OCUPANDO TRÊS LUGARES

A foto é apenas ilustrativa e não corresponde à igreja do texto


20/10/2018 


Eu acabara de entrar na capela do mosteiro de minha cidade. Não cabe muita gente.
Estava lotada. Eu meditara, em casa, antes de sair, um dos textos em que Jesus fala contra a hipocrisia dos fariseus e doutores do templo, quando pareciam ser piedosos, mas se esqueciam da misericórdia e do amor ao próximo. 

Aí eu vi um exemplo dessa hipocrisia: um jovem de uns 25 anos ocupava três lugares no único banco vazio: um lugar para seu corpo, um para seu capacete de motoqueiro, outro para a mochila. E ficou assim a missa toda. Nenhum dos que estavam em pé tiveram coragem de pedir-lhe que colocasse a mochila e o capacete diante dele, pois como era o último banco e estava ali por causa da reforma da igreja, era mais afastado do banco da frente que os demais. 

Era impressionante a devoção com que esse rapaz rezava. Entretanto, nossa oração só será ouvida por Deus se for baseada no amor ao próximo, na gentileza, na caridade. O que dá força e “poder” à oração não são as palavras fortes, mas o modo como a gente vive a vida. Jesus disse aos apóstolos noutra ocasião: “Até agora não pedistes nada”. Mas eles sempre pediam tantas coisas! Mas talvez não pedissem do modo correto. 

Os santos sabiam o modo correto de pedir: Sua vida de oração foi fecunda e promissora porque estava baseada numa vida de caridade, de amor ao próximo. Não tem sentido eu orar pisando os outros ou me desligando dos sofrimentos e das necessidades alheias. Nossa oração deve ser baseada numa vida de preocupação pelo bem estar alheio. Aí, qualquer oração que você fizer a Deus será uma “oração poderosa”. 

O mesmo digo em relação a outros pecados e falhas que cometemos em nosso dia a dia, que atrapalhem muito a oração. Quer um exemplo: pegar os melhores pedaços de mistura, no almoço, e deixar os outros sem nada ou com menos. Ao abrir uma melancia para ser comida em comum, pegar a parte carnuda e deixar a casca para os outros. Por que às vezes achamos que temos mais direitos do que os demais? 

Publiquei um artigo da Gaudium Pres em que o papa fala dos “demônios educados”. Pois esse costume de não atentarmos para o bem estar dos outros é obra desses demônios educados. Parece que não há nada de errado, mas estamos fazendo uma tremenda falta de caridade. E depois não sabemos por que nossa oração não foi atendida... 

Era impressionante o fervor daquele rapaz que ocupava três lugares numa igreja lotada e com gente em pé. Mas... será que sua oração era agradável a Deus? Jesus fala aos doutores do templo que, para serem purificados, não adianta lavar as mãos. É preciso dar esmolas! (Lucas 11, 41).

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