quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A OBEDIÊNCIA


OS ENSINAMENTOS DE JESUS

Jesus nos salvou porque obedeceu ao Pai durante toda a sua vida, e esta á a virtude mais difícil de ser cumprida: a obediência. Obedecendo a Deus, aos nossos superiores, aos nossos chefes no trabalho, sempre acertaremos e teremos paz e confiança. É claro que eu excluo aqui ordens que contrariam a lei moral ou a vontade de Deus.

Jesus obedeceu plenamente ao Pai, deixando por um tempo as “mordomias” divinas para ser igual a nós em tudo, menos no pecado (Filipenses 2,6-11). Só quem faz a vontade de Deus entrará no céu (Mateus 7,21)

Muitas coisas que se escrevem a respeito da obediência e de outras virtudes, mostrando desvios que diminuem a intensidade da renúncia de nós mesmos para praticá-las, correm o risco de se trair a palavra de Jesus sobre o assunto, de modo que ela caiba em qualquer situação. Há um autor, Felicisimo Rodriguez, espanhol, que fala muito sobre esse assunto em seu livro sobre a vida religiosa: “A maior traição que se faz ao texto evangélico é diminuir tanto a sua intensidade que ele caiba em qualquer situação em que vivermos”.

Vejo isso, por exemplo, numa denominação religiosa moderna, com muitos adeptos (a igreja universal) que aprova o aborto em pessoas estupradas. Estou certo de que Deus vai retirar suas bênçãos sobre os que apregoam esse assassinato e dizem que é coisa correta. O “bispo” que comanda essa denominação diz mais: que se deve abortar a criança para que ela não passe fome depois que nascer. Meus Deus, que monstruosidade! 

Como Deus poderia abençoar uma coisa dessas? Qualquer tipo de assassinato, inclusive qualquer tipo de aborto, é condenado por Deus e isso foi ratificado por Jesus. Quem segue conscientemente esse tipo de doutrina põe em perigo a sua salvação. Seja qual for o motivo pelo qual uma mulher ficou grávida, ninguém, NINGUÉM MESMO pode matar a criança, esteja ela em que estágio da gestação estiver.

Concluindo o assunto “obediência”, digo que se o superior que estiver dando a ordem for idôneo, honesto, devemos simplesmente obedecer, sem nos preocupar com mais nada. Poderíamos até conversar sobre a ordem recebida, dialogar com quem a deu, desde que isso não seja motivo de desavença e inimizade. “O combinado não é pesado”, diz o ditado.

Pergunto? Você obedece sem reclamar aos seus pais, no caso das crianças, ou aos seus superiores, no caso dos adultos?

Jesus obedeceu em tudo ao Pai. O que você acha disso?

Qual é a maior dificuldade na obediência, no seu ponto de vista?


ORAR E VIGIAR


Jesus rezava sempre, antes de tudo o que fazia, em todas as ocasiões, de madrugada, no meio do povo, e nisso deu-nos bom exemplo. Temos que rezar pelo menos duas horas diárias, que é quase o dízimo do dia em termos de oração.
O dízimo seria duas horas e vinte e quatro minutos. Quem quiser progredir na virtude, tem que rezar. Não há outro modo, outro caminho. Sem a oração, nunca conseguiremos nos encontrar com Deus e mudar a nossa vida para a santidade. 

Hoje em dia, mais do que nunca, precisamos nos acostumar a aprendermos a nos isolar no meio do barulho, que hoje é tão constante, e no meio das pessoas para entrarmos em contato com Deus e ao mesmo tempo nos aprofundarmos em nossa vida. 

Sobre a oração, seria bom ver também Mateus 14,19.23; cap. 26,36-44; Marcos 1,35; Lucas 5,16; cap. 15, 36; cap. 26,26-27; cap. 3,21; cap. 6,12; cap. 11,1; cap. 9, 18.28-29; João 17,1-5; cap 14,16 e muitos outros trechos.

A oração pode ser individual ou comunitária, vocal ou mental e de contemplação. Muitos fazem a leitura orante da bíblia, que consiste nestes passos: 

– ler um trecho bíblico; 

– meditá-lo; 

– orar sobre o que meditou; 

– contemplar Jesus baseando-se no texto e na oração. 

Diz Santo Agostinho que o Pai-nosso é a oração mais completa que existe, e que não há nenhum pedido que não esteja incluído nela. No Pai-nosso fazemos sete pedidos, sendo três relacionados à glória de Deus e quatro relacionados à nossa vida. Veja o Pai-nosso em Mateus 6,9-13. 

Há no Novo Testamento algumas parábolas que falam da oração. Veja e medite sobre o que elas dizem: Lucas 11,5-8, o amigo importuno; Lucas 18,1-8, o juiz iníquo; Lucas 18,9-14, o fariseu e o publicano.

Diz 1ª Tessalonicenses 5,17: “Orai sem cessar”, ou seja, sem desânimo. Se nos mantivermos sem pecado, tudo o que fizermos de bom será recebido como oração. Se não recebermos as graças, é porque Deus tem outros planos em seus desígnios. Entretanto, não nos iludamos: um tempo diário só de oração é muito importante e necessário. Jesus ficava o dia todo curando pessoas, pregando o evangelho, mas se retirava, de madrugada, a um lugar deserto para orar, sozinho, ao Pai. Veja isso em Marcos 1,29-39. É muito comodismo nosso deixar a oração pessoal achando que basta fazermos o bem. 

Outro esclarecimento: A oração, em si mesma, não é poderosa, como vemos em propaganda: “Oração poderosa ao menino Jesus de Praga”, ou coisas desse tipo. Qualquer oração, se for feita com sinceridade, vai ser ouvida por Deus, nenhuma delas ficará sem resposta. Se Deus não nos atender do modo como pedimos, vai talvez dar um direcionamento diferente ao nosso pedido, de modo que estejamos sempre juntos a Ele, agora e depois de nossa morte. 

Confiemos plenamente nele! Ele sabe o que é melhor para nós, e para executar seus planos, só precisa de nosso consentimento, que é dado pela oração. Na verdade, não são tanto as palavras da oração que movem Deus a nos ajudar, mas o simples fato de estamos ali, diante dele, pedindo que Ele interfira em nossa vida. É o que eu entendo com Apocalipse 3, 20; “Eis que eu estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos juntos.” Pela oração, estamos abrindo as portas de nossa vida a Ele, para que Ele possa executar em nós o plano que tem a nosso respeito. 

Nesse sentido, eu acho horrível e muito errado obrigar Deus a fazer o que quer que seja para nós, “determinando” a graça, como ouvi em programas evangélicos e até católicos. Não podemos determinar a graça de Deus. Ele que nos conceda o que bem entender! Veja o que diz Tiago 4,3-4 e 14-16 a esse respeito: em tudo busquemos a vontade de Deus. 

Quanto à oração comunitária, devemos participar sempre que pudermos. Se não pudermos participar da Missa ou da Liturgia da Palavra pelo menos uma vez por semana, busquemos a companhia de alguém e façamos com essa pessoa uma leitura bíblica, conversemos um pouco sobre essa leitura e façamos uma oração em comum. Esse costume cumpre, de certa foma, a obrigação de participarmos da S. Missa uma vez por semana, principalmente nos domingos. Eu fiz isso várias vezes, nas férias, quando não havia nenhuma igreja perto e nenhum modo de celebrar a Missa. 

Quanto à vigilância, veja Mateus 26,41; 1ª Pedro 5,8-9; 1ª Timóteo 4,26; Marcos 13,33-37; Apocalipse 16,15. Jesus insistiu muito sobre a vigilância. Sem vigiar, não adianta rezar. Vigiar é precaver-se dos perigos de pecar. Para isso, precisamos nos conhecer bem, nos aceitarmos como somos. Não fiquemos feito bobos dando rodeios! Sejamos humildes e saibamos que precisamos vigiar, que não temos forças para enfrentar certas situações perigosas. Aceitemos nossas limitações, sejam elas quais forem! Não adiante mentirmos para nós mesmos. Se quisermos dar uma de valente, vamos nos esborrachar no chão.

Quando você perceber que vai entrar numa situação em que é fraco, tente não entrar nela, e vai ser mais fácil vencer. Exemplos: Para vencer o vício de fumar, nunca fume o primeiro cigarro; contra o vício de bebidas alcoólicas, nunca beber o primeiro trago; para vencer a antipatia contra alguém, previna-se de bondade e paciência logo que perceber que irá encontrar esse alguém. E assim por diante. Isso é vigiar. 

Diz João 8, 32: “ A verdade vos libertará”. 

Ser puro de coração (Mt 5,1-12 ) é não usar máscaras, não ser fingido, nem falso, nunca mentir. A mentira nunca nos levará à santidade. Se quisermos recomeçar nossa vida, temos que mudar o caminho, pois se seguirmos pelo mesmo que até agora usávamos, vamos chegar ao mesmo objetivo: nossa ruína. Se quisermos atingir um objetivo melhor, mais santo, temos necessariamente que tomar outro caminho. 

Grave isto: seja sempre sincero, tanto com você mesmo como para com os outros. Nunca minta, nunca se engane com falsos atributos dados a você para você mesmo. Ou seja: assuma sempre suas fraquezas e limitações! Aceite-se primeiro, para depois mudar. 

Só uma pergunta hoje: Quanto tempo você passa dormindo e quanto tempo você passa rezando?

EM BUSCA DA SANTIDADE

 
A palavra “santo” significa “consagrado”. Pelo batismo nós nos tornamos santos, ou seja, consagrados.O cálice da missa, por exemplo, é santo, ou seja, consagrado, para nele ser colocado o Corpo e o Sangue de Cristo. Nós nos chocaríamos, nos escandalizaríamos se víssemos alguém tomar uma pinga ou mesmo café no cálice consagrado. No entanto, fazemos muito pior com o nosso corpo e a nossa alma, profanando-os com tantas coisas perniciosas.

Em 8/3/2021 eu tive um sonho muito bonito em que eu pregava em estradas poeirentas e para grupos de pessoas reunidas ao longo dessas estradas. A principal frase da pregação que eu fazia, lembro-me de que era mais ou menos isto: 

"A chave da santidade é o reconhecimento dos próprios pecados. Geralmente temos mais facilidade em reconhecer os pecados dos outros do que o nosso. E eu sou um deles". 


O pecado pode ser grave (mortal) ou leve (venial). Diz São João em 1ª João 5,17: “Toda iniquidade é pecado, mas há um pecado que não conduz à morte”. E no vers. 16B, acrescenta: “...Existe um pecado que conduz à morte”.

A Igreja ensina que há três condições para que um pecado seja grave:


primeira – a matéria seja grave;

segunda- a pessoa tenha consciência do que está fazendo;

terceira- a pessoa tenha pleno consentimento do que está fazendo. 

Por exemplo: nem sempre matar uma pessoa é pecado. Vou dar dois exemplos: um ladrão mata alguém para roubar: isso é pecado grave. Mas se alguém, que estava sendo roubado, mata o ladrão em legítima defesa: isso não foi pecado algum. Veja bem:

1- a matéria foi grave nos dois casos, pois alguém morreu.

2- nos dois casos houve plena consciência do que se estava fazendo. Ou seja, os dois estavam conscientes e sabiam que matar é pecado e crime.

3- Não houve pleno consentimento por parte daquele que estava sendo roubado, ao passo que houve pleno consentimento naquele que estava roubando. Aí está a diferença entre pecado e não pecado. 

Devemos buscar a santidade por vários motivos:

-sermos agradecidos a Deus que nos criou, nos redimiu, nos dá uma vida eterna;

-para participarmos dessa vida eterna;

-para estarmos mais de acordo com o projeto de Deus ao nos criar. Como o liquidificador não foi feito para lavar meias (e não fazemos isso), o nosso corpo não foi feito para o pecado (e fazemos isso). Pecar é, portanto, como lavar meias no liquidificador. Nós somos a imagem e a semelhança de Deus. Quanto mais nos adequarmos a essa semelhança, mais feliz seremos.

-para sermos realmente felizes. O pecado, principalmente quando é um vício, nos escraviza. A santidade nos liberta e nos enche de alegria, paz, bem-estar e uma verdadeira segurança.

No mundo de hoje, é muito difícil seguir o caminho da santidade. Há maneiras muito fáceis de se voltar contra o que Deus quer para nós. A felicidade nos é apresentada nas coisas materiais e na satisfação de nossas necessidades biológicas, e, pior ainda, nas falsas necessidades biológicas. O que foi criado conosco, por Deus, para conseguirmos viver uma vida tranquila na Terra antes de irmos à nossa morada definitiva no céu, torna-se, graças aos vícios e ao mal, um verdadeiro inferno. 

A santidade não depende apenas de nosso empenho pessoal: é preciso que a peçamos constantemente, diariamente a Deus. Ele facilitará nosso caminho se o deixamos agir em nós. Ele nos dará forças para atingirmos a santidade. Peça-a em todo o seu tempo de oração. Não deixe de pedi-la um dia sequer!

Sugestões:

1- Em primeiríssimo lugar, reconhecer os próprios pecados da mesma maneira como reconhecemos de imediato os pecados alheios. 

2- Procurar ser perfeito em tudo o que faz;

3- Pedir humildemente perdão quando errar, e recomeçar a luta. 

4- A santidade não está em não pecar, mas em não desistir da luta e sempre procurar estar na presença de Deus. 

O CREIO



1- “Creio em Deus Pai todo poderoso, criador do céu e da terra”. Deus criou tudo o que existe. No Gênesis, ao lermos a história de Adão e Eva, devemos saber que é uma história, um simbolismo do que realmente aconteceu.

O PAI-NOSSO - EXPLICAÇÃO


PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME, VENHA A NÓS O VOSSO REINO, SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU. O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAÍ HOJE, PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRAI-NOS DO MAL. AMÉM


O Pai-nosso encerra sete pedidos: três em relação a Deus e quatro em relação a nós.


1º pedido: “Santificado seja o vosso nome” - Com esse pedido, pedimos que todas as pessoas e povos do mundo levem Deus a sério, procurem louvá-lo, agradecê-lo, glorificá-lo.


2º pedido: “Venha a nós o vosso Reino”: que Deus nunca desista de nós e sempre nos perdoe, de modo que possamos fazer parte de seu Reino.


3º pedido: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.- Que procuremos saber qual é a vontade de Deus, por meio da Bíblia, da Igreja e da oração, e a pratiquemos, como ela já é conhecida e praticada pelos anjos e santos do céu.


4º pedido: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”- Pedimos aqui o pão cotidiano, o sustento, e a eucaristia, que é o Pão do Céu, nosso alimento espiritual. Não pedimos aqui riquezas nem coisas supérfluas, mas apenas o necessário para vivermos uma vida boa e agradável, para que nada nos falte. Os discípulos dos apóstolos disseram que aqui nós pedimos também que nunca nos falte Jesus Eucarístico.


5º pedido- “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. - Este trecho é o ponto alto do Pai-nosso, onde pedimos perdão de nossos pecados, mas com a condição de que nós também perdoemos aos que nos ofenderam. Jesus insiste, logo após ensinar essa oração: “Pois,se perdoardes aos homens os seus delitos, também o vosso Pai celeste vos perdoará os vossos delitos; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai não perdoará as vossas ofensas” (Mt 6,14-15).


6º pedido:- “Não nos deixeis cair em tentação” - Com esse pedido, pedimos a Deus que tire as tentações de nossa frente, mas se isso não for possível, que ele nos dê força suficiente para vencê-la. Na verdade, aqui pedimos que nunca caiamos no pior pecado que existe, que é abandonar o caminho de Deus. Pedimos aqui que nunca O abandonemos. Enquanto não O abandonarmos, teremos chance de salvação.


7º pedido:- “Mas livrai-nos do mal”:- Aqui é todo tipo de mal, tanto o mal material como o mal espiritual. Como dissemos acima, o pior mal que pode nos atingir é abandonarmos a Deus.


Santo Agostinho disse que qualquer coisa que pensemos em pedir a Deus, já está incluído no Pai-nosso.

Pergunto: Quantas vezes por dia você reza o Pai-Nosso?

Em quais ocasiões devemos rezá-lo?

A AVE-MARIA - EXPLICAÇÃO


AVE-MARIA, CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONVOSCO, BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DE VOSSO VENTRE, JESUS. SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, ROGAI POR NÓS, PECADORES, AGORA E NA HORA DE NOSSA MORTE. AMÉM.


1)- “Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco”:- Essa saudação do anjo quer dizer que Maria foi indicada por Deus para uma missão especial aqui na terra. Pode ser encontrada em Lucas 1,28


2)- “Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre”:- Este trecho está em Lucas 1,42 , no encontro de Maria com Isabel. Quer dizer que Maria é a escolhida entre todas as mulheres pra ser a mãe de Jesus, que é o mesmo Filho de Deus, que se fez homem em Maria. Maria é um ser humano comum, não é uma deusa, mas é um pouco superior a nós, por não ter nascido com o pecado original: ela foi concebida de modo imaculado, sem pecado. É isso que significa “Imaculada Conceição”. Ela participou ativamente na redenção da humanidade, ao aceitar ser Mãe de Jesus, Mãe de Deus. Há mesmo alguns títulos que lhe dão, como de “Co-redentora”.


3)- “Santa Maria, Mãe de Deus”:- É a frase dita por Isabel em Lucas 1,43: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”. Se Maria é Mãe de Jesus, e se Jesus é Deus, Filho de Deus, Maria é então, realmente, a mãe de Deus, e não só da parte humana de Jesus.


4)- “Rogai por nós, pecadores”:- A INTERCESSÃO DOS SANTOS E DE MARIA: -A intercessão pode ser vista na bíblia toda, no que se refere a pessoas intercedendo por outras. Veja por exemplo Gênesis 18,17-33 (Abraão intercede por Sodoma e Gomorra); João 17 (Jesus intercede por todos os que viviam e que viveriam no futuro); Isaías 53,10 a 12, (um dos cantos do servo de Javé, em que ele intercede por todos.).


O raciocínio é o seguinte: Se eu posso rezar, interceder por você agora, em que ambos somos pecadores, por que eu não poderia continuar a rezar por você se eu morresse e fosse para o céu? Os santos evitaram o pecado e viveram santamente. Maria, Mãe de Deus, Imaculada, Sempre Virgem, por que não poderia rezar conosco, pedindo a proteção de Deus para nós? Quer dizer que eu posso rezar por e com você, mas Maria não pode? São Benedito não pode?


Jesus não mente nunca. E ele nos contou a história do Lázaro, pobre, e do rico pão duro, em Lucas 16, 19-31. Ambos morreram e o rico pediu a intercessão de Abraão para que seus irmãos fossem avisados, e até pediu que Lázaro ressuscitasse e fosse lá convencer seus irmãos. Disse e repito: se não fosse desse modo, Jesus nunca teria contado essa história.


Quando pedimos a intercessão de Maria ou de alguma pessoa que viveu em santidade, na verdade estamos pedindo que ela reze conosco, a fim de que Jesus interceda por nós ao Pai e recebamos aquela graça. Nós acreditamos, como os outros cristãos, que Jesus é o nosso único intercessor junto ao Pai.


Os anjos também intercedem por nós, como podemos ver em Mateus 18,10; Jó 5,1; cap. 33,23-24; Salmo 91,11-13; Apocalipse 8,3; Zacarias 1,12 (o anjo intercede por Jerusalém). Não há como negar esses textos todos! A Igreja é unida, reza unida, seja a parte dela que ainda está aqui (a Igreja padecente), seja a parte dela que já está no paraíso (a Igreja triunfante).


5- “Agora e na hora de nossa morte”. Maria está sempre presente em nossa vida, se quisermos, e até na hora de morrer. Jesus teve a presença dela na cruz, quando morria, em João 19,26-27, hora em que ele nos deu Maria como mãe, ao dizer a São João: “Eis aí tua mãe” e a Maria: “Eis aí o teu filho”.Deus não faz acepção de pessoas. Se deu a João Maria como mãe, também a dá a nós. Quem pede a proteção de Maria, sobretudo rezando o rosário, tem sua proteção na certa na hora da morte.


Dizem os santos escritores que Maria deu o seu “sim” a Deus não apenas na hora da anunciação do anjo, mas durante toda a sua vida, com sua consagração a Deus e ao seu Reino. Veja mais sobre Maria, a seguir:


A VIRGEM MARIA



IMACULADA CONCEIÇÃO: é o fato de Maria ter sido concebida sem o pecado original. Nós recebemos essa graça no nosso Batismo. Maria a recebeu em sua concepção. Em Lourdes ela revelou a Santa Bernardete que ela realmente foi concebida sem o pecado original.


ASSUNTA AO CÉU: Maria foi assunta, foi levada ao céu de corpo e alma após sua morte. Essa sua assunção é a antecipação da ressurreição de todos nós. Na Bíblia há apenas a assunção de Henoc e de Elias (veja em Gênesis 5,22-24; Hb 11,5; 2ª Reis 2,11), mas provavelmente isso não aconteceu. O autor sagrado simplesmente anotou tradições orais encontradas na época, que por sua vez, visavam proteger os restos mortais desses dois profetas.


MARIA NÃO TEVE OUTROS FILHOS: Jesus é o único Filho de Maria. Ela foi virgem a vida toda. Jesus era seu filho único. A maior prova disso está em João 19,25-27, em que Jesus pede que João (Apóstolo) tome conta de sua mãe e diz para Maria que fosse morar com ele. Ora, se Maria tivesse outros filhos, Jesus não teria nenhuma necessidade de pedir isso a João, pois haveria seus irmãos para dela cuidarem. Todos eram obrigados a seguir essa norma: A viúva tinha que morar e ser atendida pelos filhos. Se Jesus era o único filho, então dá para entender por que ele deixou Maria aos cuidados do Apóstolo João: porque, sendo filho único, não havia nenhum irmão que o substituísse no cuidado da mãe. Essa norma pode ser vista em 1ª Timóteo 5,4; Deuteronômio 5,16 e Mateus 15,4.


Os chamados “irmãos” de Jesus são, na verdade, seus primos e parentes próximos. Em Mateus 10,2-3, por exemplo, vemos que existem dois Tiagos, um deles chamado “irmão do Senhor” (Gálatas 1,19). Ora, um deles era filho de Alfeu e o outro, de Zebedeu (confira na citação àcima de Mateus). Nenhum dos dois era filho de José!


Há outros exemplos de como os primos e até sobrinhos eram chamados de irmãos, como em Gênesis 11,31 e cap. 13,8 (combinar os dois textos), em que Abraão chama o filho de Lot, seu sobrinho, de “irmão”. Em algumas bíblias mais modernas, mudaram o nome “irmão” para “parente”; no original, entretanto, está “irmão”. Na língua hebraica e aramaica não existe a palavra “primo”. Em grego, língua do novo testamento, existe, mas só foi usado uma vez, em Colossenses 4,10, “Anépsios”. Nas demais vezes, a palavra usada é “adelphos”, irmão.


OS TÍTULOS DE MARIA:- Quanto aos inúmeros títulos de Maria, é costume chamá-la por vários nomes, títulos, pois é nossa mãe, já que Jesus, seu Filho, é nosso irmão. São muitos títulos, mas uma só Maria, a Mãe de Deus. Não são pessoas diferentes, como muitas pessoas pensam. Assim, quando chamamos N. Sra. Aparecida, N. Sra. de Lourdes, de Fátima, da Salete, de Guadalupe, da Conceição, das Graças, de Loreto, da Paz, Rosa Mística, da Ponte, Auxiliadora, Mãe dos Homens, do Rosário, da Consolata, do Monte Serrat, do Carmo, etc, estamos chamando a mesma e única Maria, nossa Mãe querida.


Maria, como não tem mancha alguma de pecado, reflete totalmente a maravilhosa graça de Deus, nesses seus inúmeros títulos: cada título de N. Sra. Corresponde a um aspecto dessa graça de Deus. Diz uma frase no Santuário Nacional de Aparecida: “Peça à Mãe que o Filho atende!”. Para ser devoto de Maria, temos de atender ao pedido que ela fez nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele (Jesus) disser”.

\Pergunto: Quantas Ave-marias há num rosário de quatro terços?

Quantas mais ou menos você reza por dia?

A SALVE – RAINHA - EXPLICAÇÃO


A Salve-Rainha foi escrita por um jovem religioso que permaneceu décadas paralisado num leito. É, por esse motivo, uma oração dolorida, de alguém que não quer desanimar em sua vida porque sabe que possui essa mãe tão terna e serena para nos socorrer.

1 - “Salve-Rainha, Mãe de Misericórdia” - Maria é rainha dos anjos, dos santos, e nossa querida mãe, sempre presente em nossa vida. Ela está sempre pronta para ajudar-nos, porque ama ternamente o ser humano.


2 - “Vida, doçura, esperança nossa, salve!” - Maria é como o mel, que torna doce o cálice mais amargo. Ela é a esperança de uma vida melhor, se nos deixarmos reeducar por ela.


3 - “A vós bradamos os degredados filhos de Eva” - Nós fomos banidos da felicidade eterna pelo pecado de Adão e Eva, mas fomos redimidos por Jesus, e temos Maria por mãe, que intercede por nós junto a seu Filho.


4 - “A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.” - Os sofrimentos desta vida nos leva a pedir o auxílio de Maria, que nos ajudará, como ajudou o casal das bodas de Caná: “Peça à Mãe, que o Filho atende”, frase colocada no Santuário Nacional de Aparecida.


5 - “Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do teu ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria!” - Pedimos a Maria que depois desta vida, tão marcada pelo sofrimento, possamos gozar para sempre as alegrias do céu. Quantas vezes as pessoas só pedem coisas materiais e se esquecem de pedir a perseverança no bem, pois a vida eterna é eterna, como diz o nome, e esta vida é apenas passageira. A vida é comparada a um desterro, ou seja, a um exílio, em que vamos ficar alguns anos (80, 90...). Não temos aqui morada permanente, diz a bíblia. Confiemos em Maria! Nós, quando vamos rezar ao Pai, falamos: “Pelo vosso Filho, Jesus Cristo...” Maria diz: “Pelo NOSSO Filho Jesus Cristo...”, o que faz toda a diferença.


– SALVE-RAINHA, MÃE DE MISERICÓRDIA, VIDA, DOÇURA E ESPERANÇA NOSSA, SALVE! A VÓS BRADAMOS OS DEGREDADOS FILHOS DE EVA. A VÓS SUSPIRAMOS, GEMENDO E CHORANDO NESTE VALE DE LÁGRIMAS. EIA POIS, ADVOGADA NOSSA, ESSES VOSSOS OLHOS MISERICORDIOSOS A NÓS VOLVEI, E DEPOIS DESTE DESTERRO, MOSTRAI-NOS JESUS, BENDITO FRUTO DE VOSSO VENTRE, Ó CLEMENTE, Ó PIEDOSA, Ó DOCE VIRGEM MARIA! ROGAI POR NÓS, SANTA MÃE DE DEUS, PARA QUE SEJAMOS DIGNOS DAS PROMESSAS DE CRISTO. AMÉM

Pergunto: Você acha a Salve-rainha muito pessimista?

Quantas vezes você a reza por dia?

Maria nos ajuda? Como ? Por quê?

O MISTÉRIO DO SOFRIMENTO



Deus quer que vivamos felizes, como diz João 10,10: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.” Entretanto, ele permite os sofrimentos para purificar- nos, a fim de transmitir-nos a sua santidade, como diz Hebreus 12, 10 e assim poder receber--nos no céu.
Ofereçamos todos os sofrimentos que não pudermos evitar em reparação dos nossos pecados e para nossa santificação. Diz Apocalipse 21,27: “Coisa alguma imunda entrará na Cidade Celeste”.

O tempo que passamos aqui na terra é muito pequeno, em vista da eternidade que viveremos no paraíso. Se suportarmos com amor e paciência os problemas que temos aqui, receberemos a vida eterna como recompensa. Por isso é que sofremos: porque, pecadores, precisamos nos purificar. Quem não tem pecado e assim mesmo sofre, é porque Deus vê sua bondade e docilidade e, permitindo o sofrimento, pode com isso salvar muitos outros que convivem com aquela pessoa. 

Jesus, Filho único do Pai, também sofreu muito para nos salvar. Se ele não nos libertou ainda dos nossos sofrimentos, só ele sabe o porquê, pois diz São Paulo em Efésios 3, 20: “Deus é poderoso para realizar por nós, em tudo, muito além, infinitamente além do que pedimos ou pensamos”. Cabe a nós confiarmos nele e aguardarmos a libertação com confiança e paciência. Não maldigamos a Deus e nem a ninguém. Ainda podemos ser felizes! 

Muitas vezes parece-nos que Deus é incapaz de impedir o mal, o sofrimento. Parece-nos que ele não está “nem aí” conosco. Não é verdade! Mesmo quando ele não interfere, ele está “torcendo” por nós, para que superemos com heroísmo e amor aquela fase triste de nossa vida.

Ele nos deixou livres em nossa ação. Quando não impede o mal, na verdade está preservando nossa liberdade. Ele não quer ser servido por “fantoches”, mas por pessoas conscientes, de livre e espontânea vontade. Se não nos tira daquela situação, dá-nos a força e as condições para vencermos. O próprio São Paulo Apóstolo não obteve a cura de um mal que sofria: “Pedi ao Senhor por três vezes que me livrasse desse espinho na carne, mas ele apenas me respondeu: 'A ti, basta-te a minha graça', porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.' ”(2Cor 12,8-9).

Em Hebreus 12,5-13, vemos todo um tratado de como Deus nos permite os sofrimentos como um meio de corrigir-nos e nos educarmos para a santidade. Ele nos permite os sofrimentos “para que possa nos infundir a sua santidade” (Hebreus 12,10). e Sabedoria 12,2: “ É por isso que corriges com carinho os que caem e os repreendes, lembrando-lhes seus pecados, para que se afastem do mal e creiam em ti, Senhor!” Também em Apocalipse 3,19: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te”. 

Geralmente Ele permite as provações, os sofrimentos, quando resolvemos seguir os caminhos de Jesus. As provações e dificuldades nos seguem e até nos oprimem. Precisamos pedir a proteção divina para vencermos tudo isso. Quem fala isso é o Eclesiástico 2,1-18: Somos provados em nossa fé, esperança e caridade como o “ouro é provado no cadinho” (v.5); “Confie no Senhor e Ele o ajudará; seja reto o seu caminho, espere no Senhor” (v.06). “Todos os que confiaram no Senhor não ficaram desiludidos” (v.10); “O Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva do perigo” (v 11); “Ai do pecador que anda por dois caminhos” (v.12); “Ai de vocês que perderam a paciência!” (v.14); “Cada um de nós se coloque nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como a sua grandeza”(v.18).

Deus é misericordioso porque é Todo-poderoso. Ele é onisciente e sabe do que precisamos. Por que então nos preocuparmos? Por que termos medo do futuro? Coloquemo-nos em suas mãos! (Mateus 5;6;7; MT 6,25-32). O versículo 5 do trecho àcima do Eclo 2, lembra que seremos provados como o ouro no cadinho. É muito bonita essa comparação se a entendermos: O ouro é um metal nobre e não faz liga com nenhum outro metal; apenas se mistura. No cadinho, sobre o fogo, ele se derrete e se desliga de todos os outros metais com os quais está misturado e sai, puro, do outro lado.

Pela provação, pelos sofrimentos, pelas contrariedades, somos purificados de todas as impurezas com as quais nos misturamos em nossa vida de pecadores, e iniciaremos uma nova vida de conversão puros, sem mistura alguma com o que desagrada a Deus, “para que Deus nos infunda a sua santidade” (Hebreus 12,10). 

Nunca duvidemos do poder, da sabedoria e da graça de Deus, e não tenhamos medo (como o Apocalipse inteiro nos mostra)! Joyce Mayer, pastora evangélica americana, diz que Jesus nos proibiu de termos medo, mas não de suarmos frio e tremermos. Jesus não teve medo, mas até suou sangue! 

Muitos sofrimentos que temos são grandes e parecem infindáveis. Às vezes nos dá a impressão que colocaram obstáculos, pedras, muros, desvios, barreiras em nosso caminho. Dizem Isaías 25,8 e Apocalipse 21,4|: “O Senhor enxugará toda lágrima de nossos olhos”.


Também diz Santa Faustina: “Ó tempo presente! Tu me pertences totalmente!” e Santa Teresinha: “Quero amar-vos, Senhor, só por hoje, nada mais!” Deixemos, então, nas mãos de Deus o nosso futuro e comecemos a “degustar” o tempo presente. Olhemos a Eucaristia, que é Jesus, nosso companheiro de caminhada, e a nuvem da provação passará!


São Paulo Apóstolo fala, em Filipenses 3,8-16: 

“Tudo considero como perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar Cristo”. (...) “Irmãos, (...) Esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo para o alvo, como prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus”(...) “ Entretanto, qualquer que seja o ponto a que chegamos, conservemos o rumo!”. 

A provação se faz necessária para forjarmos uma vida santa e fortalecermos a esperança, como nos diz Romanos 5,3-5: “(...) Nós nos gloriamos na tribulação(...) que produz a paciência(...) que produz a experiência(...) que produz a esperança(...) que não engana, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo, que nos foi dado”.

Quando estivermos em dificuldade, coloquemos tudo nas mãos de Deus, por Maria, nossa querida Mãe. Tudo se resolverá a seu tempo! Confiemos! Esta vida é muito curta, e assim também será o sofrimento. 

Pergunto: Você já ficou brabo(a) com Deus porque passou por alguma contrariedade?

Quando estamos em período de sofrimento, o que devemos fazer?

Acrescento a meditação belíssima do Pe. Fernando Cardoso: 


31 de janeiro de 2012 – comentário de Mc 5,21-43 

O Evangelista Marcos fala-nos hoje da cura de uma mulher que sofria de hemorragia constante e, a seguir, da ressurreição de Talita. Doença e morte são os grandes inimigos do ser humano e são também inimigos de Deus, o qual promete no Apocalipse - isto é, no final da História - enxugar toda lágrima de nossos olhos, banir para sempre de nossa presença o luto e a dor. Mas, presentemente, convivemos com essas duras realidades: a doença e a morte. Jesus curou alguns e ressuscitou outros, mas foram ações proféticas que, de certa maneira, apontam para o que Deus quer fazer não com três ou quatro pessoas escolhidas, mas para com todos, no futuro escatológico.

Jesus não veio a este mundo para substituir-Se aos médicos ou à medicina. Ele não veio ao mundo para curar todos os paralíticos, dar a vista aos cegos, fazer recobrar a audição aos surdos e ressuscitar os que morreram. Veio trazer-nos o que não nos podemos conceder: a vida de Deus. Vida que se inicia agora e que se consumará na eternidade. Nesse intermédio, vivamos entregues a Deus, com confiança e esperança ilimitadas. Durante esse tempo, temos que conviver com essas duras realidades: a doença e a morte biológica - porque ainda não foram banidas.

No entanto, a pessoa que se consagrou a Deus e vive sua consagração batismal, pode fazer tesouro até mesmo das dores e de outros tantos incômodos, sem excluir a morte. Pode e aprende, sobretudo, a oferecer-se a Deus nas horas tristes da vida, quando é visitada pela doença, atingida pelo luto ou quando recebe a notícia da aproximação da própria morte. Essas pessoas não se sentem abandonadas por Deus, ao contrário, sentem-se chamadas a cooperar com Ele de maneira muito mais frutuosa e fecunda, embora misteriosa para nós. Isso é o sofrimento livremente aceito, não por ser sofrimento, mas por fazer-nos crescer no amor e na doação. São muitas as pessoas que fazem de suas cadeiras de rodas, de seus leitos de hospital, de suas dores, um verdadeiro e fecundo apostolado.

Hoje, dirigir-lhes-ia as seguintes palavras: não se sintam abandonados por Deus, sintam-se privilegiados, pois possuem oportunidade de oferecer a Deus a própria dor, através da qual cresce a Igreja com sua fecundidade apostólica. Quantos de nós devemos nossa vida cristã a essas almas que, humilde e escondidamente, imolam-se em nosso favor!

Existem três maneiras de se vencer a morte: a primeira consiste em postergá-la; é o que comumente se faz com o avanço da medicina. A segunda é a que vem descrita no texto evangélico de hoje: trata-se de um ressuscitamento ou, se preferirmos, uma ressurreição para trás; certamente, Talita teve de morrer uma segunda vez. A terceira é a que damos o nome de ressurreição, quando se ressuscita para a frente ou para a escatologia. Essa foi a Ressurreição de Cristo: a que se torna objeto de nossa fé e maior esperança.

A MANSIDÃO




“Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra” (Mt 5,5).

Ser “manso” de coração não significa ser alienado, indiferente, mas sim, aprender a resolver todos os problemas e discrepâncias sem perder a calma, a confiança, na presença de Deus.
Mesmo se uma pessoa estiver certa, perde a razão se estiver irritada. “A melhor forma de ganhar uma discussão é ficar calada”, (Dizia uma irmã de uma congregação religiosa). “No dia seguinte, com mais calma, o problema se resolverá com maior facilidade”.

Gosto muito do trecho da poesia de Santa Teresa de Ávila que vocês já conhecem: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa. Deus nunca muda. A paciência tudo alcança. A quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta!”

Ser manso de coração significa também ouvir o outro com paciência, sem pressa,sem ficar olhando para o relógio. Se não puder ouvi-lo ali, combine com ele um horário e se disponha! 

Disse D. Valfredo Tepe, num de seus últimos livros antes dele morrer, “Antropologia Cristã”, que Gandhi escreveu no “Bhagavadgita” sobre a mansidão (cf. Pág. 292-293):-

“O que é um carma iogue? ( um seguidor dessa doutrina). É um piedoso, que não tem ciúmes de ninguém, 

que é uma fonte de misericórdia, 

que não é egoísta,

que é desinteressado,

que considera do mesmo modo o calor e o frio,

a felicidade e a miséria,

que perdoa,

que está sempre satisfeito,

cujas resoluções são firmes,

que consagrou seu pensamento e sua alma a Deus,

que não triunfa,

que não se aflige,

que não teme, 

que é puro,

que é hábil na ação mas fica insensível a esta ação,

que renuncia a todos os frutos bons e maus de suas atividades,

que trata do mesmo modo os seus amigos e os seus adversários,

que fica indiferente ao respeito e à irreverência,

que não se infla com o louvor, 

que não sucumbe quando se fala mal de sua pessoa,

que gosta do silêncio e da solidão,

que possui uma razão disciplinada!. 

Quanto a Jesus, D. Valfredo comenta (pág. 318): “Jesus humilhou-se e não se irritou com as deficiências da existência humana. Tampouco deixou-se provocar para a irritação pelos homens ou pelos acontecimentos, Por sua vida mostrou o que proclamou no sermão da montanha: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” Mt 5,5)(como também disse; “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. (Mt 11,29)”

(Pág 319) “Jesus quer-nos ensinar que não precisamos ser petecas de nossa tendências agressivas numa espiral interminável de violências: afrontas-revides; agressão-violência”(...) “A ternura é a grande aliada do espírito para frear a agressividade reativa” (...) “Cultivar a ternura é estar espiritualmente de alerta contra possíveis irritações” (...) “ E se cultivo a ternura, amo também o próximo; pois minha não-reação, contrariando a sua expectativa de uma briga, o deixa perplexo e o leva a se desarmar, por sua parte. Quando um não quer, dois não brigam, diz o povo”. 

(pág. 323). Entretanto, “Mansidão não é fraqueza, pachorra, timidez, mas é firmeza, não -violenta, que sofre, talvez longamente, mas afinal consegue desarmar o inimigo, libertando-se da opressão e libertando também a ele da escravidão ao paradigma da violência reativa”.

Enfim é manso de coração quem tem humildade para confiar a Deus seu futuro, arrepender-se dos pecados feitos no passado e viver com serenidade e alegria o seu Hoje.

Quanto ao viver o dia de HOJE, Santa Faustina Kowalska, juntamente com tantos outros santos, procuraram viver o tempo presente, o hoje, deixando nas mãos de Deus o futuro; confiar em seu perdão pelos pecados do passado e largar-se em suas mãos para viver plenamente o dia de hoje. “O futuro, a Deus pertence; o passado, confiamos à sua misericórdia. Só nos resta o tempo presente. Este, sim, nos pertence plenamente”. 

Só vive bem e intensamente o tempo presente, o dia de Hoje, quem se abandonar à Divina Providência e nada temer, porque sabe que Deus nunca irá permitir que alguma atitude errônea nos prejudique: se nos ligarmos a Ele, Ele não nos abandonará, nada nos faltará, nem o que é necessário, para vivermos: “Nada me faltará se me conduzires” (Salmo 23).

A VIDA DE NAZARÉ





(usei alguns dados do site Dei Verbum de Porto Feliz e de um livrinho do Frei Carlos Mesters).

A VIDA DE NAZARÉ E A CONVERSÃO DE DEUS À CONDIÇÃO HUMANA.

De Nazaré pode sair algo de bom?”(Jo 1,46).
Natanael, que fez esta pergunta aos primeiros discípulos de Jesus, tinha suas razões para duvidar. Lucas precisa dizer a região em que fica Nazaré, pois seus leitores, sobretudo os de fora da Palestina, não saberiam onde fica Nazaré, de tão pequena e sem importância no grande mundo do Império Romano.

ELE CRESCIA

Depois de cumpridos os mandamentos a respeito dos nascidos, Lucas afirma uma vez de João e duas vezes de Jesus que eles cresciam, ficavam fortes, com sabedoria, graça e espírito. João no deserto e Jesus em sua pequena e quase desconhecida cidadezinha de Nazaré. Enquanto o ambiente de João lembra os grandes momentos de Israel no deserto, Jesus, que seria o maior, crescia numa condição mais comum.

O desígnio de Deus passa pelo mergulho no cotidiano da vida humana. Em Nazaré tudo devia ser muito simples, pois nem estava à beira do lago da Galileia e nem na planície que se estendia mais adiante aos seus pés, onde estava a rica cidade de Séforis, uma cidade que, estranhamente, não é mencionado nos evangelhos.

A vida social se daria em torno de um lugar de oração, com ao menos um rabino para ensinar os adolescente, e torno da única fonte até hoje existente.

Um pouco de agricultura e um pouco de animais, uma vida muito simples. O mistério de Deus passa por uma política e por uma economia muito marginais, por uma religiosidade simples e sincera. 

FILHO DE MARIA E “FILHO DA LEI”

Na Galácia, alguns judeus não conseguiam crer que alguém tão humilde, pudesse ser maior do que a Lei de Israel com toda a sua grande história . Mas Paulo insistiu:

Deus nos enviou seu próprio Filho, “nascido de uma mulher”, portanto muito humano, e submetido às leis humanas, solidário com tudo o que é humano (Cf.Gl 4,4). Lucas faz um teste, abrindo, com muito pudor, uma janela para examinarmos o crescimento de Jesus: uma vez completado doze anos, todo judeu deve realizar o ritual de iniciação que ainda hoje se chama “Bar Mitzwáh”,ou seja, ele deve tornar-se “ Filho da Lei. Isso significa ler as Escrituras em público, na Sinagoga, participar do círculo dos mestres na lechiváh, a escola rabínica, e, naquele tempo, devia começar a acompanhar os adultos na peregrinação anual à Cidade santa de Jerusalém e ao templo. 

Lucas nos atesta tudo isso a respeito de Jesus: ele esta no momento crucial do seu crescimento, está se tornando adulto. Assim, quando Jesus diz à sua mãe, que o guiou até os doze anos, que está cuidando das coisas “de seu Pai” no templo, entre mestres, ele está assumindo a Lei, pois é “filho” da Lei, e esta é, de agora em diante, o seu “pai”, a autoridade e o guia de sua vida. E Lucas cerra a janela com discrição, repetindo a frase: ele voltou a Nazaré, e continuava seu crescimento em idade, sabedoria e graça. “Em tudo igual a nós – consubstancial a nós segundo a humanidade”, diria em 431 o concílio de Éfeso.

Jesus nasceu em Belém, na Judeia do Sul (Mt 2,1) e foi criado no interior, nessa cidade de Nazaré, na Galileia, no Norte (Lucas 4,16). Falava o aramaico com sotaque de judeu da Galileia. Para os samaritanos era judeus (Jo 4,9) e para os judeus da Judeia era galileu (tudo isso está no livrinho do Frei Carlos Mesters).

Era de família não sacerdotal, ao contrário de João Batista (Zacarias , Lc 1,5). Nasceu leigo, pobre, sem nenhuma proteção financeira. Como já dissemos no capítulo anterior, José provavelmente era migrante provindo de Belém, talvez para tentar uma vida mais digna.

Jesus aprendeu o que sabia em casa, com a mãe, e na sinagoga. Essas coisas a gente vê na bíblia, por exemplo, em Lucas 2,4 (migrante), Atos 22,3 (Jesus não estudou como Paulo), Mt 13,55 e Mc 6,3 (os filhos seguiam a profissão do pai.

18 bênçãos (manhã, tarde, noite);

Shemá (3 benditos e 3 leituras ), manhã e noite, sendo:

1 bendito ao Deus Criador,

1 ao Deus Revelador,

3 leituras:Dt 6,4-9 (receber o reino); Dt 11,13-21 (receber a Lei de Deus); Números 15,37-41 (receber a consagração),

1 bendito ao Deus Salvador que liberta o povo.

TUDO MISTURADO COM SALMOS.

Jesus tinha muita intimidade com Deus, seu Pai. Rezava muito, passando noites em oração, como vemos em Lucas 6,12. Nas orações procurava sempre saber o que o Pai queria dele, como em Mateus 26,39. Todos os sábados ia com os pais à Sinagoga (livro citado do Frei Carlos Mesters).

Nos trinta anos que viveu com os pais, em Nazaré, procurou vislumbrar, em seu horizonte, o que faria, qual seria sua missão. Não lhe faltaram muitas tentações, mesmo nesse tempo de Nazaré, como depois, na vida pública, em que foi tentado não apenas pelo demônio, mas também pelas pessoas, que sugeriam-lhe um desvio de sua vocação.

O Frei Carlos Mesters faz um pequeno elenco dessas tentações:

Pedro: tentação de ser um Messias glorioso- veja Mateus 16,22; Marcos 8,33;

Seus pais – veja Lucas 2,48; Lucas 2,49.

Seus parentes, que queriam levá-lo para casa. Veja Marcos 3,21 e 3,33;

Os apóstolos gostaram do afluxo do povo. Veja em Marcos 1,38;

João Batista queria um juiz severo. Veja em Lucas 3,9. Mateus 3,7-12; Mateus 11,3. Jesus mandou João conferir as profecias e confrontá-las com a realidade dos fatos. Veja em ateus 11,4-5; Isaías 29,18-19; Isaías 35,3-5; Isaías 61,1;

O assédio dos fariseus. Veja em Lucas 13,31.32

O povo o queria rei-messias, poderoso. Veja em João 6,15. Jesus se retirou.

O demônio o tentou pedindo que ele fosse o novo Moisés, para alimentar o povo (Mateus 4,3), um Messias que se manifesta (Mateus 4,5-6; João 7,27), um Messias nacionalista que conquistaria o mundo (Mateus4,9). Jesus reage. Veja em Mateus 4,4.7.10.

No Horto das Oliveiras, pede ao Pai que o livre do cálice, mas logo pede que se faça a sua vontade. Veja em Marcos 14,36.

Na prisão, tem a tentação de ser um Messias guerreiro, quando Pedro corta a orelha do outro. Veja em Lucas22,53 e Mateus 26,52.

Todos nós podemos viver a Vida de Nazaré vivida por Jesus, mesmo sendo missionários e pessoas ativas na comunidade. Há muitas horas de descanso e de intervalo em nossas atividades, que podemos muito bem usá-las para uma vida tranquila, de contemplação. Como vimos acima, a vida que Jesus levou em Nazaré não foi assim tão tranquila. Houve muitos momentos de violência externa, que ele e sua família teve de ver e assistir sem poder fazer muita coisa. Jesus veio para ser cem por cento homem e cem por cento Deus, mas não podia usar em benefício próprio sua divindade. Ele veio justamente para nos ensinar e nos mostrar que é possível ser uma pessoa santa, mesmo com os afazeres diários.

O problema sério, principalmente de hoje em dia, é que nós nos apegamos aos nossos trabalhos como se fossem nossa tábua de salvação, e acabamos muitas vezes nos afastando da fonte de tudo, que é Deus.

Diz o salmo 126 (127), que não adianta nada trabalhar sem Deus. É trabalho perdido, jogado fora. Vejo tantas pessoas se matando simplesmente por causa do dinheiro, e ainda mais, que não é do próprio sustento, mas para coisas supérfluas que muito bem poderiam ser deixadas de lado.

O cardeal Van Thuan, bispo do Vietnam fazia apenas alguns meses, foi preso porque era católico. Ficou 13 anos preso, sendo 9 de solitária. Quando chegou à prisão, ficou angustiado, pois tinha deixado muito trabalho apostólico. No fim de alguns dias, após muita oração descobriu que ele não havia escolhido, em sua vida, as obras de Deus, mas o próprio Deus, que se manifesta em qualquer lugar.

Dizia Santa Teresinha do Menino Jesus que “A alegria não está nos objetos, mas no mais íntimo do coração; podemos sempre senti-la, tanto no mais rico palácio, como na mais triste prisão”. E é a mais pura verdade. Jesus foi Deus-homem verdadeiro em todos os lugares, seja em Nazaré, como na vida de pregação como na morte. Fosse qual fosse a situação, ele não deixava sua intimidade com o Pai.

Jesus deveria ser a cara de sua mãe. Deveria ser muito parecido com ela, pois sua carne veio só de Maria. Nossa mãe do céu, que tão bem soube ensinar e educar Jesus, pode também nos educar, nos ensinar, nos orientar no caminho de nossa vocação, seja ela qual seja.

Entretanto, fica aqui um lembrete para que não deixemos a oração, a intimidade com Deus, e Jesus nos deu o exemplo, quando ficava noites inteiras rezando. Nosso sucesso na vida espiritual vai depender não tanto de nossas ações, mas de nossas orações e de nossa confiança na Providência Divina, como fizeram Jesus, Maria e José.

VIVAMOS COMO EM NAZARÉ

Para sentirmos a presença de Deus em nossa vida, para vivermos como Jesus viveu por trinta anos em Nazaré, ou seja, uma vida de oração, contemplação e trabalho, façamos diariamente a Consagração e rezemos pelo menos durante duas horas diariamente e, naturalmente, façamos tudo para conservar-nos num caminho de santidade, na caridade e evitando os pecados.

Todos nós temos nossos pecados, mas precisamos confiar plenamente na Misericórdia divina. Isso implica, é claro, mudarmos nossas vidas de tal forma que tudo o que fizermos agrade a Deus. 

Um acontecimento inesperado de sofrimento pode ocorrer em nossa vida. Aproveitemos esse acontecimento para nos purificar, para tomarmos a resolução sincera e corajosa de recomeçar a nossa vida abandonando tudo o que não agradar a Deus. É difícil e, às vezes, até impossível, sem a ajuda de Deus. 

Com a oração estaremos nos colocando sob a proteção divina, sentiremos sua presença e estaremos sempre felizes, aconteça o que acontecer à nossa vida. Nós seremos as pessoas mais felizes do mundo, apesar de todos os problemas. 

Gosto muito do trecho em que São Paulo Apóstolo fala: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que O haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que ficaram para trás, e avançando para que estão diante de mim, prossigo em direção à meta, para conquistar o prêmio que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus”(Filipenses 3,13-14).




As lições de Nazaré (Do Papa Paulo VI, homilia da Sagrada Família)

Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho.

Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo.

Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem um sentido.

Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo.

Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré! Como gostaríamos, junto a Maria, de recomeçar a adquirir a verdadeira ciência e a elevada sabedoria das verdades divinas.

Mas estamos apenas de passagem. Temos de abandonar este desejo de continuar aqui o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase furtivamente algumas breves lições de Nazaré.

Primeiro, uma lição de silêncio. Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito; em nós, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna barulhenta e hipersensibilizada. O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor das preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo.

Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social.

Uma lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “filho do carpinteiro”! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui, restabelecer a consciência da nobreza do trabalho; aqui, lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim. Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão, o profeta de todas as causas justas, o Cristo nosso Senhor.

A INTERCESSÃO DOS SANTOS E DE MARIA


A intercessão pode ser vista na bíblia toda, no que se refere a pessoas intercedendo por outras. Veja por exemplo Gênesis 18,17-33 (Abraão intercede por Sodoma e Gomorra); João 17 (Jesus intercede por todos os que viviam e que viveriam no futuro); Isaías 53,10 a 12, (um dos cantos do servo de Javé, em que ele intercede por todos.).

O raciocínio é o seguinte: Se eu posso rezar, interceder por você agora, em que ambos somos pecadores, por que eu não poderia continuar a rezar por você se eu morresse e fosse para o céu? Os santos evitaram o pecado e viveram santamente. Maria, Mãe de Deus, Imaculada, Sempre Virgem, por que não poderia rezar conosco, pedindo a proteção de Deus para nós? Quer dizer que eu posso rezar por e com você, mas Maria não pode? São Benedito não pode?

Eu já disse, acima, que Jesus não mente nunca. E ele nos contou a história do Lázaro, pobre, e do rico pão duro, em Lucas 16, 19-31. Ambos morreram e o rico pediu a intercessão de Abraão para que seus irmãos fossem avisados, e até pediu que Lázaro ressuscitasse e fosse lá convencer seus irmãos. Disse e repito: se não fosse desse modo, Jesus nunca teria contado essa história.


Quando pedimos a intercessão de Maria ou de alguma pessoa que viveu em santidade, na verdade estamos pedindo que ela reze conosco, a fim de que Jesus interceda por nós ao Pai e recebamos aquela graça. Nós acreditamos, como os outros cristãos, que Jesus é o nosso único intercessor junto ao Pai.

Os anjos também intercedem por nós, como podemos ver em Mateus 18,10; Jó 5,1; cap. 33,23-24; Salmo 91,11-13; Apocalipse 8,3; Zacarias 1,12 (o anjo intercede por Jerusalém). Não há como negar esses textos todos! A Igreja é unida, reza unida, seja a parte dela que ainda está aqui (a Igreja padecente), seja a parte dela que já está no paraíso (a Igreja triunfante).


Quanto aos anjos da guarda, podemos ler Mateus 18, 10; Atos 12,15 (o anjo da guarda de Pedro); Gênesis 24,40 (“O Senhor enviará a ti o seu anjo e dará feliz êxito à tua viagem). Gênesis 48,16; Êxodo 23,20-21 : “Vou enviar um anjo adiante de você para protegê-lo no caminho e para conduzir você ao lugar que lhe preparei. Esteja de sobreaviso em sua presença, e ouça o que ele lhe disser. Não lhe resista, pois ele não lhe perdoaria sua falta, porque meu nome está nele”. Eles intercedem por nós e nos protegem em nossa caminhada nesta terra, se pedirmos isso a eles. Não podem interferir em nossa vida sem o nosso consentimento e são muito sábios e inteligentes. 


Dos Sermões de São Bernardo, abade sobre os santos, no dia 01 de novembro, dia de Todos os Santos. Se quiser ver outros textos, tiramos este do site da Liturgia das Horas, que você encontra na nossa lista de blogs, ao lado direito da página.

(Sermo2: Opera omnia, Edit.Cisterc. 5[1968],364-368) - (Séc.XII)

Apresemo-nos ao encontro dos irmãos que nos esperam

Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica? De que lhes servem nossos elogios? Os santos não precisam de nossas homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente.

Em primeiro lugar, o desejo que sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem- aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos profetas, ao senado dos apóstolos, ao numeroso exército dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os santos e com todos nos alegrarmos.

 A assembléia dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos.





Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes.


Tenhamos gosto pelas coisas do alto. Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao


encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam.


Seja-nos um incentivo não só a companhia dos santos, mas também a sua felicidade.


Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é


má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles.






O segundo desejo que brota em nós pela comemoração dos santos consiste em que Cristo, nossa


vida, tal como a eles, também apareça a nós e nós juntamente com ele apareçamos na glória.


Enquanto isto não sucede, nossa Cabeça não como é, mas como se fez por nós, se nos


apresenta. Isto é, não coroada de glória, mas com os espinhos de nossos pecados. É uma


vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos. Por enquanto a


púrpura não lhe é sinal de honra, mas de zombaria. Será sinal de honra quando Cristo vier e não


mais se proclamará sua morte, e saberemos que nós estamos mortos com ele, e com ele


escondida nossa vida. Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela refulgirão os membros


glorificados, quando transformar nosso corpo humilhado, configurando-o à glória da Cabeça,


que é ele mesmo.






Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito esperá-la


e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos


santos. Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua


intercessão.







INFORMAÇÃO SOBRE O BLOG

No celular, para ver os índices, clique na palavra "Mover Para". No PC os índices estão na coluna ao lado Nas páginas, clique em  ...