PURGATÓRIO TERRESTRE


06/12/2020 

Tive um sonho nesta noite e acordei com um pensamento que martelava em minha cabeça: já aqui na terra todos nós passamos por um “purgatório terrestre”. E não somos apenas nós que passamos por ele: tanto Jesus como Maria, mesmo não tendo nenhum pecado, passaram por esse purgatório. 

Eu me explico: quando nós oferecemos a Deus o que passamos de contrariedades, sofrimentos, mortificações, penitências, doenças, momentos fortes de oração, romarias, caridade (obras de misericórdia e doações) e tantas outras coisas mais que nos custa, estamos nos utilizando isso como um purgatório. 

Sem a purificação dos pecados cometidos ninguém entra no céu, diz Apocalipse 21, 27: “Nela (na Cidade Celeste) jamais entrará algo de imundo, e nem os que praticam abominação e mentira. Entrarão somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”. Maria insistiu muito nisso com Jacinta e Francisco, em seu aparecimento em Fátima, ou seja, para oferecerem tudo o que sofressem pela conversão dos pecadores, ou, mais prático, pelas intenções que Maria desejar aplicar. 

No caso dos santos que praticaram muita penitência, o mérito de seus sofrimentos é aplicado a outras pessoas para que se convertam. No caso de Jesus, o “purgatório” pelo qual ele passou aqui na terra não precisou exercer nenhum benefício nele próprio, pois ele não tinha pecados, mas beneficiou e ainda beneficia a todos nós, que nos salvamos graças à Paixão, morte e ressurreição de Jesus. Maria também teve muitos méritos com seus sofrimentos, sobretudo em relação ao seu Filho que estava sendo julgado e assassinado, mas como ela mesma não precisava, pois não tinha pecados, todo o seu sofrimento foi depositado numa espécie de “tesouro espiritual” da Igreja. Todos os sofrimentos, penitências e orações que são oferecidos a Deus e não são aplicados à pessoa que os praticaram por estar, já, essa pessoa purificada de seus pecados, entra no “tesouro espiritual” da Igreja e vai servir, junto à redenção operada por Cristo, para as indulgências plenárias que o Papa aplica em algumas ocasiões. 

Diz, na verdade, o Catecismo da Igreja Católica: “Esses bens espirituais da comunhão dos santos também são chamados o “tesouro da Igreja”, que é o valor infinito e inesgotável que têm junto a Deus as expiações e os méritos de Cristo nosso Senhor, oferecidos para que a humanidade toda seja libertada do pecado e chegue à comunhão com o Pai (...). Pertence além disso a esse tesouro o valor verdadeiramente imenso e incomensurável e sempre novo que têm junto a Deus as preces e as boas obras da Bem-aventurada Virgem Maria e de todos os santos que, seguindo as pegadas de Cristo Senhor, por sua graça se santificaram e totalmente acabaram a obra que o Pai lhes confiara; de modo que, operando a própria salvação, também contribuíram para a salvação de seus irmãos na unidade do corpo místico” (nºs 1476 e 1477). 

Por isso tudo, quando oferecemos a Deus nossos sofrimentos, jejuns, orações, mortificações, doenças, estamos passando pelo purgatório terrestre, que vale bem mais do que o do outro mundo. Um dia de penitência aqui na terra vale por centenas do equivalente a dias terrestres lá na eternidade. 

Todos os dias de manhã ofereça tudo o que você for fazer de bom naquele dia para o perdão de seus próprios pecados e os da humanidade, ou simplesmente ofereça “nas intenções de Nossa Senhora”, ou ainda faça ambas as coisas. Você vai se livrar de muitos séculos de purgatório após sua morte, ou até mesmo vai quitar todo o seu purgatório já aqui na terra. É o que dizia, por exemplo, o jovem Beato Carlo Acútis: “Ofereço tudo o que eu sofrer nesses dias de hospital para me livrar do purgatório”. E, na verdade, ele entrou com vida no hospital e saiu morto.

Leia também a visão que Santa Catarina de Gênova teve sobre o Purgatório: 


(Publicado também no blog Eremitas de Jesus Misericordioso e nos sites Vivendo Nazaré e Prosa e Verso). 

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