OS MILAGRES DE JESUS

            Diz Leibnitz que o único “mundo” possível é este que Deus criou. Não há possibilidade de um outro tipo de mundo. Ora, os problemas naturais são impossíveis de desaparecerem. Deus sabia disso e estava disposto a nos ajudar a vencer todos esses problemas naturais. Para isso seria necessário que confiássemos nele, que deixássemos nossa vida em suas mãos.
Infelizmente, pelo pecado original, o ser humano se afastou de Deus e começou a procurar resolver os problemas sozinho. Deus respeitou e respeita essa nossa decisão e deixa que as coisas aconteçam. Se fôssemos mais santos, se o povo fosse mais santo, muita coisa seria transformada por Deus para que as desgraças não acontecessem.
O melhor exemplo que vejo sobre isso é a não destruição de Nínive. Eu leio essa história da seguinte maneira: Deus sabia que iria haver algum terremoto ou alguma desgraça natural naquela região. Se todos se convertessem, Ele iria afastar essa desgraça, como de fato afastou e nada ocorreu. Se eles não se convertessem, as coisas seriam diferentes: Deus iria deixar que tudo acontecesse de modo natural. É assim que eu entendo isso. Deus não é vingativo e nunca iria promover a destruição da cidade. Entretanto, para que Ele nos ajude, é preciso que queiramos. Se não quisermos sua ajuda, tudo bem: Ele respeita nossa decisão, mas nos deixa à nossa própria força.
Isso pode ser aplicado no nosso dia a dia. Se pedirmos a proteção de Deus, estamos permitindo que Ele nos ajude e interfira na nossa vida. É o que diz o Apocalipse 3,20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, eu entrarei e cearei com ele”. Ou seja: Jesus está à nossa porta, à porta de nossa vida, esperando que lhe abramos o coração para que ele possa agir e nos ajudar.
Diz o frei Carlos Mesters que os milagres são “amostras grátis” do Reino de Deus. Se vencermos o pecado, o mal, a vingança, a cobiça, a inveja, as guerras, o ódio, eles poderão acontecer no nosso dia a dia. Jesus usa dos milagres para manifestar sua divindade. Eles inauguram a vitória do Espírito Santo sobre o império de Satanás e sobre as forças do mal, sobre os pecados e sobre as doenças. O maior milagre de Jesus foi sua ressurreição (veja Mateus 12,29-40).
As graças que devemos pedir a Deus devem ser baseadas na nossa conversão, numa vida mais autêntica de cristãos. Peçamos a Deus que nos livre do pecado, que nos fortaleça para não pecarmos, para não O abandonarmos, para fazermos sua santa vontade, se ela não for a de nossa cura. Jesus ficava triste quando via que a população o seguia apenas pelos milagres, principalmente depois da multiplicação dos pães. Veja por exemplo João 6, 26; “Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes e ficastes saciados. Esforçai-vos por obter não o alimento que desaparece com o uso, mas sim o alimento imperecível, que proporciona a vida eterna, e que vos será dado pelo Filho do homem, pois foi nele que Deus Pai imprimiu seu selo”. Eis palavras que deveríamos meditar profundamente!
Na verdade, qualquer pessoa pode ser o canal da graça de Deus, apesar dele poder fazer o que bem Ele quiser, e não precisar de intermediários. O perigo que vejo, atualmente, é a busca obsessiva de milagres. Vejam esses programas de televisão de várias Igrejas, mesmo da nossa, católica. Exigir de Deus o milagre é tentá-lo, como fez o demônio no deserto. Eu acho que o correto é fazer a nossa parte, procurando a medicina atual e, ao mesmo tempo, a vontade de Deus. Ele nos curará ou nos dará coragem e força para suportarmos a tal doença ou a tal contrariedade. Digamos como Tiago 4,25: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”.
O milagre não é só uma coisa impossível que acontece, mas pode ser algum gesto inesperado, como alguém lhe dar um presente no seu aniversário quando ninguém mais lembrou, ou coisa parecida. É como se fosse um milagre. Nem sempre ele é visto pelas outras pessoas. Às vezes, só você o vê, ou de certa forma, ele interessa só a você. O exemplo que o Frei Carlos Mesters dá é o de um cravo (flor) que João encontrou na janela quando chegou, certo dia, do trabalho. Sua esposa havia colocado o cravo ali para lembrá-lo dos cinco anos de casamento deles. Aquilo foi sentido apenas pelo João. Todos os que viram o cravo, talvez imaginaram muitas coisas, mas pode ser que ninguém pensou no verdadeiro motivo desse gesto. É como o milagre: às vezes só você o percebe, porque ele talvez seja necessário apenas a você.
Outra coisa: o milagre pode ser muito simbólico. Assim, ao curar o surdo-mudo, Jesus queria dizer que devemos ter os ouvidos abertos para ouvir sua Palavra e a boca, para proclamar o seu evangelho. Ao curar um cego, Jesus queria dizer para estarmos sempre prontos para ver sua bondade e sua misericórdia, e para vê-lo nos outros.
Quero lembrar, enfim, que as doenças não eram entendidas como tais naquele tempo, mas como possessão diabólica. Desse modo, qualquer doença que a pessoa tivesse logo achavam que ela estava com o demônio no corpo. Um exemplo disso é quando Jesus cura a sogra de Pedro. Diz lá que “a febre a deixou”, ou seja, saiu dela.
Isso significa que nem todos os que estão descritos na bíblia como endemoniados o eram de fato. A maioria era, na verdade, apenas doente, sem diabo nenhum no corpo.
Aliás, mesmo hoje em dia precisamos ter muito cuidado com as pretensas possessões diabólicas inúmeras que certas religiões mostram na televisão ou em suas igrejas. Não são, de fato, possessões diabólicas. São apenas pessoas doentes. Quem tiver a infelicidade de ver uma possessão diabólica, vai ficar traumatizado e horrorizado pelo resto da vida. Não é brincadeira. O demônio “não brinca em serviço”.
Quanto aos “espíritos impuros” que Jesus expulsava, essa impureza era referente às normas usuais de pureza para participar do culto e das refeições, como o hábito de lavar as mãos antes das refeições não como norma de higiene, mas de purificação. Esses “espíritos impuros” nem sempre se referem à castidade.
Eis a relação dos milagres de Jesus por ordem alfabética (pode haver alguma citação errada; se isso ocorrer, peço desculpas):

Água transformada em vinho: Jo 2,1-12
Caminha sobre as águas: Mt 14,22-23;Mc 6,45-52; 6,16-21
Cego de Betsaida: Mc 8,22-26
Cego de Jericó: Mt 20,29-34; Mc 10,46-52; Lc 18,36-43
Cego de nascimento: JO 9,1-41
Cego (Os dois): Jo 9,27-31
Diversas curas: Mt 14,33-36; 15,29-32; 21,14; Mc 6,53-56
Figueira amaldiçoada: Mt 29,19;Mc 11,13
Filha da Cananéia: Mt 15,21-28; Mc7,24-30
Filha de um oficial: Jo 4,43-54
Hemorroíssa: Mt 9,20-22; Mc 5,25-34; Lc 8,43-48
Hidrópico: Lc 14,1-6
Homem da mão seca: Mt 12,9-14; Mc 3,1-5; Lc 6,6-11
Leproso: Mt 8, 1-4; Mc 1,40-45; Lc 5,12-16
Os dez leprosos: Lc 17,11-19
A moeda na boca do peixe: Mt 17,27
Mulher encurvada: Lc 13,10-17
Multiplicação dos pães: Primeira multiplicação:- Mt 14,13-21; Mc 6,33-44; Lc 9,12-17; Jo 6,1-15. Segunda multiplicação: Mt 15,32-39; Mc 8,1-10
Orelha de Malco:- Lc 22,50
Paralítico de Cafarnaum: Mt 9,1-8; Mc 2,1-12; Lc 5,17-26
Paralítico junto à piscina: Jo 5,1-16
Pesca milagrosa: Mt 4,18-22; Mc 1,16-20; Lc 5,1-11
Possesso de Cafarnaum: Mc 1,21-28; Lc 4,31-37
Possesso epilético: Mt 17,14-21; Mc 9,14-29; Lc 9,37-44
Possesso mudo: Mt 9,32-34
Possessos de Gádara: Mt 8,28-34; Mc 5,1-20; Lc 8.26-39
Ressurreição: Mt 28,2; Mc 16,1; Lc 24,1; Jo 20,1
Ressurreição da filha de Jairo: Mt 9,25; Mc 5,41; LC 8,54
Ressurreição de Lázaro: Jo 11,1-46
Ressurreição do jovem de Naim: Lc 7,11-17
Servo do Centurião: Mt 8,5-13; Lc 7,1-10
Sogra de Pedro e outros enfermos: Mt 8,14-17; Mc 1,29-34; Lc 4,38-41
Surdo-tartamudo: Mc 7,31-37
Tempestade: Mt 8,23-27; Mc 4,34-41; Lc 8,22-25
Transfiguração: Mt 17,1-13; Mc 9,1-12. Lc 9,28-36
Trevas na morte de Jesus: Mt 27,45; Mc 15,22; Lc 23,44

         



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