O PAPA E A EVASÃO DE FIÉIS


O Papa Francisco na entrevista a revista italiana La Civiltà Cattolica disse: “Se alguém tem resposta para todas as perguntas, essa é a prova de que Deus não está com ela. É um falso profeta” (1).


Na obra clássica “Decameron” do italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375), há uma sátira de corrupção monetária de um frade, que para arrancar donativos do povo, forjava relíquias como a pena da asa do anjo Gabriel. A tal pena era a resposta e solução para todos os males.

Vivemos hoje a cultura das celebridades neopentecostais milionárias. Esses falsos profetas da teologia da prosperidade que pregam a solução para todos os problemas e tem todas as respostas para assuntos materiais, religiosos e espirituais.


Esses falsos pregadores são exacerbados na retórica triunfalista. Tudo é vitória, sucesso, riqueza, prosperidade abundante e domínio de tudo e de todos.

A ladainha é a mesma de sempre: curas, milagres, exorcismo, língua estranha, profecia, revelação, visão, determinação, posse da bênção, prosperidade e ataque as religiões. Acrescenta nesse ‘resorts’ de luxo, lazer, prazer e de espetacularização o show gospel, o teatro da farsa religiosa, o proselitismo e a política sectária denominacionalista.


Os falsos líderes religiosos usam a Bíblia, o templo, o carisma, a aparência piedosa, a farsa de espiritualidade, a caridade como ajuda a os pobres, a boa fé do povo e a distorção dogmática em prol do seu império religioso e congênere.


‘DECADÊNCIA’, 1995


A minissérie de Dias Gomes provocou polêmica ao relacionar assuntos como religião e ambição, além de usar como cenário uma época conturbada da História política do país, entre a morte de Tancredo Neves e a eleição e o impeachment de Fernando Collor. O protagonista da trama é Mariel (Edson Celulari). 

Quando criança, ele é levado por um padre à casa do rico jurista Tavares Branco (Rubens Corrêa), que aceita dar um lar para o órfão e deixa o menino aos cuidados da criada Jandira (Zezé Polessa). Mariel cresce ao lado dos quatro netos de Tavares e, 14 anos depois, é o motorista do clã.






Fazem parte ainda do núcleo familiar Albano (Stênio Garcia), filho de Tavares, e Celeste (Ariclê Perez), sua esposa. Eles são pais de Carla (Adriana Esteves), Pedro Jorge (Luiz Fernando Guimarães), Sônia (Maria Padilha) e Suzana (Betty Goffman).


Jovem contestadora, Carla acaba engatando um romance com Mariel. No entanto, Jandira, que nutre uma obsessão pelo rapaz, conta a todos sobre a relação e ele é expulso da casa. Sem rumo na vida, Mariel começa a freqüentar cultos em uma igreja evangélica, ao lado de Jandira.


O que no início era uma experiência espiritual acaba virando ambição quando o ex-motorista percebe a generosidade dos fiéis. O personagem de Edson Celulari cria sua própria igreja e enriquece exponencialmente enquanto, em paralelo, a família Tavares Branco perde poder e entra em franca decadência.

Forma-se ainda um triângulo amoroso entre Mariel, Carla e Vitor (Raul Gazolla), cirurgião e primo dos netos de Tavares. No fim, Mariel é preso pelo delegado Etevaldo Morsa (Paulo Gorgulho), que descobre irregularidades em sua congregação. Mas logo é solto e expande seus templos para fora do Brasil.

O programa marcou o início de um conflito entre a TV Globo e a Record. A emissora paulista considerou a trama uma crítica direta à religião protestante-pentecostal, principalmente à Igreja Universal do Reino de Deus. A Record revidou, mas um acordo pôs fim ao que imprensa chamou na época de “Guerra santa” (2).


‘DECADÊNCIA’, 2013


A juíza Ana Helena Valle, da 2ª Vara Criminal da Comarca de São João de Meriti, condenou o pastor Marcos Pereira da Silva a 15 anos de prisão por estupro. Segundo o processo, o crime foi cometido no final de 2006 contra uma seguidora da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, igreja que foi fundada pelo acusado. Os abusos teriam ocorrido nas dependências do templo.

De acordo com a sentença, as testemunhas ouvidas no processo relataram com firmeza como o acusado é uma pessoa manipuladora e fria. “(O pastor Marcos) Só pensa em si, utilizando-se das pessoas para satisfazer seus institutos mais primitivos e, de forma promíscua, utiliza da boa-fé das pessoas para enganá-las. Pelo exposto e por tudo que nos autos consta, julgo procedente a pretensão punitiva para condenar Marcos Pereira da Silva”, destacou a juíza em sua sentença.

O religioso, que está preso desde o dia 7 de maio no Complexo Penitenciário de Gericinó, é acusado pelo Ministério Público estadual de outro estupro e coação de testemunhas (3).

CATÓLICOS DIMINUEM NO BRASIL


Pela primeira vez desde 1872, quando tiveram início os levantamentos, o número de católicos brasileiros está abaixo da média registrada na época. O Novo Mapa das Religiões revela que a taxa de fiéis que se declaram católicos caiu de 73,79% em 2003 para 68,43% em 2009. Número diferente do registrado em 1872, quando a taxa girava em torno de 99,72%. 


Dos Estados da Federação, o Rio de Janeiro é o que possui a menor porcentagem de católicos – apenas metade da população (49,83%) se declara fiel ao catolicismo. Ao mesmo tempo, o número de evangélicos subiu de 17,88% em 2003 para 20,23% em 2009. O número de espíritas se manteve estável (de 1,5%, em 2003, para 1,75% em 2009), bem como os seguidores das religiões afro-brasileiras (de 0,23% para 0,35%) e religiões orientais (de 0,30% para 0,31%). Os dados são da Fundação Getúlio Vargas, que se baseou em enquetes com cerca de 200 mil pessoas (4).


CONCLUSÃO

No Brasil, pouco a pouco os pentecostais ganharam força, com sua pregação prática da fé, num tratamento da Bíblia como uma espécie de manual de auto-ajuda. A fórmula pegou em cheio os católicos carentes de amparo religioso. Na década de 60, apenas 4% dos brasileiros se declaravam evangélicos. Hoje, 22% da população diz o mesmo. São 42 milhões de pessoas. Eram apenas 3 milhões em 1960. O papa Francisco representa agora uma renovadora esperança pós-conciliar para a Igreja Católica enfrentar o problema. 


O papa do povo, o papa franciscano, o papa simples ou o papa da essência cristã, como tem sido chamado pelos católicos, sabe falar com seu rebanho – o que ficou claro na Jornada Mundial da Juventude realizada em julho-RJ-2013 no Brasil. É tudo de que a Igreja precisa neste momento. No papa temos uma ponte vital para evangelizar, missionar e caridosa em prol da salvação das almas. Com tudo que temos, é urgente uma tomada impactante de evangelizadores para aumentar em qualidade e quantidade número de cristãos na Igreja de Cristo! (Ler Atos 2,47; 6,7; 9,31).


No dia 14 de março de 2013, em sua primeira homilia como Sumo Pontífice recém-eleito, o papa Francisco lembrou aos cardeais reunidos com ele, na Capela Sistina, em Roma: “Para não ser apenas uma ONG piedosa e beneficente, a Igreja deve viver e anunciar o Evangelho, a Palavra de Jesus Cristo”.


Mudanças monumentais no mundo, vidas transformadas e convertidas na graça e na fé cristã, a Igreja renovada e reavivada, o impacto das missões e vocações abundantes, tudo isso só terá resultado com o autêntico testemunho no poder do Espírito Santo para proclamar o Evangelho libertador de Cristo!

Notas

(1) Veja, 25/09/2013, p. 83.
(2) Revista da TV – O Globo, 24/07/2013, p. 23.

3) Meia-Hora, 13/09/2013, p. 03.

(4) Cristianismo Hoje, Outubro/Novembro de 2011, p. 16.


Irmão Inácio José do Vale



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