HISTÓRICO DA BÍBLIA

 

HISTÓRICO DA BÍBLIA

A base da religião, qualquer que seja, é a fé. A ciência empírica nada tem a ver com ela. O ideal, entretanto, é que a fé seja adequada a demonstração científica e adapte alguns de seus conceitos para que, sem perder o conteúdo doutrinário, se mostre num visual científico.

A bíblia é a base da fé de vários bilhões de pessoas, tanto cristãs como não cristãs. Foi e é entendida de várias maneiras, até mesmo contraditórias umas das outras.

Entretanto, crer naquilo que a bíblia diz exige que, antes, você creia naquele que lhe apresentou a bíblia como algo verídico. Uma Igreja diz, por exemplo, que tal livro é apócrifo; outra diz que não é, mas que é verdadeiro. Quem garante a veracidade ou não de tal ou qual livro? Quem pode saber disso? Que critérios usar?

Talvez o critério do absurdo ou da contradição absoluta. Um livro que negasse a existência de Deus, por exemplo, nunca seria tido como verdadeiro pelos que creem em Deus, por mais "verdadeiro" que parecesse.

Viram como tudo depende não tanto da bíblia, mas de quem lhe apresenta a bíblia?

Os cristãos e judeus acreditam na bíblia (no caso dos judeus, em parte da bíblia) até hoje, mas vieram algumas pessoas recentemente dizendo que a tradução que nós usávamos estava errada, e "inventaram" uma nova tradução que nega totalmente a Santíssima Trindade, e ignoram certos significados que mostram a divindade de Jesus, como a simples palavra "Senhor" usada várias vezes: em grego é "Kyrios", e é a tradução em grego de Javé (ou Jeová) do hebraico. 

Um dos motivos pelo qual eu sou católico é justamente a garantia maior que a Igreja Católica me pode dar da veracidade das fontes que usamos, tanto bíblicas como orais, que me levam ao Deus Verdadeiro.

Se sairmos deste esquema que acabei de mostrar, ou seja, se quisermos viver uma religião isolada, pessoal, vamos cair num "achismo" que não nos levará, certamente, à verdade.

A Igreja Católica me mostra, "Ex-Cátedra", que o que ela diz é verdadeiro, porque baseado nos apóstolos, que conheceram Jesus e são reais testemunhas de seu ensino e de sua ressurreição.

Pois bem! Baseado nos estudos feitos por exegetas e teólogos, vou tentar mostrar, a meu modo, de maneira simples, algumas dicas de como ler a palavra que é de Deus, mas foi escrita por homens limitados.

Em primeiro lugar, lembro que até o tempo do rei Salomão havia pouquíssima coisa escrita. A maioria dos fatos era oral. Havia, sim, muitas tradições orais, diversas, segundo a região em que ela se originou.

O escritor precisou juntar essas tradições, como se faz com uma colcha de retalhos. Ele "alinhavou" as tradições umas após as outras, ora encaixando-as aqui, ora levando-as mais além ali etc. 

Há, por exemplo, nos cinco livros da bíblia, chamados de Pentateuco, quatro documentos que trazem tradições diferentes: o documento Javista (século 9 antes de Cristo em Judá); Eloísta (um pouco mais tarde, em Israel); Deuteronômio (depois do rei Josias) e o Sacerdotal (depois do exílio da Babilônia).

DUPLICATAS

Vejam na bíblia que há dois relatos das origens que, apesar de suas diferenças, contam de maneira dupla a criação do homem e da mulher:

1ª mais antiga, século 9 = Gênesis 2, 4a - 3,24

2ª mais recente, após o exílio = Gênesis 1,1-2,4a. 

Duas genealogias de Caim-Canaã

1ª Gênesis 4,17 ss

2ª Gênesis 5,12-17

Dois relatos combinados do dilúvio: Gn 6 a 8.

1º- Gn 6, 5-8; 7,1-2. 3b-5.7.10.12.16b.17b. 22-23; 8, 2b-3ºa.6-12.20-22 (Javista, séc. 9 aC)

2º - Gn 6,9-22;7,6.11-13-16a.17a.18-21.24; 8,1-2a.3b-5;13a;14-10; 9,1-17.

Percebe-se melhor a presença dos redatores em Gn 7,3a.8-9 e, em parte, 6,7; 7,7.23; 8,20.

MAIS ADIANTE:

Duas apresentações da Aliança com Abraão:

1ª - Gn 15; 2ª - Gn 17.

Duas expulsões de Agar: 1ª - Gn 16, 2ª Gn 21

Três relatos da desventura da mulher de um patriarca em país estrangeiro: 1ª - Gn 12,10-20 - 2ª Gn 20; 3ª Gn 26,1-11.

Duas histórias combinadas de José e de seus irmãos nos últimos capítulos do Gênesis:

Na primeira tradição, cap. 37, os filhos de "Jacó" querem matar José e Ruben, mas mostra que apenas o atiram numa cisterna, de onde eles esperam retirá-lo; contudo, mercadores madianitas passam sem que os irmãos saibam, retiram José e o levam para o Egito. 

Na segunda tradição, os filhos de "Israel" querem matar José, mas Judá lhes propõe vendê-lo a uma caravana de ismaelitas a caminho do Egito.

O resultado é o mesmo nos dois casos: José é vendido a Putifar, eunuco do Faraó (Gn 37,36. 39,1). Sobre "Jacó- Israel", veja Gn 32,29.

Dois relatos da vocação de Moisés

1º Êxodo 3,1-4,17

2º Êxodo 6, 2-7,7

Dois milagres da água em Meriba:

1º Êxodo 17, 1-7

2º Números 20,1-13

Dois textos do decálogo:

1º - Êxodo 20,1-17

2º - Deuteronômio 5,6-21

Quatro calendários litúrgicos:

1º Êxodo 23,14-19

2º Êxodo 34,18-23

3º Levítico 23

4º Deuteronômio 16,1-16

Há duplicatas em outros livros, como nos de Samuel e no dos Reis. Exemplo: a morte de Saul é contada de um modo em 2ª Samuel 1, 1-4.11-12 (um homem do exército vem anunciar a morte de Saul e de Jônatas; Davi e o povo fazem luto) e contada de outro modo em 2ª Samuel 1,5-10.13-16 (um jovem amalecita vangloria-se de ter matado Saul e traz as insígnias reais, esperando uma recompensa é executado por ordem de Davi).

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