MARIA E O MAGNIFICAT

 Maria vivia uma vida de fé. Não era rodeada por anjos, nem os via. Em todas as vezes que algo acontece, como no presépio ao receber os pastores (Lc 2,19); como na apresentação de Jesus no templo (Lc 2,51), Maria “guardava todas essas coisas” no coração, pois entendia tudo não por revelação direta, mas PELA FÉ.
Ela ouvia e captava a vontade de Deus nesses acontecimentos do dia a dia. Não vinha nenhum anjo lhe explicar tudo o que estava acontecendo tim-tim por tim-tim. É o próprio Lucas, ao contar a anunciação do anjo, que menciona o fato de Maria ir assimilando e guardando no coração esses acontecimentos maravilhosos e estranhos da vida de Jesus. Isso significa que Maria não tinha uma revelação direta de Deus mas, como todos nós, pela fé pura e simples.

MINHA ALMA GLORIFICA O SENHOR
Lucas 1,39-56
Maria foi visitar sua prima Isabel e com ela ficou por três meses, até que João Batista nascesse e fosse circuncidado.
Já de início, ao encontrar-se com Maria, Isabel lhe disse: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”
Senhor , “Kyrios” é a palavra que traduz do hebraico para o grego o nome “Iahweh” e “Adonai”, ou seja, é Jesus Ressuscitado, que Lucas admite já em vida, é o próprio Deus. Nesse trecho, portanto, Isabel está chamando Maria Mãe de Deus!
Depois diz, com alegria, aquele magnífico canto: “Minh'alma glorifica o Senhor, meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso realizou grandes obras em meu favor”.
Quando Deus nos consola e nos anima com a sua Graça, quer que façamos o mesmo com os outros, que talvez ainda não se abriram suficientemente para com ele. É que nos diz, por exemplo, S. Paulo em 2 Cor 1,3-5>
“O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da misericórdia e Deus de toda consolação, nos consola, em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, através da consolação que nós mesmos recebemos de Deus”.
Maria foi consolada e plenificada com a Graça de Deus, como em Lucas 1,28: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!”
O termo “cheia de graça”, em grego, kekaritoméne, significa que Maria não está com um pouco ou com uma parte da graça, mas com a graça total e plena!
Sendo assim, mais do que ninguém ela pode nos confortar, nos consolar em nossas angústias e desamparo. Maria está de tal modo colocada em posto de honra, que dificilmente lhe será negado algum pedido. Quando ela pede algo por nós, já fez a seleção do que realmente pode ou não pode nos ajudar. Se nós não recebermos a graça, não é porque ela não foi atendida, mas sim, porque aquela graça talvez se tornaria nossa desgraça.
Como diz um autor, quando pedimos algo ao Pai, pedimos “por vosso Filho Jesus Cristo”. Quando Maria pede alguma coisa ao Pai, pede “por nosso Filho Jesus Cristo”. Esse “nosso” faz toda a diferença!
Para que tenhamos a mesma graça que Maria teve, temos, como ela, que nos esvaziar de nós mesmos, deixando definitiva e completamente o pecado: “Deus olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1,48).
Talvez nunca cheguemos a receber de Deus todas as graças que Maria teve, não porque Deus não nos queira dar, mas porque dificilmente conseguiremos nos esvaziar de nós mesmos como Maria se esvaziou.
Há, porém, certas graças que alguns recebem que nem Maria recebeu. O sacerdócio, por exemplo. Na Consagração da Missa, o padre faz algo que nem a Maria foi dado fazer: transformar o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Cristo. É o que São João Maria Vianney disse acertadamente: “Deus fez o mundo do nada; o sacerdote, de um pedaço de pão e de um pouco de vinho, faz o próprio Deus”.
Por isso Maria disse, em algumas de suas aparições, que ama os sacerdotes como seus filhos prediletos. É que, na hora da consagração, os padres, mesmo com pecados, ficam sendo, “in persona Christi”, o próprio Jesus, seu Filho, por alguns instantes. Como não haverá de amá-los de modo especial? E, por outro lado, como ela deve ficar decepcionada quando o sacerdote consagra o Corpo e o Sangue de Cristo em pecado! Acho que até Jesus, mesmo se colocando na pessoa daquele sacerdote, naquele sagrado e maravilhoso momento, não se sente à vontade, vendo um coração em pecado.
Entretanto, todos nós somos “outros Cristos”, se levarmos em conta o que Jesus disse: “Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizerem isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram!” (em referência à misericórdia). (Mt 25,40). E o que eu disse para os padres, digo aos leigos: comungar em pecado tem a mesma função que o sacerdote que consagra em pecado: Jesus entra no corpo da pessoa, mas a contragosto. Sem nenhum benefício para a pessoa, enquanto não resolver recomeçar a vida.
Maria nos ama como a filhos queridos. E ela quer que todos nós estejamos no céu, um dia, com seu querido Filho.
NAS BODAS DE CANÁ
Muitas pessoas ficam horrorizadas quando sabem que, a pedido de Maria, Jesus fez seiscentos (600) litros de vinho, vinho como o nosso, com álcool, fermentado. O vinho sem álcool foi inventado recentemente, no século 20.
Maria foi à festa com Jesus e seus discípulos (João 2,1-12). Faltando vinho, para vergonha dos pais dos noivos (a festa de casamento durava vários dias), Maria sentiu muita pena deles.
A festa, o vinho, mostram a alegria que nos traz o Reino de Deus, e é um sinal forte da vida alegre e feliz que viveremos na vida eterna.
A tristeza exagerada, a “carranca”, são coisas que podem ser vencidas. Não deveríamos ficar tristes, amargurados, pois sempre teremos a força, o ânimo, e a alegria de Jesus e Maria.
Nas bodas, ela viu o problema tão grande que aquilo ia causar, disse aquelas palavras maravilhosas que se destacam até hoje na basílica nacional de Aparecida: “Façam tudo o que ele disser” (João 2,5). Quem se diz devoto de Maria deve cumprir o que ela pediu nas bodas de Caná, ou seja, fazermos tudo o que Jesus disser.
Quanto bebermos ou não vinho ou outras bebidas alcoólicas, digo que a bebida não é um mal em si, como também uma faca não o é, mas pode matar. O mal se instala quando a pessoa não consegue beber de modo equilibrado.
Estar com Jesus é estar radiante de alegria, é estar feliz por tê-lo como Caminho, Verdade, Vida. Se estivermos com Jesus, nunca estaremos no último lugar. Como poderemos estar no último lugar, se estivermos em Sua companhia? Ele já esteve, mas não mais está no último lugar.
Diz Santa Teresinha (num texto de uma sua biógrafa, Mônica): “A alegria não está nos objetos, mas no mais íntimo do coração. Podemos senti-la tanto num palácio como numa prisão”.
Se procurarmos fazer tudo o que Jesus disse, estaremos com Ele e nunca haverá problema insuperável em nossa vida. Se pecarmos, pedirmos logo perdão, como diz S. João na primeira carta, e recomeçarmos nossa vida sem nenhum temor. Colocados à mercê de Deus, seremos sempre felizes, a alegria nunca nos faltará, mesmo se estivermos doentes ou com outros problemas. É Jesus quem nos prometeu isso!



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