APÓS A MORTE




Após nossa morte, na verdade só mudamos de dimensão: saímos do tempo e do espaço para entrarmos numa dimensão diferente, desconhecida para nós, mas que sabemos que existe, se temos fé.


Após a morte continuamos plenamente conscientes. Dizer que entramos num sono profundo é modo de dizer. Muitas religiões não católicas acreditam que só vamos acordar no Juízo Final. Não é verdade. Na bíblia vemos muitos trechos que confirmam nossa consciência pós-morte. Lucas 23, 42-43, por exemplo, diz que Jesus falou ao bom ladrão: “ Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” Hoje, disse Jesus. Quer dizer que Jesus ressuscitou, na verdade, no mesmo dia em que morreu, na sexta-feira santa! E que o ladrão convertido foi com ele. 

Em Lucas 16,19-21, Jesus conta a história do rico e do mendigo Lázaro, em que os dois morres e ficam bem acordados depois da morte, um no inferno e outro no céu, ao lado de Abraão, que também está acordado. Jesus não é mentiroso. Se não fosse desse modo, ele nunca teria dado um exemplo como esse! Diz João 14,2: “Na casa do meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vô-los teria dito. Vou preparar-vos o lugar”. Jesus só deu exemplos de realidades que existem, se não desse mesmo jeito, de maneira parecida. 

Nesse trecho vemos também que Jesus disse “moradas”, e não outra coisa. Para ficar dormindo, para que dizer “moradas”? Se fôssemos ficar dormindo até o Juízo Final, Jesus iria talvez nos preparar “camas”, e não moradas. 

Se você ler o trecho da transfiguração do Senhor, verá que Moisés e Elias, que apareceram com Jesus, estavam bem acordados! É só conferir em Mateus 17,2. 

Logo que morremos, nos conscientizamos se somos ou não dignos de entrarmos no céu. Se tivermos alguma pendência, ou se não estivermos preparados ainda, nós nos dirigimos ao Purgatório, e só sairemos de lá quando estivermos puros, preparados para o paraíso. Diz o Apocalipse 21,27: “Coisa algum imunda entrará na Cidade Celeste”. É como quando alguém está com os sapatos sujos e precisa entrar numa sala limpíssima: não tem coragem de entrar. Vai tirar os sapatos, ou limpá-los, e só então entrará na tal sala. É assim que funciona. Ao morrermos, nos tornamos totalmente sinceros. 

Os que rejeitaram a Deus aqui na terra, não suportam olhar para Ele depois de mortos e fogem de sua presença, e vamos dizer assim, “se escondem” de Deus no inferno. Não vão ao Purgatório porque sabem que de lá sairão um dia para entrarem na luz eterna. Quem rejeita a Deus, rejeita a luz. Deus não manda ninguém para o inferno. Quem vai para lá, vai espontaneamente. 

Na Bíblia vemos vários trechos sobre o céu, inferno, purgatório. O céu e o inferno são mostrados claramente, mas o purgatório é mostrado nas entrelinhas. Leia e observe:

1ª Pedro 3,19: “Cristo foi pregar aos espíritos em prisão”, ou seja, no purgatório. Mateus 5,25, diz que podemos ser postos na prisão e de lá não sairemos até pagarmos o último centavo. Ora, na prisão ninguém paga nada. A menção é simbólica e se refere ao purgatório, que pode ser iniciado já nesta vida com o sofrimento oferecido a Deus em reparação pelos pecados, pela caridade, pela oração, pela penitência, pelo perdão. 

Mateus 12,32 diz assim: “Se alguém pecar contra o Espírito Santo isso não lhe será perdoado nem neste mundo, nem no outro”. Isso sugere que só o pecado contra o Espírito Santo, que consiste em não aceitar o perdão, ou não querer ser perdoado, ou achar que Deus nunca o perdoará, só esse pecado não pode ser perdoado no outro mundo. Isto significa que os demais pecados podem ser perdoados no outro mundo! Aliás, é o que Jesus foi fazer lá onde estavam os mortos, esperando sua ressurreição, no texto lido acima da 1Pedro 3,19. 

O purgatório é justamente essa oportunidade que temos de nos purificar, se ainda não estivermos purificados ou plenamente arrependidos de nossos pecados, embora tenhamos conseguido não cometê-los mais. Acontece, muitas vezes, de não praticarmos mais certos pecados, mas não sentirmos um arrependimento sincero no coração. O propósito de não pecar mais nos livra do inferno, mas, se não estivermos plenamente arrependidos, não nos livra do purgatório.

Um trecho muito claro sobre esse assunto é 1ª Coríntios 3,11-16, que nos diz que muitos serão salvos “como que através do fogo”, simbolicamente o purgatório, porque não construíram sua casa com material bom, indestrutível, como o ouro e a prata: construíram-na com palha, ou seja, deixaram a desejar em seus propósitos de uma vida nova, sem pecados. Quanto ao céu e ao inferno, todos conhecem muitos textos que falam sobre eles e não há muita dúvida a respeito. 

Sobre a oração pelos mortos, podem, sim, serem feitas. Se prestarmos atenção veremos que o próprio Jesus rezou pelos mortos. Duvida? Então leia João 11,32-44; Lucas 7,11-15; Marcos 5,35-43! Nesses textos, Jesus ora ao Pai e em seguida ressuscita Lázaro, a menina e o filho da viúva de Naim. Em Atos 20,7-12 e cap. 9,36-41, tanto S. Paulo como S. Pedro também oram por duas pessoas mortas, que ressuscitam. 

Veja bem: quando Jesus ou os dois apóstolos acima ressuscitaram essas pessoas, elas estavam mortas e eles, assim, estavam rezando pelos mortos! Se elas ressuscitaram, ganharam uma segunda chance de se salvarem. Se isso foi possível a eles, por que não a todos nós? Deus não faz acepção de pessoas (Deuteronômio 10,17, Lucas 20,21; Romanos 2,11; Efésios 6,9 etc). Por esses motivos, nós também podemos rezar pelas pessoas falecidas, pedindo a Deus que as perdoe dos pecados cometidos. 

Esse pedido de perdão pelos pecados cometidos por pessoas falecidas pode ser visto no livro de 1º Macabeus 12,42-45 e, de certa forma, em 1º Samuel 31,11-13, em que os habitantes de Jabes jejuaram por 7 dias por Saul e os seus filhos, mortos em combate, assim como em 2º Samuel 1,12; cap. 3,35. Jejuaram por quê, se não acreditavam que isso poderia ajudar na salvação dessas pessoas? Também vemos em Gênesis 50,10, que “José celebrou por seu pai (falecido) um luto de sete dias”. Veja também Judite 16,24 e Eclesiástico 22,12. 

De D. Estêvão Bittencourt (faleceu em 14/04/2008)

A VIDA QUE A MORTE TRAZ


Vale a pena rezar pelos mortos se seu destino último já se realizou e se fixou?

A palavra destino é um tanto ambígua. Sim, que significa destino? – Destino frequentemente é entendido como uma força cega, neutra, que impele o Homem numa determinada direção, em vista de uma meta precisa. Destino lembra facilmente fatalismo, o contrário do que o Cristianismo chama “graça de Deus” e “liberdade do Homem” Devemos dizer que não existe destino, se entendemos como força cega que empurra fatalmente o Homem na sua caminhada terrestre. Deus nos concedeu a liberdade de arbítrio e a respeita; a própria graça de Deus não extingue a livre opção da criatura. Por isso, parece que seria melhor dizer na interrogação acima: “Vale a pena rezar pelo mortos, se já chegaram a seu último termo e nele se fixaram?”

Termo, no caso, seria a etapa final. Nossa vida, de fato, é uma caminhada ou peregrinação. Nela há várias fases com seus termos finais, e há o Grande Termo, o último, que é o encontro com Deus ao partirmos deste mundo.

Uma só vez pelas estradas da vida

Muito acertadamente, a pergunta acima supõe que a morte nos estabiliza em nossa opção final ou nos fixa no termo último da nossa existência. Diz o autor da epístola aos Hebreus: “Esta determinado que os homens morram uma só vez, depois vem o julgamento” (Hb 9,27). Passamos uma só vez pelas estradas desta vida, com todas as graças de Deus para nos santificarmos; Ele nos acompanha carinhosamente até o nosso último instante da nossa peregrinação. Conta-se até um caso muito interessante a propósito: certa vez, uma viúva foi procurar São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, e disse que estava muito triste, porque seu marido se suicidara, atirando-se da ponte para o fundo de um rio. Que lhe respondeu o Santo? 

“Minha senhora, entre a ponte e a água do rio, há um intervalo”. Com isso, o Cura d’Ars queria lembrar à senhora que, mesmo depois de ter executado o suicídio, restou ao marido um pouco de tempo antes de morrer; e nesse pouco de tempo podia o suicida ter aceito a graça de Deus, que não lhe faltou para que se arrependesse. Por conseguinte, o cristão não se preocupa com a pretensa exiguidade de uma só passagem pela Terra para converter-se. É uma passagem muito rica de graças desde o começo até o último instante. O Pai, que nos entregou por nós o seu Filho pregado à Cruz, reservou-nos todos os subsídios necessários para que não somente nos salvemos, mas para que nos santifiquemos durante nossos anos de vida na Terra.

Última purificação

Dito isso, acrescentamos o seguinte: as pessoas que morrem em estado de graça ou com o amor de Deus em seu coração, podem ainda estar marcadas por pequenas incoerências: podem amar a Deus sinceramente, mas cometer a fraqueza de responder mal ou indelicadamente ao irmão... Se alguém morre em tais condições, o que acontece? 

É certo que Deus não rejeitará quem diante d’Ele comparece em estado de graça ou sem pecado grave; mas o fato de tal pessoa ainda levar pequenas faltas ou incoerências, impede que veja a Deus face a face. Essa pessoa tem que se purificar das chamadas “escórias do pecado”; tem que repudiar o apego ao chamado “pecadinho” (que nunca é desprezível); tem que fortalecer seu amor a Deus para que ele queime qualquer resquício de amor próprio ou amor desordenado ainda existente nessa alma. Ora, isso se faz no purgatório póstumo. É certo que deveríamos nos purificar-nos das escórias todas do pecado antes de morrer (esta vida terrestre é a fase normal de nossa purificação); mas, se isso não acontece no presente, terá que ser feito após a morte. Tal é a noção de purgatório, que, como vemos, é muito lógica; ninguém pode ver Deus face a face se ainda é portador da mínima sombra de pecado. Aliás, diz-se muito bem: a alma, logo depois da morte, ao reconhecer sua autêntica realidade, ela mesma deseja o purgatório ou deseja libertar-se das escórias do pecado.


No purgatório não há fogo nem treva, mas há o arrependimento profundo provocado pelo amor de Deus, que suscita o repúdio radical a todo tipo de leviandade ou contradição.

Agora se coloca, bem a propósito, a pergunta: por que então rezar pelas almas do purgatório, se a sua sorte póstuma já está definida? – Eis a reposta: não pedimos que essas almas mudem de opção, não pedimos que aqueles que morreram avessos a Deus convertam-se depois da morte (isso seria impossível), mas pedimos que aqueles que morreram no amor de Deus ainda imperfeito, acabem de se purificar dos resquícios do pecado. Pedimos que o amor a Deus, ainda fraco ou tíbio, se fortaleça para eliminar qualquer desordem existente na alma. Tal é o sentido da nossa oração pelos defuntos; supomos que precisem dessa nossa ajuda. Aliás, Deus, que nos fez solidários entre nós na vida presente, não permite que a morte interrompa essa solidariedade. Ele quer que rezemos pelos nossos irmãos falecidos como nós rezamos pelas pessoas vivas na Terra. Só Deus sabe qual a sorte póstuma do defuntos; se determinada alma já não precisa de orações, o Pai faz que nossas preces beneficiem outras almas. 

O melhor modo de sufragar as almas do purgatório é a celebração da Santa Missa. Esta é a perpetuação do sacrifício de Cristo ou a reapresentação da oferta do Calvário, que Cristo nos deixou para que com Ele possamos oferecer ao Pai nossa vida e nossas intenções, obtendo, assim, as graças de que necessitamos ou de que necessitam nossos irmãos.

A Bíblia fala de oração pelos mortos

Se alguém perguntasse qual o fundamento bíblico do purgatório, responderíamos que a existência do purgatório póstumo já era reconhecida pelos judeus do Antigo Testamento, como atesta 2Mc 12,38-45: nesse texto narra-se que Judas Macabeu verificou que alguns soldados israelitas haviam morrido em batalha para defender as suas tradições religiosas; por incoerência, porém, haviam guardado debaixo de suas vestes, estatuetas pagãs. Isso quer dizer que haviam sido fiéis ao seu patrimônio religioso javista, mas tinham cometido uma incoerência (incoerência que não anulou a sua adesão incondicional a Deus). Judas Macabeu mandou fazer uma coleta para enviá-la a Jerusalém, a fim de que se oferecesse um sacrifício por esses falecidos; eles teriam a recompensa eterna, mas ainda deveriam expiar os resquícios de pecado com que haviam morrido, e os seus irmãos na Terra pediam a Deus que lhes fortalecesse o amor para que, quanto antes, se livrassem de qualquer sombra de pecado.

No Novo Testamento encontramos uma alusão indireta ao purgatório póstumo em 1Cor 3,10-15.

Em conclusão: vivamos de tal modo que nos libertemos de qualquer incoerência ou contradição; procuremos amar a Deus em tudo e acima de tudo. Assim estaremos fazendo o nosso purgatório na Terra, como é normal.

Estêvão Tavares Bettencourt, osb

Saiba o como provar a doutrina do Purgatório a um Cristão Evangélico 9 agosto 2012 Autor: Bíblia Católica

| Postado em: Doutrina Católica

A palavra purgatório não é mencionada na Bíblia, da mesma forma que termos como ‘encarnação’, ‘Santíssima Trindade’ ou até mesmo a palavra Bíblia, não aparecem nas Escrituras. Isso, no entanto, não é motivo para negarmos a existência de um “lugar de purgação”, o qual de fato é mencionado na Bíblia

Há várias passagens que nos indicam a existência desse tal lugar de purificação, mas vamos dar uma olhada em 1 Coríntios 3:12-15, que ao contrário de outras referências bíblicas sobre o purgatório, não pode ser refutada por protestantes evangélicos. Vamos analisar um trecho da versão O Livro, uma popular tradução da Bíblia protestante.

12 E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo testará qual seja a obra de cada um. 14 Se permanecer a obra que alguém sobre ela edificou, esse receberá *galardão. ( s.m. *Recompensa ou prêmio por serviços valiosos prestados. Honra, glória) 15 Se a obra de alguém se queimar, ele sofrerá prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo.

Quando lemos essa passagem no contexto do capítulo 3, vamos notar que São Paulo se dirige a uma porção da Igreja de Cristo. Ele repreende os fiéis coríntios sobre suas ações pecaminosas, tais como divisões e ciúme, etc. No capítulo 3, São Paulo não só afirma que nossas obras são recompensadas, mas ele também lida com a qualidade das obras do homem, pelas quais cada um de nós seremos recompensados ou punidos.

O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. 1 Cor3: 8

Se analisarmos o versículo 15 do mesmo capítulo, temos um exemplo de uma pessoa cujas obras já foram julgadas e queimadas, portanto ela “sofrerá prejuízo”, mas será finalmente salva pelo fogo. A fim de esclarecer o que isso significa, precisamos definir o que “sofrer prejuízo” representa. A expressão “sofrer prejuízo” provém de uma forma da palavra grega Zemio. Lembre-se que o grego é o idioma original dos textos bíblicos. Outras formas dessa mesma palavra grega também aparecem no Antigo Testamento com o significado de “castigo” [Exodus 21:21, Provérbios 17:26 e 19:19, etc ..]. Isso significa que Zemio foi traduzido em 1 Cor 3:15 como “sofrer prejuízo”, mas também quer dizer punição ou castigo. Portanto, a passagem 1 Cor3:12-15 nos dá uma descrição clara do Purgatório, pois é a isso que São Paulo se refere.

São Paulo faz uma analogia sobre a qualidade dos nossos trabalhos usando materiais como ouro, prata, pedras preciosas para representar uma adesão mais perfeita ao Evangelho de Cristo, e madeira, palha e restolho, que serão queimados e, pelos quais o homem “sofrerá prejuízo” ou “punição” mas no fim ele, o homem, será salvo, todavia como que pelo fogo.

Assim, em 1 Coríntios 3:12, a madeira, feno e palha (que são queimados) significam as obras de um homem que morreu em estado de justificação e foi perdoado de qualquer pecado mortal que ele possa ter cometido. Ele é, portanto, salvo, mesmo que não tenha feito reparação por todos seus pecados cometidos depois do batismo.

O senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, ATÉ QUE PAGASSE toda a sua dívida. É ASSIM que o meu Pai que está nos céus FARÁ convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.” Mateus 18: 34-35

Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto ele caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade, te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. Mateus 5:25-26

Ou seja, em ambas passagens vemos uma referência implícita ao lugar de expiação o qual a Igreja chama Purgatório. Enquanto estamos à caminho do tribunal, uma alusão ao julgamento individual depois da morte, somos obrigados a nos reconciliar, pois adversário ( Satanás, o acusador) nos condenará diante do Juiz (Cristo Nosso Senhor) que por sua vez nos fará justiça, e seremos jogados na prisão (purgatório), até que nossas dívidas (cada pecado cometido e não expiado) sejam pagas. Essas passagens são referências ao purgatório e não ao inferno, como alguns alegam, pois afirmam que uma vez que as dívidas são pagas, o devedor ( pecador) sairá da prisão. Como sabemos, uma vez condenado, ninguém sai do inferno. Enquanto as almas do purgatório, uma vez purificadas, ascendem ao céu.

A Posição da Igreja


Neste contexto se encaixa perfeitamente a doutrina católica sobre o Purgatório. O Concílio Católico de Lyon II, definiu Purgatório da seguinte forma:

Papa Gregório X – Concílio de Lyon II, 1274:

“Porque se eles morrem na caridade verdadeiramente arrependidos antes que eles tenham feito satisfação através de dignos frutos de penitência pelos pecados cometidos e omitidos, suas almas são purificadas depois da morte por punições purgatórias ou depurantes…” (Denzinger 464)

Um grande exemplo de um homem que foi perdoado de seus pecados graves, mas não fez reparação por eles, é encontrado no caso de Davi. Em 2 Samuel 11 (2 Reis 11 na Douay-Rheims Bíblia católica), lemos que o Rei Davi cometeu adultério com Bate-Seba. David também mandou matar o marido de Bate-Seba. Estes são os pecados mortais. Se Davi tivesse morrido naquele estado, ele teria ido para o inferno, pois 1 Coríntios 6:9 nos mostra que nenhum adúltero ou assassinos entrarão no céu. Mas Davi se arrependeu do seus pecados, quando condenados por Natã, em 2 Samuel 12.

2 Samuel 12:13 – “E disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi, o Senhor perdoou de teu pecado, não morrerás.

O Senhor levou o pecado de Davi, e Natã, o disse que não iria morrer. ‘Morrer’ nesse contexto significa que ele não iria morrer eternamente, ou seja, perecer no inferno. A culpa do pecado foi perdoada porque Davi se arrependeu verdadeiramente e se transformou a partir dai. Mas isso significa que tudo foi acertado? Não, pois plena satisfação por seu pecado mortal não tinham sido feitas. Lemos em 2 Samuel 12:14-15 que Davi teve de sofrer a perda de seu próprio filho para fazer satisfação por seu pecado, um pecado que já havia sido perdoado.

2 Samuel 12:14-15 “… Todavia, como desprezaste o Senhor com essa ação, morrerá o filho que te nasceu. E Natã voltou para sua casa. O Senhor feriu o menino que a mulher de Urias tinha dado a Davi, e ele adoeceu gravemente.”

Isto fornece prova inegável de que a culpa de um pecado de um crente pode ser perdoada sem que a completa punição seja levada apenas pelo arrependimento. O Concílio de Trento colocou a questão desta forma:

Papa Júlio III,


Concílio de Trento, sobre o Sacramento da Penitência, Sess. 14, cap. 8, 25 de novembro de 1551 – “… é absolutamente falsa e contrária à Palavra de Deus que a culpa [do pecado] nunca é perdoada pelo Senhor, sem que a devida punição também receba remissão. Pois exemplos claros e ilustres encontram-se nos Escritos Sagrados [cf. Gênesis 3:16 f; Num. 12:14; Nm 20:11; II Reis 12:13 ss; etc].” (Denzinger 904).

Há várias referências à existência do purgatório no Antigo Testamento, bem como outras referências no Novo Testamento, mas, como visto em 1 Coríntios 3:12-15, o conceito de Purgatório é ensinado nas Escrituras e foi aceito pelos primeiros cristãos. Mas por que os antigos cristãos acreditam no purgatório e até oravam para os mortos? Faziam-no, obviamente, porque não se trata de uma doutrina inventada pelos homens, mas de uma noção claramente ensinada nas Escrituras, e também porque esse ensinamento fazia parte da tradição recebida dos Apóstolos.

Por Ellen Cristine Walker – Pertencente ao Apostolado Paraclitus e Criadora do Blog Igreja Militans

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