MARCOS CAP. 10

  MARCOS CAPÍTULO 10

VEJA O TEXTO EM BÍBLIA CATÓLICA-10


Marcos 10, 1-12: DISCUSSÃO SOBRE O DIVÓRCIO 

Ser cristão não é nada fácil! Neste trecho sobre o casamento e o divórcio, vemos que Jesus não deixa por menos: o casal pode se separar, mas nenhum dos dois pode casar-se com outra pessoa. Viver em castidade não é impossível, com a graça de Deus.

Há muitos viúvos e viúvas (e pessoas solteiras), que o conseguem. Mas não é fácil. Exige muita luta, perseverança, humildade e recomeço. Os santos diziam que sem a humildade, a castidade é impossível. Diz Hebreus 10, 35-36: “Não abandoneis a vossa coragem, que merece grande recompensa. De fato, precisais de perseverança para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu”.

 

Deus nos criou de tal forma que seremos felizes apenas se seguirmos sua orientação e sua vontade a nosso respeito. Obedecendo a Jesus, teremos a garantia de sermos felizes, por mais tribulações estejamos passando. Como diz Santa Teresinha, “A alegria não está nos objetos, mas no mais profundo do coração; podemos senti-la no mais rico palácio ou na mais pobre prisão”.

 

Nossa Igreja Católica reconhece que muitas vezes pode ter havido engano ou erro na escolha do cônjuge. Quando há esse problema, pode ser que o casamento tenha sido nulo. Desde que feita as devidas diligências a respeito, a Igreja pode, depois de um processo jurídico próprio, declarar a nulidade daquele matrimônio, dando liberdade e possibilidade de ambos os cônjuges voltarem ao estado de solteiro. 

 

Com o documento recebido, podem se casar na Igreja com outra pessoa. Esse processo é feito no Tribunal Eclesiástico, geralmente situado na sede da diocese. Veja melhor no texto sobre o sacramento do matrimônio, no bloguinho catequético.

 

Marcos 10, 13-15: JESUS E AS CRIANÇAS

 

A criança era muito marginalizada na época. Não tinha direito a nada. A criança é um ser muito dependente de tudo e de todos. Ser como crianças é agir como tal, ou seja, lembrar-se que somos totalmente dependentes de Deus, nosso Pai, em tudo o que fizermos. Acolhendo as crianças, Jesus mostrava que se quisermos segui-lo, devemos, como Ele, acolher os marginalizados, os pobres, os abandonados, os doentes, os pecadores que desejam mudar de vida.

 

Marcos 10,17-22:- O JOVEM RICO

 

Esse trecho ensina a todos nós que devemos renunciar a tudo por amor a Deus e ao próximo. Deus deve ser amado sobre todas as coisas. Não podemos colocar nada, nem ninguém, antes de Deus e do serviço a Ele. Como disse o Cardeal Van Thuan, na primeira semana em que for a preso e havia deixado todo o trabalho pastoral de bispo, após um sonho/revelação: “Eu escolhi Deus, e não as suas obras”. Antes de qualquer coisa, deve estar em nós o desejo primeiro de fazer plenamente a vontade de Deus.

Os que têm família para cuidar (que é a maioria) não podem prescindir de certos bens materiais para educarem os filhos e viverem uma vida decente. A eles é exigido o que Jesus exigiu de Zaqueu (Lucas 19,1-10), ou do jovem Geraseno (Mc 5,1-20, nesta coleção de textos). Vou me explicar melhor:

 

Minha opinião (já disse que não sou especialista em bíblia nem coisa nenhuma), que talvez seja diferente do F.A. (pág. 433 op. Cit.) e de alguns outros, Jesus deu ao jovem rico a vocação de Apóstolo, ou seja, a de realmente deixar TUDO por amor a Deus e ao próximo, e não apenas simbolicamente. Nesse assunto de deixar os bens materiais, vejo três tipos de vocação, segundo os evangelhos:

 

1- Vocação apostólica, como a do jovem rico: renúncia a tudo, literalmente, para seguir Jesus Cristo, confiando apenas na Providência Divina. Dificilmente uma pessoa nessa situação pode constituir família, a não ser, como S. Pedro e os apóstolos que seguiram essa vocação mesmo sem terem deixado suas famílias.

 

2- A vocação de Zaqueu (Lucas 19,1-10). Ele deu a metade (e não tudo) do que possuía aos pobres, e devolveu quatro vezes mais o que roubara (era a lei do tempo para quem quisesse se emendar). Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa”. Como Zaqueu exercia o cargo de chefia, podemos compará-lo aos líderes leigos de nossas comunidades. Veja neste mesmo blog a história de Zaqueu, nas “entrelinhas bíblicas” , neste mesmo “Cantinho Bíblico”.

 

3- A vocação do jovem Geraseno (Marcos 5,1-20). Podemos compará-la à dos cristãos leigos mais simples, que não exercem cargos de liderança. Ao geraseno, Jesus deu uma ordem, uma licença, que não deu a nenhum outro que curara: “Vai para a tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na sua misericórdia”. 

 

Geralmente Jesus ordenava aos que curava que não dissessem nada a ninguém. E Jesus não permitiu que o jovem fosse com ele e com os apóstolos. Veja bem: NÃO PERMITIU. Não era da vontade de Deus que o jovem geraseno os seguissem.

 

Marcos 10,23-27:- O PERIGO DAS RIQUEZAS

 

Não podemos tentar comparar o camelo e o fundo da agulha com outras coisas menores, para “dar um jeito” na comparação e trair o texto. O que Jesus quer dizer é exatamente o que está escrito: continuar rico, milionário, num mundo em que milhões morrem de fome, é um pecado muito grave. Não nos é permitido viver na abundância exagerada, como alguns ricos, enquanto outros penam na miséria.

 

Quando Jesus diz, em Mt 5,3: “Bem-aventurados os pobres em espírito”, quis dizer que são felizes os que, mesmo podendo ser ricos, renunciam às riquezas em benefício das entidades que cuidam dos pobres e marginalizados, ou mesmo a renunciam numa luta ferrenha contra a miséria e a marginalização.

 

TV-. Um certo apresentador de programa de auditórios chegava a ganhar muito mais do que isso. O que eles fazem com tanto dinheiro? Só eles sabem. Não podemos julgá-los. Se estiverem partilhando com os pobres o que ganham, tudo bem. Mas se estão “moendo” tudo apenas consigo mesmos, e se isso estiver ocorrendo, se não mudarem de vida, dificilmente entrarão no reino dos Céus. O que um cantor famoso ganha para fazer um só show, só seria igualado por uma empregada doméstica de salário mínimo, se trabalhasse por 1.411 anos! (UM MIL, QUATROCENTOS E ONZE ANOS).

 

Marcos 10,28-31: RECOMPENSA PROMETIDA PELO DESPRENDIMENTO

 

Jesus diz aqui que quem abandonar todos os laços familiares para viver uma vida de apóstolo, vai receber já nesta vida 100% e ainda a vida eterna. Isso é verdadeiro, pois os que abandonam tudo para pregar o evangelho acabam tendo mais amigos e amigas do que os que têm família. São recebidos sempre com carinho e muito amor. É difícil ver um padre ou alguém que seguiu a vida religiosa passar a velhice abandonado, mas a gente vê muitos que constituíram família nessa condição de abandono.

 

Entretanto, Jesus pede, em outros lugares, que, mesmo constituindo família, as pessoas libertem-se de si mesmas, do pecado, do apego às coisas materiais e mesmo dos demais familiares e da terra natal, “por causa do evangelho” (v. 29). Os apóstolos não abandonaram suas esposas. Estas ou os acompanhavam ou combinavam com eles como resolverem os problemas das ausências (F.A. Pág. 438).

 

Ver 1ª Cor. 9,5: “Não temos nós o direito de levar conosco, nas viagens, uma mulher (=uma esposa) cristã, como os outros apóstolos e os irmãos do Senhor (os primos e parentes próximos de Jesus, chamados de irmãos naquele tempo, por não haver, em hebraico, a palavra “primo”) e Cefas (=Pedro)”? Na verdade, os apóstolos casados, como Pedro (Cefas) geralmente levavam consigo a própria esposa em missão (BJ).

 

Marcos 10,32-34:- TERCEIRO ANÚNCIO DA PAIXÃO.

 

Vejam, por favor, os capítulos 8,31-33 e 9,30-32.

 

Marcos 10, 35-45: OS PEDIDOS DOS FILHOS DE ZEBEDEU.

 

Os apóstolos, mais uma vez, mostraram que não tinham entendido que a missão de Jesus não se referia a ter poderes neste mundo. Quando pedem lugares especiais ao lado de Jesus, não estão pensando em fazer isso no céu, mas aqui na terra mesmo!

 

Se Jesus fosse o rei, no lugar de Herodes ou de César, já pensou quão importante seriam se estivessem ao lado dele? Mas Jesus lhes mostrou o verdadeiro sentido de seu messianismo e de sua realeza. Eles, na verdade, entenderam isso após Pentecostes, e deram a vida por causa de Jesus e de seu Evangelho.

Muitos cristãos lutam, hoje em dia, por privilégios na Igreja ou nas comunidades que frequentam. É incrível que trabalho o pároco tem em “cortar a crista” de tantos fiéis que são dominados pela sede de poder. 

 

Uma coisa que eu nunca entendi, por exemplo, em relação a Jesus, que é o Salvador e, como Deus, é o dono de todo o universo, por que eu posso chamá-lo de “você”, mas para falar com um bispo, uma autoridade eclesiástica, eu tenho que chamá-lo de “Vossa Excelência”? Por que eu posso chamar Deus de “papai” (=Abba), ou de Pai , mas para chamar o papa, que quer dizer “pai” em italiano, eu devo chamá-lo de “Vossa Santidade”? Por que devo chamar o reitor de uma faculdade de “Vossa Magnificência”?

 

Devemos imitar a Jesus, que em vez de deixar que lavassem os seus pés, ele mesmo cingiu-se com a toalha e lavou os pés dos discípulos. Ele veio para servir e não para ser servido, não veio para ser tratado com opulência. Afastemos de nossa vida os desejos de poder e de sermos servido! Procuremos estar sempre a serviço, como Jesus. Mesmo que ninguém reconheça o nosso trabalho!

 

Marcos 10,46-52: O CEGO À SAÍDA DE JERICÓ

 

Mais uma das maravilhosas curas de Jesus. As particularidades deste trecho podem ser percebidas nestes versículos:

 

v 46:- O cego estava sentado à beira do caminho. Isso indica marginalização, isolamento da sociedade e da vida útil em favor dos outros. Há muitas coisas que fazemos ou que vivemos que nos marginalizam e nos isolam: os vícios, os pecados, as manias, a miséria, a ignorância, a prostituição, ou mesmo coisas aparentemente boas, como a instrução universitária, a riqueza, o poder. Jesus é aquele que pode nos livrar da cegueira, que não nos permite ver que estamos marginalizados, e muitas vezes por nossa própria culpa, como vimos.

 

V 47:- Ao perceber Jesus, o cego começou a gritar. A presença de Jesus em nossa vida já nos impele para a cura, para a luta contra a marginalidade de nossa própria vida. Já não queremos mais ficar sentados à beira do caminho, mas participar do trabalho de construção da sociedade. Esse grito do cego vale como um “basta” à vida isolada, à vida desengajada.

V 48:- Muitos o repreendiam, queriam impedi-lo de chegar até Jesus. É assim mesmo que acontece conosco, quando queremos mudar de vida: muitos, por motivos vários, querem impedir-nos e amarrar-nos no vício ou em outras nossas imperfeições, talvez para se manterem acima de nós.

 

Veja por exemplo alguém que queira deixar o vício do álcool: dificilmente seus amigos de bebedeira vão deixá-lo em paz! Eles não suportam ver um seu colega sair do vício e deixá-los lá, ainda viciados. Não podemos desanimar e sucumbir diante desse empecilho.

 

O mesmo acontece com muitas pessoas que seguem a Cristo de determinada forma e impedem ou lutam para que ninguém tente seguir a Cristo de forma diferente deles. Por exemplo: os que seguem a teologia da libertação são criticados por cuidarem, segundo se diz, apenas do “corpo” da pessoa (como se houvesse um grande zíper separando o corpo da alma!). Os que seguem a renovação carismática são criticados por, segundo se diz, cuidarem apenas da “alma” da pessoa. Olha aí o “zíper” novamente!.

v.49:- “Levanta-te” - significa “recomece a vida do nada”, “ressuscite!”; “Estavas morto e agora podes ressuscitar!”.

 

v.50:- “Deixando sua capa”: a capa era o único bem que o cego possuía, e o ajudava a receber as esmolas, além de cobri-lo nas noites frias. Ele, ao jogar fora a capa, tem certeza de que essa vida dele mudou e não precisa mais da capa. Deixou tudo o que o ligava com a vida passada, para abraçar uma nova vida.

 

Irmão, irmã, será que nós já conseguimos “jogar nossa capa fora?”

 

v. 52:- “Seguia-os pelo caminho”. Essa palavra, nos tempos apostólicos, “caminho”, significava ser cristão e seguir a Jesus Cristo no dia a dia. Ser cego é não enxergar Jesus nem ouvir sua palavra. Deixar de ser cego é ouvir Jesus, é enfrentar-se, pesando a própria consciência e, arregaçando as mangas, trabalhar para melhorar a si próprio e aos que necessitam de ajuda para, também eles, livrar-se do mal.

 

 

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