O FILHO PRÓDIGO


03/03/2018 

A liturgia de hoje (sábado da 2ª semana da quaresma) conta a parábola do filho pródigo, no evangelho (Lucas 15,1-3.11-32), e o magnífico versículo de Miqueias 7, 19:
(Deus) “Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados”. 

Eu sinto muita alegria quando leio essa frase. Ela me traz uma paz incrível, que só mesmo a confiança na misericórdia divina pode trazer. Nada mais neste mundo pode nos levar a uma alegria realmente autêntica como saber que podemos ser perdoados de nossos pecados, desde que nos convertamos e nos proponhamos não pecar mais. 

Para “arrematar” a minha alegria de hoje, vem o evangelho contando essa parábola fabulosa de um filho que abandonou a casa paterna para “se mandar” pelo mundão e, ao retornar, em vez de encontrar indiferença ou mesmo violência, encontrou acolhida e amor. 

Lucas retrata com incrível sabedoria o que podemos conhecer do Amor infinito de Deus. Como Ele é infinito, nunca vamos alcançar a magnitude desse amor. 

Sempre acho irrefletido o ato de alguns padres em trocar o “todo-poderoso” das orações litúrgicas pelo “todo-misericordioso”. Sabe por quê? Porque Deus só pode ser todo-misericordioso justamente porque é todo-poderoso! Se ele não fosse todo-poderoso também não poderia ser todo-misericordioso! E a misericórdia de Deus vem de sua Santidade, igualmente infinita. 

Uma coisa que me deixa pasmo é o fato de que o filho pródigo não voltou a procurar o pai por estar arrependido. O texto não afirma isso. Ele queria apenas ser recebido como um empregado, ou seja, não esperava ser perdoado. Apenas “aturado” como um empregado. E, mesmo assim, o pai o perdoou e o vestiu com vestes limpas e dignas e com o anel, que indicava autoridade. 

Isso me leva a dizer que, mesmo que não consigamos nos arrepender de coração dos pecados que fizemos no passado, mesmo que não sintamos no mais íntimo de nós o fato de termos pecado, se estivermos conscientes de nosso erro, pedirmos a Deus que nos dê a graça do arrependimento, e pedirmos perdão com a firmeza de não mais pecar, Deus nos perdoará. Talvez tenhamos que nos purificar no purgatório até que nos arrependamos, mas nos livramos do inferno. Se pedirmos a Deus que nos coloque no coração o sentimento de arrependimento, ele nos concederá essa graça. 

Vou dar um exemplo: o menino rouba fruta no vizinho, é admoestado pela mãe, e promete não roubar mais. A mãe perdoa, mesmo sem se preocupar em saber se ele está arrependido ou não. Para a mãe, o importante é ele não roubar mais. Será que o menino se arrependeu de comer aquelas frutas tão saborosas? 

Tenho a oportunidade de recomeçar a vida a cada dia. Não quero deixar passar essa oportunidade. Estar livre de pecados nos leva a mantermos ligação profunda com Deus, por Maria, com Jesus, e estaremos, assim, caminhando em direção à felicidade futura do paraíso. 

As ilusões do mundo são fantásticas, mas mentirosas. Só nos trazem desgastes e sofrimentos. Dão um prazer imediato, mas desapontamentos futuros. A renúncia a tudo o que possa nos separar de Deus é difícil, mas se fizermos as contas, traz menos sofrimentos do que a consequência de nossos desmandos. A renúncia sempre é seguida pela paz, pela alegria, pela certeza de que estamos agradando ao nosso Deus e Senhor, que nasceu entre nós para nos levar ao seu Reino de Amor. Ele é apaixonado por nós. 

Se você estiver lendo isto por acaso e não está nem aí com esse assunto, eu o (a) aconselharia a pensar um pouco. O filho pródigo pensou a tempo e voltou, mesmo sem ter sentido arrependimento. Eu já estou pensando no assunto e pedindo a Deus que não me abandone. E você, já está dando entrada a Deus em sua vida? A gente começa a fazer isso com a oração. 


Se você não tem costume de rezar, comece dizendo: “Meus Deus, me ajude. Faça com que eu vos ame. Tende piedade de mim”! Repita isso o dia inteiro”! Foi assim que o Beato Irmão Carlos de Foucald se converteu.

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