A INTERCESSÃO DOS SANTOS E DE MARIA


A intercessão pode ser vista na bíblia toda, no que se refere a pessoas intercedendo por outras. Veja por exemplo Gênesis 18,17-33 (Abraão intercede por Sodoma e Gomorra); João 17 (Jesus intercede por todos os que viviam e que viveriam no futuro); Isaías 53,10 a 12, (um dos cantos do servo de Javé, em que ele intercede por todos.).

O raciocínio é o seguinte: Se eu posso rezar, interceder por você agora, em que ambos somos pecadores, por que eu não poderia continuar a rezar por você se eu morresse e fosse para o céu? Os santos evitaram o pecado e viveram santamente. Maria, Mãe de Deus, Imaculada, Sempre Virgem, por que não poderia rezar conosco, pedindo a proteção de Deus para nós? Quer dizer que eu posso rezar por e com você, mas Maria não pode? São Benedito não pode?

Eu já disse, acima, que Jesus não mente nunca. E ele nos contou a história do Lázaro, pobre, e do rico pão duro, em Lucas 16, 19-31. Ambos morreram e o rico pediu a intercessão de Abraão para que seus irmãos fossem avisados, e até pediu que Lázaro ressuscitasse e fosse lá convencer seus irmãos. Disse e repito: se não fosse desse modo, Jesus nunca teria contado essa história.


Quando pedimos a intercessão de Maria ou de alguma pessoa que viveu em santidade, na verdade estamos pedindo que ela reze conosco, a fim de que Jesus interceda por nós ao Pai e recebamos aquela graça. Nós acreditamos, como os outros cristãos, que Jesus é o nosso único intercessor junto ao Pai.

Os anjos também intercedem por nós, como podemos ver em Mateus 18,10; Jó 5,1; cap. 33,23-24; Salmo 91,11-13; Apocalipse 8,3; Zacarias 1,12 (o anjo intercede por Jerusalém). Não há como negar esses textos todos! A Igreja é unida, reza unida, seja a parte dela que ainda está aqui (a Igreja padecente), seja a parte dela que já está no paraíso (a Igreja triunfante).


Quanto aos anjos da guarda, podemos ler Mateus 18, 10; Atos 12,15 (o anjo da guarda de Pedro); Gênesis 24,40 (“O Senhor enviará a ti o seu anjo e dará feliz êxito à tua viagem). Gênesis 48,16; Êxodo 23,20-21 : “Vou enviar um anjo adiante de você para protegê-lo no caminho e para conduzir você ao lugar que lhe preparei. Esteja de sobreaviso em sua presença, e ouça o que ele lhe disser. Não lhe resista, pois ele não lhe perdoaria sua falta, porque meu nome está nele”. Eles intercedem por nós e nos protegem em nossa caminhada nesta terra, se pedirmos isso a eles. Não podem interferir em nossa vida sem o nosso consentimento e são muito sábios e inteligentes. 


Dos Sermões de São Bernardo, abade sobre os santos, no dia 01 de novembro, dia de Todos os Santos. Se quiser ver outros textos, tiramos este do site da Liturgia das Horas, que você encontra na nossa lista de blogs, ao lado direito da página.

(Sermo2: Opera omnia, Edit.Cisterc. 5[1968],364-368) - (Séc.XII)

Apresemo-nos ao encontro dos irmãos que nos esperam

Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica? De que lhes servem nossos elogios? Os santos não precisam de nossas homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente.

Em primeiro lugar, o desejo que sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem- aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos profetas, ao senado dos apóstolos, ao numeroso exército dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os santos e com todos nos alegrarmos.

 A assembléia dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos.





Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes.


Tenhamos gosto pelas coisas do alto. Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao


encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam.


Seja-nos um incentivo não só a companhia dos santos, mas também a sua felicidade.


Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é


má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles.






O segundo desejo que brota em nós pela comemoração dos santos consiste em que Cristo, nossa


vida, tal como a eles, também apareça a nós e nós juntamente com ele apareçamos na glória.


Enquanto isto não sucede, nossa Cabeça não como é, mas como se fez por nós, se nos


apresenta. Isto é, não coroada de glória, mas com os espinhos de nossos pecados. É uma


vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos. Por enquanto a


púrpura não lhe é sinal de honra, mas de zombaria. Será sinal de honra quando Cristo vier e não


mais se proclamará sua morte, e saberemos que nós estamos mortos com ele, e com ele


escondida nossa vida. Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela refulgirão os membros


glorificados, quando transformar nosso corpo humilhado, configurando-o à glória da Cabeça,


que é ele mesmo.






Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito esperá-la


e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos


santos. Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua


intercessão.







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