O NOVO TESTAMENTO
O NOVO TESTAMENTO
São escritos compilados das tradições orais dos apóstolos e demais discípulos do primeiro século. Ao contrário do que muita gente pensa, a ordem cronológica dos livros não são como estão na bíblia. Veja a ordem aproximada de quando foram escritos (do mais velho para o mais novo):
1- ano 50 (todas as datas são aproximadas) - escrito o evangelho, até então oral, de Mateus Aramaico e a coleção complementar (esse evangelho foi perdido. Não o conhecemos, mas ele foi a base para os demais sinóticos)
2- ano 50 - epístolas aos Tessalonicenses
3- ano 53 - epístola aos Filipenses e a Filemon
4- ano 54 - primeira epístola aos Coríntios e talvez a de Gálatas
5- ano 56 - epístola aos Romanos.
6- anos 61 a 63 - epístola aos Colossenses, aos Efésios e a Timóteo.
7- ano 62 - epístola de Tiago (Há dúvidas sobre a data).
8- ano 64 - primeira epístola de Pedro (também há dúvidas sobre a data) e talvez o Evangelho de Marcos.
9- ano 67- epístola aos Hebreus
10- anos 70 a 75- Evangelho de Mateus (o atual) e Lucas.
11- anos 70 a 80 epístola de Judas e a segunda de Pedro
12- ano 95 - o Apocalipse, o Evangelho de João, a primeira epístola de João (a 2ª e a 3ª são anteriores).
- OS EVANGELHOS
Os três primeiros evangelhos são conhecidos como “sinóticos”, porque são parecidos um com o outro: Mateus, Marcos e Lucas. O quarto evangelho é o de João, e é um pouco diferente dos demais.
O Evangelho de Marcos apareceu por volta do ano 64 (para alguns estudiosos, ano 67-68) de nossa era e, portanto, é o mais antigo. O de Mateus e o de Lucas, por volta do ano 70-75 (para alguns, 80-83). Houve um evangelho de Mateus escrito em aramaico, mais antigo, mas se perdeu. Os sinóticos aproveitaram vários textos desse antigo evangelho. O de João apareceu por volta do ano 95 (para alguns, 90).
Se lermos com atenção os evangelhos, vamos ver que alguns fatos são relatados com diferenças. Por exemplo: no Sermão da Montanha de Mateus, Jesus teria falado: “Bem aventurados os pobres em espirito”. Em Lucas, que faz o sermão de Jesus ser dito numa planície e não numa montanha, Jesus teria dito: “Bem aventurados os pobres”. Nunca saberemos o que realmente Jesus falou. Essas diferenças são normais, porque eles não escreviam os fatos, mas os contavam de pai para filho, e isso se dera havia mais de 35 anos! Os detalhes de cada evangelho, você pode estudar na introdução de cada um deles, na sua bíblia preferida.
Quanto mais novo é o evangelho, mais se aprofunda na vida de Jesus. Assim, o evangelho de Marcos, que é o mais velho, inicia o relato na vida pública de Jesus, aos 30 anos; Mateus e Lucas, que são um pouco mais novos, começa a narração na anunciação do anjo a Nossa Senhora e a São José. O evangelho de João, que é mais recente, inicia a narração com Jesus antes de nascer, quando ainda ele era o “Verbo de Deus” (veja João capítulo 1).
OS ATOS DOS APÓSTOLOS
Vem logo depois dos evangelhos e foi escrito por S. Lucas, autor do terceiro evangelho. Narra o começo da Igreja cristã após a morte e a ressurreição de Jesus. Veja um pequeno resumo:
cap. 1- A ascensão de Jesus, a Igreja de Jerusalém, a substituição de Judas Iscariotes por Matias;
cap. 2- o dia de Pentecostes e o discurso de Pedro sobre a pessoa de Jesus Cristo. Relata fatos sobre a primeira comunidade cristã e a partilha de bens.
Cap. 3- a cura do aleijado por S. Pedro e suas consequências;
cap 4- O julgamento de Pedro e João.
Cap. 5- O castigo de Ananias e Safira por terem mentido.
Cap 6- os sete diáconos e a prisão do diácono Estêvão
cap 7- discurso de Estêvão e sua morte. A menção de Paulo, que segurava as roupas dos apedrejadores.
Cap 8- o diácono Filipe e suas ações.
Cap 9- conversão de S. Paulo. Pedro ressuscita uma mulher.
Cap. 10- A conversão da família pagã de Cornélio
Cap 11- Explicação de Pedro sobre Cornélio e o início da abertura da Igreja para os pagãos. A fundação da Igreja em Antioquia.
Cap 12- Prisão e libertação milagrosa de S. Pedro.
Cap 13 a 15 – Missão de Barnabé e Paulo. O Concílio de Jerusalém.
Cap 16 a 19,20 – Missões de Paulo, Timóteo, Silas. Tessalônica. Beréia. Atenas. Pregação famosa de Paulo ao Deus desconhecido. Corinto. Apolo segue o cristianismo. Éfeso.
Cap. 19,21 a 28- Prisões de Paulo e as peripécias de sua missão entre uma missão e outra.
AS CARTAS DE SÃO PAULO
São treze epístolas (=cartas): uma aos romanos, duas aos coríntios, uma aos gálatas, uma aos efésios, uma aos filipenses, uma aos colossenses, duas aos tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito e uma a Filêmon.
Na verdade, a maioria das cartas de S.Paulo apareceram antes que os evangelhos. O relato da Eucaristia, por exemplo, no capítulo 11 da 1ª Coríntios, foi escrito antes que o mesmo relato em Mateus, Marcos e Lucas. 1ª Tessalonicenses, por exemplo, apareceu entre os anos 51 e 52, portanto cerca de 15 anos antes que o primeiro evangelho.
Já a carta aos Hebreus não consta ser de autoria do apóstolo Paulo. Presume-se que seja de discípulos dele e foi escrita depois do ano 70. Alguns estudiosos a colocam no ano 80.
S. Paulo é um apóstolo admirável. Supera todos os demais em apostolado e evangelização, expandindo o cristianismo por todo o mundo conhecido na época. Por meio dele e de sua insistência, o evangelho foi dado também aos gentios, povos não judeus. Ele é chamado o “Apóstolo dos gentios”. Quem quiser ser como ele, tem que começar amando intensa e apaixonadamente a Deus e ao próximo. A máxima lei que devemos seguir é o amor, pois sem amor, nada do que fizermos vai valer alguma coisa.
AS DEMAIS CARTAS
Temos uma carta de Tiago, duas de S. Pedro, três de S. João e uma de Judas Tadeu. Valem a pena ser lidas. É muito bonita e profunda a reflexão que Tiago faz, por exemplo, no capítulo 2 de sua carta, com referência à “língua”, ou seja, às palavras, e o cuidado que temos de ter para que não ofendam ao próximo nem a Deus. Depois de falarmos uma coisa, não vamos mais poder arcar com as consequências do que falamos. A língua é como o leme de um navio: pequeno, mas controla todo o resto, que é pesadíssimo.
No capítulo 5, Tiago fala sobre o sacramento da unção dos enfermos e o perdão dos pecados, se pedirmos perdão “uns aos outros”. O padre está representando esses “outros”, no sacramento da confissão. Aliás, na hora da confissão o padre é o próprio Cristo, por mais pecados que tenha.
S. Pedro fala coisas maravilhosas no capítulo 5 de sua primeira carta: coloquemos nossas preocupações em Deus, porque Ele cuida de nós. É como diz Santa Teresa d”Ávila: “Só Deus basta!”
São João faz um verdadeiro tratado do amor em suas cartas, principalmente na primeira: quem diz que ama a Deus, que não vê, mas não ama ao irmão, a quem vê, é um mentiroso. Fala também que é por puro amor que Deus perdoa os nossos pecados, se nos perdoarmos mutuamente. Fala também da diferença entre pecados mais leves e pecados graves, “que levam à morte”.
ALGUNS TEXTOS
Vemos várias diferenças entre o que Jesus teria dito ou não, e temas semelhantes. Veja alguns exemplos:
Mateus 5,3: "Felizes os pobres em espírito".
Lucas 6,20: "Felizes os pobres".
Afinal, Jesus disse apenas "pobres" ou "pobres em espírito"? Ademais, o discurso de Jesus, em Mateus, é feito na montanha; Em Lucas (cap. 6, 17), é feito na planície. Afinal, Jesus estava na montanha ou na planície quando fez esse ensinamento?
Em Marcos 15,32b, vemos que os dois ladrões que foram pregado com Jesus o injuriavam; já em Lucas 23,39-43, Lucas fala que um deles, o da direita, se converteu e Jesus o recebeu no paraíso. Afinal, o ladrão da direita se converteu ou não?
Em João 13,26, Jesus diz que o traidor era aquele a quem Jesus iria entregar o pão umedecido de molho.
Em Lucas 22,21, diz: "A mão do que me trai está comigo sobre a mesa". Afinal, havia o pão com molho ou não nesse gesto?
Já Mateus 26,23 e Marcos 14,20, diz: "Um dos doze, que põe a mão no mesmo prato comigo".
Percebam como a frase varia de uma tradição oral para outra, nos detalhes. Isso significa que dificilmente vamos saber o que realmente Jesus disse
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