MARIA E VAN THUAN


MARIA, VAN THUAN E O SACERDOTE 



Escrevi isto numa festa do Imaculado Coração de Maria e terminei a postagem em 07/01/2013.
Nesse dia eu li um trecho sobre Maria no livro do Cardeal Van Thuan, preso por 13 anos no Vietnã, sendo 9 de solitária (de 15/08/1975 a 21/11/1988), e foi esse trecho que me inspirou escrever este texto. De todos os contatos que Jesus fez, o contato com sua mãe, Maria, foi o mais íntimo. Ninguém teve tanta intimidade com Jesus quanto Maria. É só pensar um pouco em todo o cuidado que ela teve com ele desde antes do nascimento até a fase adulta, quando ele praticamente saiu de casa para pregar o evangelho. Diz o Cardeal, página 72 do livro "Cinco pães e dois peixes": 

"Para mim, Maria é como um evangelho vivo, bem prático, de grande difusão, mais acessível que a vida dos santos (...) Maria vive completamente para Jesus. A sua missão foi compartilhar a sua obra de redenção. Toda sua glória vem dele. Isto é: a minha vida não valerá nada se me separar de Jesus!" 

Sem dúvida, a Eucaristia foi o que conservou vivo e animado esse santo cardeal da Igreja em seu tempo de prisão árida, escura e solitária. 

Maria não tem a onipresença (=estar em todos os lugares) e a onisciência (saber tudo o que acontece) por natureza, mas dizem vários santos que isso lhe foi concedido por Deus desde que ela entrou no paraíso. Para Deus, nada é impossível. Apenas lhe é impossível tornar Maria uma deusa. Maria não é deusa. Alguns católicos precisam tomar um certo cuidado com isso! Maria continua uma pessoa humana, com atributos especiais concedido a ela por Deus, sem falar da Imaculada Conceição, com que ela foi agraciada já aqui na terra. 

Sendo assim, Deus deu um jeito de Maria ficar sabendo de nossos problemas e interceder por nós junto a Jesus, que é nosso único intercessor junto ao Pai. Podem confiar nela! E como diz uma frase em Aparecida, "Peça à Mãe que o Filho atende!". 

Não posso afirmar teologicamente, só mesmo por meio do "achismo", mas acho que o nosso Anjo da Guarda tem muito a ver com o "leva e traz" de orações e pedidos. Quando rezo pedindo a intercessão de algum santo, por exemplo, talvez seja o nosso Anjo quem leva a ele o recado, o pedido. Com Maria também pode ocorrer esse processo. Em Fátima, um anjo veio antes de Maria preparar o ambiente com a Lúcia, Jacinta e Francisco. De qualquer forma, sei que Maria recebe nossos pedidos e anseios e nos ajuda. 

Diz o Cardeal Van Thuan, no livro citado, página 81:"Se escutarem Maria, vocês não perderão o caminho. Em qualquer coisa que empreendam em seu nome, não fracassarão. Honrem-na e alcançarão a vida eterna!". 

Van Thuan rezava muito a Maria e sempre foi atendido, mostrando serem verdadeiras as palavras acima. Não só pedia a Maria, mas também se oferecia a ela como seu servo: "Mãe, que posso fazer por ti? Estou pronto a cumprir tuas ordens, a realizar tua vontade para o reino de Jesus". E explica o resultado dessa oração: 

"Então uma paz imensa invade o meu coração, não tenho mais medo"(págs 69 e 70). Não era fácil a vida dele naquela prisão! 

O momento em que ele mais se sentia filho de Maria, e unido a ela, era na Santa Missa, quando pronunciava as palavras da consagração. Nesse instante, na verdade, o sacerdote é identificado com Jesus Cristo, "in persona Christi", "na pessoa de Cristo". 

Meditando esse trecho, imaginei o quanto o sacerdote é privilegiado quando, por alguns instantes, durante a Missa, torna-se o próprio Jesus, filho de Maria, o mesmo que esteve em seu ventre durante nove meses, o mesmo que foi por ela amamentado por vários anos, pois naquele tempo e lugar as mães amamentavam os filhos por seis anos! 

Entretanto, é o mesmo Jesus que, na tristeza, ela viu morrer na cruz. 

Sinto muita ternura e alegria ao cantar a música de um padre já falecido, o Pe. Ricardo Dias Neto, lembrando-me desse instante maravilhoso em que eu me torno Jesus, filho de Maria, na Santa Missa: 

"Ia longe o dia, em Jerusalém, junto à cruz, Maria. Tão triste, não vi mais ninguém. Quero, Maria, ser teu Jesus, mesmo que um dia morra na cruz! Quanta dor sentias, Mãe, ao contemplar, teu Jesus querido, na cruz, meus pecados pagar. Desde aquele dia, jamais encontrei ser igual Maria. Tão triste, não vi mais ninguém!". 

Entretanto, um tremor percorreu-me o corpo todo. Quanta responsabilidade tem o sacerdote em tornar-se Jesus, mesmo que por apenas alguns segundos! 

Quanta pureza deve ele ter no coração! Quanto amor e partilha em relação ao próximo! Sim, pois como pode alguém ser Jesus e ao mesmo tempo individualista, hipócrita, tendencioso, lascivo, comilão, aburguesado, acomodado, curioso, fofoqueiro, bajulador, simoníaco, agressivo, impaciente, irado, se faz acepção de pessoas, imortificado, incapaz de amar e de deixar-se amar, se julga as pessoas? 

Sinto na pele o que diz Hebreus 12,10: "Deus nos purifica para que possa transmitir-nos sua santidade". 

Jesus, quando esteve dentro de Maria, deixou nela todo o seu perfume. Ao chegar perto de Maria, sentimos o perfume deixado nela por Jesus. 

Se seguirmos a ideia do Cardeal Van Thuan, de que naquele momento que o sacerdote celebra a Missa, no momento da Consagração, ele é o próprio Jesus, e filho não só adotivo, mas legítimo de Maria, então... Jesus deixará também nele seu perfume! 

Aliás, isso se aplica também a todos os que comungam: tornam-se outros Cristos, recebem o perfume da santidade de Jesus, conforme diz S. Paulo numa de suas cartas: "Nós somos o perfume de Cristo". 

Entretanto, se pecarmos, o mau odor do pecado cobrirá e inutilizará o perfume deixado em nós por Jesus! 

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