Ir. ANANIA - A CONVIVÊNCIA


CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA SEGUNDO A IRMÃ ANANIA IMC – MISSIONÁRIA DA CONSOLATA


Nasceu em 13/05/1920, faleceu a 10/03/2020, com quase 100 anos de idade, sendo uns 80 anos vivendo em comunidade.

Deus nos ama e por isso quer nossa alegria! Vou falar alguma coisa sobre a vida comunitária, a que somos submetidos diariamente.

Vivemos em comunidade sem escolher as pessoas e caminhamos juntos. Cada um é um e tem o seu temperamento. Eu, ele, ela, somos do jeito que somos.

Na Quinta-feira Santa, o Evangelho acompanhado da liturgia nos mostra o “Lava-pés” faz todo um processo de lembrar constantemente a mim mesma que “eu não posso exigir que quem vive ao meu lado seja do jeito que eu gostaria que fosse”. E todo este processo leva a pessoa a deixar o espaço para que a outra ou o outro SEJA. É esta a grande lição do Lava-pés.

Pensamos refletindo: “Por que às vezes sou tão exigente com quem vive ao meu lado? Por que olho as diferenças como ameaças e não as vejo como algo que pode me ajudar a crescer? Por que não me convenço de que caminhar em companhia é menos pesado do que carregar sozinha, sozinho, os pesos, as preocupações, os maus momentos, e a partilha é sempre a melhor saída?”

Lemos em São João Bergmans: "Máxima penitência é a vida em comum”. E é a verdade. Pensamos em Jesus, na vida diária com os apóstolos, quanta paciência! Quantas renúncias para não responder! E quando responde, com que mansidão!

Compreendo que para muitos que estão em ambientes em que não há como deixar de viver em companhia a tais e tais pessoas (como nas comunidades religiosas, paróquias, internatos etc.), mesmo em família, deve ser uma grande penitência suportar os (as) colegas, muitas vezes pessoas revoltadas, vingativas, nervosas, sem educação, cheios de si, não se importando com as outras, orgulhosas etc, etc.

O conselho que posso dar a vocês que estão nessa situação forçada é fazer silêncio e a “guerra” acaba. Pensem: então não adianta falar. A razão é sempre deles. O orgulho é algo demoníaco!

Quando vocês percebem que alguma palavra ou seu modo de agir pode atrapalhar, não digam e não façam. Eu considero isso “morrer continuando vivo”. Todos temos a nossa sensibilidade e o mais esperto e o mais virtuoso é o que fica calado. Isso é duro, mas nós, consagrados, devemos caminhar neste caminho.

Jesus lavou os pés de Judas, mesmo sabendo que ele era o traidor! Peçamos a Jesus a graça de aprender a ser humildes e mansos de coração, como Ele era! (Mt 11,29).

Tudo isso que falo para vocês serve também para mim, mesmo que vivo em comunidade desde 1940 e a experiência me diz que, quanto menos falo, mais ganho.

Porém, eu me sinto amada, compreendida, é minha alegria viver junto. As conversas não trazem confusão, mas ajudam a crescer, porque se vê em ambas as partes que, se queremos bem, o que acontece são coisas humanas: hoje eu, amanhã você, e tudo acaba.
Eu sou feliz por viver em comunidade e agradeço ao Senhor de ver muitos exemplos bons que me ajudam a ser melhor. Para viver em comunidade se deve admitir que todos temos o nosso modo de ser: Se eu quero que me suportem, também devo suportar os outros, as outras. Quero sempre ter razão, mas os outros também querem tê-la, e como se faz? Cala-se, e os outros também se calarão por sua vez.

Deus esteja em seus corações e lhes faça sentir cada vez mais a beleza do dom da vida, única, que passa e não volta mais. Aproveitem a vivê-la como um incenso derramando a cada dia o perfume do seu testemunho do amor a Deus por tê-los escolhido pelo Batismo, e amado.

Os sofrimentos pelos quais muitos passam não são castigos, mas uma prova de amor, porque oferecendo a Ele os sofrimentos, os purifique e os faça grandes santos e santas.

Rezo sempre por todos os que sofrem, e digo a Nossa Senhora, a Mãe puríssima, que os e as guarde, os e as proteja e faça todos e todas sentirem o carinho de Mãe.


Irmã Anania, Missionária da Consolata.          

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