CURSO DE BATISMO EM 5 ENCONTROS

PREPARAÇÃO AO BATISMO – (baseado no estudo “Conscientização e Comunhão, de Afonso M.L. Soares)


1° ENCONTRO: O BATISMO

O batismo é o sacramento que nos coloca no plano de Deus par a salvação da humanidade. Ele nos abre a “torneira” da graça divina. O batismo nos liga a uma comunidade santa, a comunidade dos que se amam e amam a Deus.

Só tem sentido aceitar o batismo se assumirmos essa proposta de Jesus Cristo de sermos, como ele mesmo disse, “Um só, como o Pai e eu somos um” (Jo 17,11.22-23), ou seja, de amarmo-nos uns aos outros e também a proposta de O amarmos sobre tudo o que existe,sobretudo mais do que amamos a nós mesmos.

Esse sonho de Jesus de um mundo irmão que se ama e vive sob a sua proteção e amor, pode ser possível desde agora, se aceitarmos essa exigência do batismo. 

Não é nada comum pai e mãe palmeirenses “roxos” levarem o filho a se matricular na escolinha de futebol do Corinthians! Aposto que você até riu ao imaginar a cena. Da mesma forma, pais que não acreditam ser possível essa fraternidade não estão sendo sinceros ao levarem o filho a se engajar, pelo batismo, nesse mundo de fraternidade em que eles próprios não acreditam!

A primeira coisa a fazerem, pois, é tentarem convencer-se a si mesmos que a conversão pessoal à comunidade da Igreja é a primeira condição para que o batismo dos filhos seja fértil e produtivo.

A criança é levada a ser batizada: isso significa: “Estou entregando meu filho a uma comunidade de amor, doação e perdão, a que eu mesmo devo querer entrar”. 

A psicóloga Maria Clara Jost de Moraes Vilela, de BH, trabalha numa clínica, a Fundasinum, que justamente se fixa nesse ponto: eu busco o amor e, se não o encontro, adquiro inconscientemente uma doença para que me amem. À medida em que eu me conscientizo dos mecanismos que me levaram a essa doença, e à medida em que eu passo a amar, a partilhar, eu começo a me curar, pois começo a perceber que as pessoas me amam.

Assim também no batismo: à medida em que eu não só entrego meu filho à comunidade católica, mas também em que eu me entrego meu filho à comunidade católica, mas também em que eu me entrego junto, o amor começa a fazer parte de minha vida, e o batismo do meu filho vai também fazer com que eu renove o meu próprio batismo e tudo acabará bem, no mundo novo que Jesus veio anunciar e inaugurar. 


2° encontro: a gratuidade do batismo


Não devo levar o meu filho ao batismo com a idéia de que se eu não fizer isso, ele vai receber algum mal ou punição.


Todos os seres humanos já nascem tocados pela graça amorosa de Deus. Ao batizar meu filho, já estou reconhecendo essa graça amorosa de Deus: eu não a estou provocando ou forçando Deus a me dá-la. A graça de Deus existe muito antes que eu sequer pensasse em batizar meu filho.


Se você não se sente a fim de participar dessa mensagem cristã, dê um tempo, procure se esclarecer mais, procure se educar melhor na fé cristã, mesmo que para fazer isso você adie o batismo de seu filho. Não o batize só por medo do castigo de Deus!


Tire da cabeça a idéia de que o batismo cura de sapinhos, doenças, tira o azar, impede de que o saci o leve, e outras superstições!


Na verdade, uma comunidade que ama a Deus e se ama, é uma comunidade em que a doença e a pobreza não vão ter vez, pois todos se ajudam, se amam, e não têm necessidade de adquirirem doenças psicossomáticas (causadas por nós mesmos, inconscientemente).


Isso leva a comunidade cristã a uma vida mais humana, mais de acordo com os desejos de Jesus, que disse em João 10,10b: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”!


Isaías 1,11-20 lembra-nos que se praticarmos a caridade, a misericórdia, o verdadeiro amor, Deus nos perdoará todos os pecados e, “Se vossos pecados forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã,(...), como a neve”.


Pelo contrário, se não praticarmos o amor cristão, Deus virará o rosto para o outro lado para não ouvir nossas orações mentirosas e nossas ofertas apodrecidas pelo mal (Isaías 1,1-11).


Quando as pessoas chegavam em João Batista para serem batizadas, lhe perguntavam o que deveriam fazer, ao que João respondi ((Lc 3,10-14):

“Quem tem duas túnicas de uma ao que não tem. Quem tem o que comer, faça o mesmo(...); não exijais mais do que vos foi ordenado(...); Não pratiqueis violência, nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos (os soldados) com vosso soldo”

3° encontro: o papel dos padrinhos

A princípio, os padrinhos são testemunhas de qu o batismo foi realizado, ou seja, são provas vivas de que aquele fulano é filho de Deus e membro verdadeiro da Igreja Católica.

No AT, só era aceita uma acusação ou algum fato se houvesse duas testemunhas, no caso, homens. Maria Madalena viu Jesus ressuscitado, mas o seu testemunho só teve valor quando Pedro e João testemunharam a ressurreição.

No Batismo de Jesus havia também duas testemunhas: o Pai, que falou do céu: “Eis o meu Filho amado, em quem pus minha complacência” e o Espírito Santo, em forma de pombo.

No Tabor havia três testemunhas humanas: Pedro, João e Tiago, e mais duas testemunhas celestes: Moisés e Elias. 

Na cruz houve duas testemunhas da morte de Jesus: os dois ladrões. E assim por diante.


No batismo os padrinhos exercem, pois, em primeiro lugar, o papel de testemunhas.

Em segundo lugar, exercem o papel de garantia de que aquela criança vai ser educada no amor de Deus e ao próximo, por meio da participação na e da comunidade, pois eles não são os únicos responsáveis: a comunidade toda é convidada a participar da educação religiosa da criança.

Como estamos longe disso! Os próprios pais muitas vezes não estão dando “a mínima” em participar da comunidade e, errando ainda mais, convidam padrinhos alheios à comunidade e até de religiões não cristãs, como o espiritismo, muitas vezes não tendo a mínima condição de serem padrinhos. Não tenho nada contra os espíritas ou pessoas de outras religiões, mas para ser padrinho numa Igreja Católica, é necessário que a pessoa confesse o Credo católico. Não tem sentido uma pessoa que não acredita no que diz a Igreja Católica testemunhar em favor de alguém a quem vai ter (pela promessa feita no batismo) que ensinar aquela fé em que não acredita! A pessoa pode ser uma ótima pessoa, mas soa contrastante tal ato. 

“Ser padrinho para ficar parente” é o desejo que muitos têm e, infelizmente, isso faz com que o batismo de crianças fique cada vez mais inviável.

Antigamente havia uma cristandade que acolhia a criança: todos tinham o costume de participar. Atualmente isso não mais existe e seria necessário que os padrinhos realmente auxiliassem os pais nesse assunto de educar a criança na comunidade da Igreja.

Ninguém conserta um rádio se não entender de eletrônica pelo menos um pouco; ninguém consegue educar uma criança no amor a Deus e ao próximo se não praticar o amor ensinado por Jesus, ou pelo menos sempre procurar praticar esse amor. 

Deus é misericordioso e talvez não acabemos todos no inferno por causa disso, mas pelo menos uma coisa é certa; não participaremos da alegria que é viver em comunidade.


4° encontro: a água do batismo

“A água lava, lava, lava tudo! A água só não lava a língua dessa gente!” - dizia uma canção carnavalesca antiga. O símbolo da água é muito especial na liturgia e na vida diária:

- todos os seres vivos precisam de água para viver.

- a água não só conserva, mas gera a vida.

- a água promove a higiene, a purificação, a limpeza e, consequentemente, a saúde.

- nos textos bíblicos, a água simboliza a mudança de estado ou de condição, como a travessia do Mar Vermelho, no êxodo promovido por Moisés, ou no dilúvio universal do Gênesis 6.

- no NT vemos a cena das bodas de Caná da Galiléia, em que Jesus transformou 600 litros de água em vinho: nossa natureza humana, simbolizada pela água, se revestindo do divino, representado pelo vinho. O vinho não surgiu do nada, mas da água.

-quando se mergulha a criança na água, ela “morre” para uma vida rançosa e quando o ministro a retira da água, ela “ressuscita” para uma vida nova de perdão, amor, misericórdia e alegria.

-quando eu vou à praia, gosto de ver o musgo nascido nas pedras, alimentado pela água salgada do mar.

O batismo perdoa todos os pecados, quando a pessoa já tem o uso da razão, e purifica, tanto adultos como crianças, do pecado original.

O pecado original é como um “defeito de fabricação”, com o qual todos nascem. O batismo é como uma reparação desse defeito de fabricação, e isso nos possibilita entrarmos no paraíso, se vivermos de acordo com os ensinamentos de Jesus.

Ninguém sabe exatamente como foi feito o pecado original, mas sabemos que foi uma revolta, uma desobediência grave a Deus. Como os anjos que se rebelaram e queriam o poder divino, os primeiros seres humanos, simbolizados em Adão e Eva, também quiseram ser deuses, ou seja, não quiseram a interferência de Deus em suas vidas.

Espere aí! Não parece que você “já viu esse filme”? Pois é! isso ocorre até hoje. O pecado nada mais é do que um ato de desobediência a Deus: achamos que podemos viver sem a sua ajuda e fazemos o que queremos. entretanto, nos esquecemos de que a única forma de sermos felizes é obedecermos a Deus!

Jesus, aceitando morrer na cruz, nos libertou das conseqüências do pecado original. Ele, homem e Deus, obedeceu ao Pai plenamente, e por essa obediência, não usou o poder divino que possuía para livrar-se da morte: enfrentou-a com coragem, e isso nos salvou. Pela água do batismo, ao mesmo tempo em que nos purificamos, passamos a usufruir dessa salvação que Jesus Cristo nos trouxe com sua vida, paixão e morte na cruz.


5° encontro: a cerimônia do batismo

O ministro do batismo (padre, diácono ou leigo), pergunta o nome da criança. Na bíblia, o nome significava o próprio ser e a missão da pessoa aqui no mundo.

Deus nos deu a vida, mas nós é que damos o nome, ou seja, nós é que somos responsáveis pelas pessoas que pusemos no mundo. É isso que nos diz o 2º capítulo do Gênesis, ao lembrar que foi Adão e não Deus quem deu o nome aos animais e a tudo o mais.

Você é, pois, totalmente responsável pela criança que colocou no mundo. Sua vida, sua felicidade, dependem muito do modo como você vai educá-la e criá-la.

O ministro impõe a mão na criança e unge seu peito com o óleo dos catecúmenos, símbolo da vida e que a criança recebeu de Deus, e pede que Ele a fortaleça para a luta diária contra o pecado. Essa unção antes do batismo é feita no peito, porque este é o lugar onde se encontra o coração, que é o símbolo do amor. A pessoa que está sendo batizada se torna, então, um catecúmeno, ou seja, está na lista dos que vão ser batizados. Nos adultos, essa espera pode durar até anos.

Um catecúmeno que morre, morre como uma pessoa batizada. Os pais e os padrinhos manifestam então o desejo do batismo daquela criança e ela é batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

A vela representa a luz de Cristo, que a criança recebeu no batismo. Acendendo-a no círio pascal, que representa Jesus Cristo ressuscitado, ele quer mostrar que, pelo batismo, aquela criança recebeu a luz de Cristo, para iluminar as suas trevas.

Cabe aos pais e padrinhos ensinarem ao neo-batizado a separar e a discernir entre o claro e o escuro da vida. Se pedirmos sempre a luz, Jesus, ele faz com que a que já temos seja tirada “de debaixo da mesa e colocada no candeeiro, para que ilumine toda a casa”.

O Espírito Santo apareceu como fogo em Pentecostes, e a vela é como que a parte desse fogo, que ilumina a todos os batizados, com Sua força, que faz de nós o seu Santo templo.

A graça abundante que o batismo nos traz deve ser conservada e fortalecida com o amor, a misericórdia e a perseverança na obediência a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, conservando-nos sob a tutela da Igreja, nossa mãe e mestra.

É o caminho livre, belo e florido, que nos conduz ao céu, embora às vezes tenhamos que passar também por alguns espinhos!

(As demais normas seguidas pela comunidade devem aqui serem explicadas aos pais e padrinhos, como por exemplo quem pode ou não ser batizado, se isso já não foi dito no início).


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