A UNÇÃO DE BETÂNIA E OS POBRES

O evangelho de segunda-feira da Semana Santa (João 12,1-11), fala sobre o bálsamo caríssimo com que a mulher ungiu os pés de Jesus, e que foi criticado por Judas Iscariotes e pelas autoridades do judaísmo ali presentes.


Reacende a discussão: Igreja enriquecida com ouro e coisas caras ou ajuda aos pobres?

O missal cotidiano comenta, citando V. Mannucci: “Que seria a Igreja se a bolsa de Iscariotes estivesse cheia para os pobres e a casa de Betânia vazia de perfume?” Essa afirmação aprova o gasto com coisas que deixem a igreja e a liturgia mais ricas materialmente falando. 

Eu discordo de certa maneira disso, parafraseando Santo Ambrósio, que já afirmava que não podemos querer agradar o Cristo dourando os cálices da igreja enquanto esse mesmo Cristo está morrendo de fome na pessoa do pobre! Acredito que nenhuma igreja faz isso, mas fica aqui o lembrete para que isso não aconteça. 

Essa questão estará plenamente resolvida se levarmos em conta que, “perfumar os pés de Jesus” hoje, significa, principalmente, SOCORRER OS POBRES, FAMINTOS, NECESSITADOS e, entre os necessitados, tanto pobres como ricos doentes, abandonados ou marginalizados. Não há como fugir disso! É Santo Ambrósio que diz: “Se sobrar dinheiro, aí sim, podemos dourar os cálices usados na igreja”. 

Por outro lado, como disse um leitor no comentário, só quem "esbanja tempo" com Jesus pode "esbanjar tempo" com os pobres. Concordo com ele, mas lembro que muitas pessoas no mundo não conhecem Jesus, e ele mesmo disse que tudo o que fizermos pelos pobres e necessitados estaremos também fazendo para ele. Sendo assim, o tempo esbanjado com os pobres já é, também, como eu disse acima, um tempo esbanjado com Cristo. 

Aproveitando os assuntos desta Semana Santa, lembro também que é preciso cuidarmos para não fazermos o que Hebreus 10, 26 diz, na leitura de segunda-feira: “Se pecarmos voluntariamente e com pleno conhecimento da verdade, já não há sacrifícios pelos pecados” ou seja, já não há possibilidade de perdão, pois pecar “voluntariamente e com o conhecimento da verdade” é renunciarmos a Jesus Cristo e à Salvação trazida por Ele (missal). Pensemos nisso nesta Semana Santa!

E outra coisa desta Semana Santa: nós não cumpriremos a obrigação do jejum nem a da abstinência de carne, na sexta-feira Santa, se comermos bacalhoada ou peixe daqueles suculentos.

Esse é um dia de penitência, e na minha modesta opinião, não deveríamos comer nem peixe: apenas alguma coisa comum e leve para nos sustentar. Deixemos a bacalhoada e os peixes para sábado ou domingo de Páscoa! Se for comer essas coisas gostosas, coma então uma carne de segunda, que estará fazendo maior penitência.

Termino com a leitura de hoje, terça-feira da Semana Santa, do ofício das leituras: “Não resististes até o sangue em vosso combate contra o pecado! “ (Hb 12,4) e S. Basílio: “Imitar a Cristo(...) em primeiro lugar, é romper com a vida passada”.

Comentários

  1. Olá, a paz de Jesus. Uma crítica construtiva: vc pegou uma frase. Desta forma sim devemos fazer nossa critica. Mas o comentário diz: "O culto do homem-Deus vale mais que a luta em prol dos pobres. É, como se custuma dizer, uma pobreza vertical que a todos nos diz respeito, é nossa. uma vez recinhecida, esta pobreza se exprime num gesto gratuito de adoração, cria o espaço 'inútil' da liturgia, oferece a Deus as primícias, tiradas da boca. Na vida de fé é um gasto inevitável e amável, um evaporar-se em nada: homens e mulheres que se esbanjam consagrando-se a Deus, tempo perdido na oração. Que seria a Igreja, se a bolsa do Iscariotes estivesse cheia para os pobres e a casa de Betânia vazia de perfume?" (V. Mannucci). Minha obs: somente quem se doa como Cristo, quem ama o Cristo, "esbanja" com ele será capaz de esbanjar com os pobres. Abraços. Deus te abençoe.

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    1. Concordo com você. Acho que é necessário acrescentar esse sentido mencionado por você no texto: "somente quem se doa como Cristo, quem ama o Cristo, "esbanja" com ele será capaz de esbanjar com os pobres". Entretanto, para muitos que não conhecem Jesus, tudo o que estiverem fazendo pelos pobres e necessitados estarão também fazendo com ele, conforme o próprio Jesus disse.

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