SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA

Dom Júlio Endi Akamine, dd. Arcebispo de Sorocaba SP



Tomemos consciência do que temos nas mãos. Temos nas mãos a bíblia.
Ela é a fonte que sacia nossa sede infinita de Deus. Dela bebemos sem esgotá-la e podemos voltar a ela todos os dias com alegria, sabendo que sua torrente não seca. Como fonte perene, sempre deixaremos mais do que podemos tomar: “A minha alma tem sede de vós, a minha carne vos deseja mais do que a terra sedenta e sem água”. 

Temos nas mãos os livros sagrados. Eles são floresta de biodiversidade infinita, de significados e de densidade de sentidos. Como numa selva obscura, nela não adentramos sozinhos: contamos sempre com a orientação milenar da Mãe Igreja que a tem meditado, estudado, vivido, testemunhado até o sangue. 

Ensinai-me a viver vossos preceitos! Quero guardá-los até o fim! 

Temos nas mãos a escritura. Com a sagrada tradição, ela é um rio que tem sua nascente em Deus, e nele desemboca. 

Esse rio caudaloso é formado pela vida de inumeráveis gerações que ouviram a palavra de Deus, gravaram-na no coração, viveram-na com alegria, e a transmitiram com o próprio testemunho. “Transborda em toda a terra o vosso amor, ensinai-me, ó Senhor, a vossa vontade”! 

Temos nas mãos o juízo de Deus. Como espada que penetra fundo na alma, separando articulações e nervos, a escritura julga nossas atitudes e faz a separação entre o pecado e a graça, entre o bem e o mal. 

Ela tira as máscaras, desnuda as aparências. Provocando uma salutar e purificadora dor, a escritura provoca a crise, ameaça, adverte com a perdição, corrige com misericórdia e com firmeza: “Mostrais assim como sois justo na sentença e quanto é reto o julgamento que fazeis”. 

Temos nas mãos as palavras que contêm A palavra. Por isso, estamos diante do oceano profundíssimo, no qual a inteligência não fica bloqueada, mas no qual ela pode imergir com trepidação e assombro. 

Como o oceano profundíssimo e vasto, as palavras preenchem a razão humana e a superam com suas imensas riquezas. 

Tão impossível como sorver o oceano inteiro, assim também é a imensidão dos mistérios presentes nestas palavras. “Como anseio pelo vosso mandamento”! 

Temos nas mãos o Antigo e o Novo Testamentos. Contendo coisas novas e antigas, os dois testamentos formam uma unidade incindível, que não se pode separar. O Novo Testamento está oculto e prefigurado no Antigo, e o Antigo Testamento se torna claro e patente no Novo. 

“Vossa palavra é minha herança para sempre porque ela é que me alegra o coração”. 

Temos nas mãos as leituras proclamadas na liturgia. Elas são mesa abastecida com generosidade pelo divino hóspede, que depois de bater e entrar pela porta, por nós aberta, serve o Pão da vida eterna, que é ele próprio. Nutridos e robustecidos por ele, podemos ainda nos deleitar com sua doçura e delícia: “Como é doce ao paladar vossa palavra! Ela é muito mais doce do que o mel na minha boca”. 

Temos nas mãos um tesouro. Cabe a nós recebê-lo com gratidão e com alegria partilhá-lo. 

Receba de Deus, receba da palavra de Deus a bênção do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, Amém! 

Dom Júlio Endi Akamine,
Dd. Arcebispo de Sorocaba SP. 




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