo, puro e verdadeiro. E seus felizardos amiguinhos abriam a mente e os corações para verem se recebiam um pouco, pelo menos, daquela sabedoria, amor e santidade. Mas tudo isso era barrado pelos olhos pobres e materialistas daquelas pessoas que com ele conviviam. 

Naquele dia em que o amigo de José foi visitá-lo, seu filho ficou à frente da casa com Jesus, conversando, quando Maria levou-lhes dois pães para comerem. Era a hora do lanche. Apareceu, então, um rapaz leproso, ao longe, tocando aquela horrível sineta para lembrar a todos que não deviam aproximar-se. Todos se afastaram, mesmo o amigo de Jesus. Ele, não. Ficou ali até o rapaz chegar perto. Entregou o seu pedaço de pão ao mendigo, com um sorriso. O rapaz fitou-o e a nuvem de angústia que o cobria desapareceu. O sorriso se esboçou e acabou por tomar conta de sua face. Não se curara exteriormente, mas sua vida acabara de tomar um novo rumo, uma nova feição. 

Maravilhado ao ver a mudança estonteante obtida por esse simples ato e esse simples olhar, o amigo de Jesus quedou-se em sua insignificância e preconizou: 

“Algum dia esse rapaz será curado!”. 

Imediatamente adiantou-se e também deu o seu pedaço de pão não ao leproso, mas a Jesus, para que lho entregasse. Ele sorriu e o agradeceu, e entregou o pão ao mendigo. O rapaz leproso colou-se ao chão e não queria mais sair dali, não queria mais se afastar daquela presença extasiante. Jesus, porém, percebendo que ainda não podia fazer mais nada, disse-lhe: “Vai em paz!” Só então o outro saiu. Mas enquanto podia, voltava-se para olhar Jesus de longe, até perder-se de vista. 

Foi por esses tempos, aos dez anos de Jesus aproximadamente, que Arquelau, que governava despoticamente aquela região, destruiu uma cidade distante 8 km de Nazaré, Séforis. Eu presumo que muitos sobreviventes (muitos ficaram escravos) tenham fugido para Nazaré e com toda a certeza foram hospedados por José, Jesus e Maria. 

Devido a esse e a outros maus governantes, Jesus viu muita violência entre os 3 e 12 anos de idade, conforme nos ensina o Frei Carlos Mesters em seu livro “Com Jesus na Contramão”. É engano nosso achar que Jesus viveu sempre em ambiente tranquilo e pacífico. A infância dele foi marcada pela violência desses déspotas que governavam. A maldade de Arquelau era tanta que logo depois da destruição que ele causou em Séforis, foi deposto pelo governo romano. 

Essa violência poderia ter sido, de fato, constatada por ele nessas migrações de pessoas que conseguiam escapar do morticínio ou da escravidão a que eram submetidos nessas cidades circunvizinhas a Nazaré. Consta que duas mil pessoas foram crucificadas em Séforis quando da destruição da cidade. 

Quanto a Nazaré, era tão pequena que fora da bíblia não se fala dela. Seus moradores, e José e Jesus estão incluídos nisso, trabalhavam na pequena agricultura. José e seu filho Jesus trabalhavam também na carpintaria: eram camponeses e operários. Jesus ficou, pois, trinta anos trabalhando como camponês e operário e apenas três anos pregando o evangelho, utilizando-se de todo esse conhecimento obtido nessa sua vida de Nazaré.

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