SANTA CATARINA DE SENA

31/07/2017

A DOUTORA ANALFABETA

Santa Catarina de Sena viveu entre 1347 a 1380. Era analfabeta mas mesmo assim escreveu, ou melhor, ditou para que seus ajudantes escrevessem, 382 cartas
a papas, cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes, monges e monjas, religiosos e religiosas, reis e rainhas, governantes, senadores, magistrados, embaixadores, comandantes militares, médicos, juízes, advogados, tabeliães, estudiosos, artistas, familiares, esposos, viúvas, encarcerados, prostitutas e leigos em geral. Escreveu (ditou) vários outros livros, entre os quais “O diálogo”, “A vida”, “As orações”. 



Pela profundidade de seu ensinamento, sua visão teológica, visão espiritual, sabedoria admirada por teólogos, padres, bispos e até pelos papas que a conheceram, foi declarada Doutora da Igreja por Paulo VI em 1970. Ela conseguiu fazer com que o verdadeiro papa, Urbano VI (havia um antipapa), que estava exilado em Avinhão, na França, retornasse a Roma e reocupasse o lugar de São Pedro. Não era freira: simples leiga da ordem terceira dominicana. Viveu numa edícula nos fundos da casa paterna, mas de vez em quando passava tempos fora de casa, em suas andanças apostólicas. Teve os sagrados estigmas (as marcas das cinco chagas) de Cristo no corpo, mas pediu que ficassem invisíveis e Deus a atendeu. Só apareceram no instante após sua morte, a 29 de abril de 1380, de derrame. Acredito que sua sabedoria e conhecimento tão profundo da teologia provém de Deus, que mantinha diálogo frente a frente com ela, como narra o livro “O Diálogo”, que temos resumido em nosso blog.



Contam-se coisas maravilhosas acontecidas com ela, impossíveis a um ser humano, em seu relacionamento com Jesus. Ela é padroeira da Itália e co-padroeira da Europa. Vestia o hábito das Irmãs da Penitência de São Domingos, da Ordem Terceira.



"Faz certa impressão – escreve São Karol Wojtyla proclamando-a co-padroeira da Europa – o tom livre, vigoroso, agudo com o qual ela adverte sacerdotes, bispos e cardeais." E também ao Pontífice (Urbano VI), a quem define "doce Cristo na terra", pede que, sem mais tardar e sem hesitações, deixe Avinhão e volte para Roma, junto ao túmulo de Pedro. Com Santa Catarina nós aprendemos a amar Jesus Cristo e sua Igreja, disse Bento XVI numa audiência.

SANTA CATARINA DE SENA E A ORAÇÃO

Na carta número 353 (são 382 cartas as que ela escreveu) ela fala sobre a oração, com que se consegue o desejo de possuir a Deus, um desejo íntimo da alma que atrai Deus e faz da alma uma só coisa com ele. A alma como que se separa do corpo e saboreia a essência divina. É o que ocorria com a santa. Aí a alma vai vencer as tentações e vai conseguir dominar-se plenamente. 

A oração, segundo a santa, pode ser de três formas: 

1- A oração contínua, que consiste no desejo santo, por meio do qual continuamos rezando durante as atividades. Esse desejo santo eleva até Deus todas as nossas ações espirituais e corporais, como atos de louvor. É, portanto, uma oração contínua, como dizia S. Paulo em 1 Tessalonicenses 5,17: “Orai sem cessar”.

2- A oração vocal, com a boca, quando recitamos a liturgia das horas, ou o rosário, ou outras preces. A oração vocal, na verdade, é própria para se chegar à terceira maneira de rezar, chamada oração mental

3- Oração mental- Chegamos a ela quando, com prudência e humildade, exercitamos a mente na oração, ou seja, ao pronunciarmos as palavras com a boca, se nosso coração não estiver longe de Deus. Quando estivermos rezando a oração vocal e sentirmos que a mente está começando a ser visitada por Deus, ou seja, está sendo atraída a pensar no Criador, precisamos, nesse momento, deixar a oração vocal e permanecer naquele ponto em que percebemos que Deus está presente. Quando nós percebermos que cessou a visita divina, se estivermos com tempo, podemos retomar a oração vocal, de maneira que nossa mente sempre esteja repleta de Deus, nunca esteja vazia. 

Se vier à nossa mente pensamentos confusos, como o de que nossa oração não está sendo agradando a Deus, pode ser tentação do demônio. Não devemos desistir da oração nem nesse caso. Continuemos firmes, pois o demônio quer é nos afastar da oração. Deus quer que a alma, nessa luta, reconheça o próprio nada. 

Continua a santa: “No esforço da boa vontade, a pessoa verá que Deus é bom. Somente ele é o doador e o conservador de todas as boas e santas decisões. Compreenderá que Deus as dá a quem ele quer”.

SANTA CATARINA DE SENA E O SOFRIMENTO

Na carta número 299, a Ristoro Canigiani, ela tenta consolá-lo porque teve a casa incendiada numa revolta partidária. Ele era Advogado e perdeu os direitos de ocupar cargos públicos simplesmente por ser amigo da santa. Na metade da carta, ela lhe fala sobre o sofrimento.

- precisamos ter paciência, ou porque o sofrimento é pequeno, ou porque o prêmio é grande, ou porque amamos a Deus, que nos permite que soframos . 

- “O tempo passado, não tendes mais. O tempo que está para vir, não tendes certeza de vivê-lo. Somente resta o instante presente. Nada mais. O sofrimento passado não volta”.

- Já o prêmio é eterno, como diz Rom. 8, 18: “Os sofrimentos desta vida não se comparam com a glória futura” 

- Deus nos permite os sofrimentos para nossa purificação e santificação, para exercitarmos nossa paciência, que nos revela se amamos ou não a Deus, se possuímos ou não a graça. “A paciência é um sinal claro de que amamos a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos”.

SANTA CATARINA DE SENA E OS MAUS CRISTÃOS

Santa Catarina de Sena escreveu esta carta em março de 1377 ao papa Gregório XI. E você ainda diz que os dias de hoje estão maus!

"Até parece que o demônio está governando o mundo pessoalmente. O demônio nada pode, mas nós o autorizamos. Para qualquer lado me volte, só vejo que cada pessoa usa seu livre-arbítrio com vontade pervertida. Leigos, religiosos e clérigos, cheios de soberba correm atrás de prazeres, altas posições sociais, riqueza material, impureza e miséria". 

"Mas acima de todos esses males, eu vejo que é abominável a Deus o fato de que as flores plantadas no jardim da Igreja, que deveriam ser rosas perfumadas e espelhos de virtude, zelosos promotores da glória divina e da salvação das almas, emitem o mau cheiro do pecado, são egoístas, unem seus defeitos aos dos outros, sobretudo na perseguição à esposa de Cristo e à vossa santidade. Ai de mim, caímos no exílio da morte, entramos na guerra contra Deus".

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