MARIA, MODELO PARA A IGREJA

Maria, um modelo para a Igreja 


Pe. Nelito Dornelas 
Ao longo da história da piedade popular, Maria ficou conhecida por centenas de nomes: Mãe, Virgem, Rainha, Imaculada Conceição, Mercês, Rosário, da Paz, da Ajuda, da Abadia, de Aparecida, do Perpétuo Socorro, das Graças, de Guadalupe.
Essas manifestações de Maria nos dizem mais sobre as nossas próprias necessidades e expressam aquilo que a Igreja deve ser em cada situação própria da vida e da história. 

Maria encontrou e encontra uma enorme mobilidade e atualização do mistério da encarnação de Jesus ao imaginário popular, adequando-se às necessidades religiosas de cada época. A Igreja constantemente volta-se para ela a fim de motivar o aspecto de discipulado cristão, como forma de reavivamento da fé. Ela é para a Igreja o modelo para atualizar na história, o amor, a justiça a e a misericórdia de Deus. Como os tempos e as culturas mudam, cada época procurou formar sua imagem de Maria, atualizando-a de acordo com seu ideal, para responder ao desafio do discipulado cristão, às vezes mais próximas da imagem de Maria no evangelho, outras vezes mais distante. 

Max Seeler, um dos estudiosos da psicologia da imitação, tem demonstrado que as figuras que servem de modelo concentram em si a ideia de valor e age no discípulo com a força que emana de sua personalidade, impondo-se não com a autoridade, mas com a fascinação de sua presença. 

O modelo é "o valor encarnado em uma pessoa, uma figura ideal que está sempre presente na alma do indivíduo ou do grupo, de modo que este vai tomando pouco a pouco seus traços e se transforma nele; seu ser, sua vida, seus atos, consciente ou inconscientemente, se regulam por ele, uma vez que o sujeito tenha que contentar-se por seguir seu modelo, uma vez que tenha que reproduzi-lo não imitá-lo". 

O Papa Francisco nos fez saber que a Igreja no Brasil temu m modelo a seguir em Nossa Senhora Aparecida. Por ocasião do encontro da imagem de Aparecida, os pescadores estavam em busca de pão, usavam um barco frágil e velhas redes. Deus, que sempre nos surpreende, se manifestou no encontro de uma imagem dividida, divisão que nos lembra a divisão social da época entre patrões e escravos. Com esse fato, a Igreja deve aprender que a sua missão é a de unir o que está separado. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. Não esperar, para isso, ter meios extraordinários. Como os pescadores fizeram, cabe à Igreja acolher o mistério de Deus, ministério que encanta as pessoas e as atraem. Não podemos nos esquecer de que Deus aprecia os meios pobres e que o resultado do trabalho pastoral não se baseia na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor. Agindo com essas convicções, na hora certa, Deus se manifestará. 

Com D. Pedro Casaldáliga afirmamos: Maria, Filha do povo saído da primeira escravidão. Filha do povo caído, na segunda dominação. Filha do Pai Abraão, retirante à procura, sempre clara, sempre escura, de uma nova promissão. Retirante a caminho, todos nós, pobres e réus, buscamos no teu carinho a casa e a paz de Deus, a mesa do Pão e do Vinho, nascido no ventre teu, a terra certa na Terra e a Nova Terra nos céus (1978).

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